Dia de todos os santos

Em vida, os santos tinham intercessores no Céu

A Igreja comemora a solenidade de Todos os santos no dia primeiro de novembro. Os homens e as mulheres que a igreja Católica chama de “santos” são milhares, mais de vinte e cinco mil, como afirma René Fullop Muller, no prefácio de seu livro “Os santos que abalaram o mundo” (Ed. José Olympo, RJ, 1968, pg. XXVII). São de todas as condições de vida, raças, cores, culturas, países etc. Porém, uma coisa é comum a todos: eles foram heroicamente bons; basta analisar a vida deles.

A origem da festa de “Todos os santos” remonta ao século IV. Em Antioquia, na Síria, celebrava-se uma festa por todos os mártires, no primeiro domingo, depois de Pentecostes. A celebração foi introduzida em Roma, na mesma data, no século VI, e, cem anos após, foi fixada no dia 13 de maio, pelo Papa Bonifácio IV (608-615), junto com o dia da dedicação do “Panteon” dos deuses romanos a Nossa Senhora e a todos os mártires. O monumento pagão assumiu o nome cristão de Santa Maria dos Mártires.

Naquele dia, durante a missa, fazia-se uma chuva de rosas vermelhas. No ano de 835, essa celebração foi transferida pelo Papa Gregório IV (827-844) para 1º de novembro; uma grande multidão de peregrinos acorriam à Roma nesta festa.

 

Foto: Luciana Oliveira/ cancaonova.com

Os santos vivem segundo a Igreja

O santo é aquele que vive segundo a vontade de Deus, obedecendo às suas Leis e vivendo segundo a Igreja nos ensina. Ser santo é rejeitar a todo instante o pecado; tudo o que contraria a Deus. Um dia, o Papa João Paulo II disse que “a Igreja existe para nos levar à santidade”; isto acontece pela oração, pela penitência, pela meditação da Palavra de Deus, pela vida austera e simples, pela caridade, pelo trabalho honesto e bem realizado, pelo amor à família, por uma vida sacramental autêntica.

Eles souberam viver todas as virtudes; pouco a pouco foram, com o auxílio da graça de Deus, galgando os graus da perfeição. Santo Agostinho dizia: “se tantos conseguiram, eu também conseguirei”. A Liturgia da Igreja reza que: “Os santos intercedem por nós sem cessar”. Que bom saber disso; eles continuamente oferecem a Deus seus méritos conquistados aqui, na terra, e as suas preces por nós.

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A Tradição da Igreja está repleta de confirmações sobre a realidade da intercessão dos santos. O Concílio de Trento (1545-1563), em sua 25ª Sessão, confirmou que: “Os santos que reinam agora com Cristo, oram a Deus pelos homens. É bom e proveitoso invocá-los suplicantemente e recorrer às suas orações e intercessões, para que vos obtenham benefícios de Deus, por NSJC, único Redentor e Salvador nosso. São ímpios os que negam que se devam invocar os santos que já gozam da eterna felicidade no céu. Os que afirmam que eles não oram pelos homens, os que declaram que lhes pedir por cada um de nós em particular é idolatria, repugna à palavra de Deus e se opõe à honra de Jesus Cristo, único Mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2,5)”.

Os santos oram por nós

São Jerônimo (340-420), doutor da Igreja disse: “Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, ainda podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Serão menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens, que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. E depois de sua morte, cessará sua boca e não pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?” (Adv. Vigil. 6).

Santo Hilário de Poitiers (310-367), bispo e doutor da Igreja: “Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos anjos nem a proteção dos santos”.

Os santos vivem para Cristo

São Cirilo de Jerusalém (315-386): bispo de Jerusalém e doutor da Igreja, afirmava que: “Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: Patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires; para que Deus, por sua intercessão e orações, se digne receber as nossas”.

Essa intercessão, especialmente a de Nossa Senhora, que é a mais poderosa de todas as intercessões, não substitui a medição única de Cristo, ao contrário, a reforça, pois, sem a medição única e indispensável de Cristo, nenhuma outra intercessão tem valor.

A Igreja recomenda que os pais ponham nomes de santos em seus filhos, a fim de que tenham, desde pequenos, um patrono no Céu.

A Igreja sempre recomendou a veneração dos santos e suas imagens e relíquias. Isso nada tem de adoração; é um culto de “dulia” e não de “latria”. O que a Bíblia e a Igreja sempre proibiram é fazer imagens de ídolos; isto é, deuses falsos, atribuindo-lhes poderes, além de lhe serem oferecidos sacrifícios devidos ao verdadeiro Deus. É isso que a Bíblia proíbe; não o fato de fazer imagens.

As ordens de Deus aos santos

Tanto assim que Deus mandou Moisés fazer imagens de querubins e colocá-las sobre a Arca da Aliança.
“Farás dois querubins de ouro, e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa da Arca, um de um lado e outro de outro” (Ex 25,18-20). “Nos painéis enquadrados de molduras, havia leões, bois e querubins, assim como nas travessas igualmente.  Por cima e por baixo dos leões e dos bois pendiam grinaldas em forma de festões” (1Rs 7,28s).

O intercessão dos santos é um meio de ajuda

Santa Teresa de Ávila († 1582), doutora da Igreja, ao ensinar as vias da oração às suas Religiosas, dizia : “Eis um meio que vos poderá ajudar… Cuidai de ter uma imagem ou uma pintura de Nosso Senhor que esteja de acordo com o vosso gosto. Não vos contenteis com trazê-las sobre o vosso coração sem jamais a olhar, mas servi-vos da mesma para vos entreterdes muitas vezes com Ele” (Caminho de Perfeição, cap. 43,1).

O Papa São Gregório Magno († 604), doutor da Igreja, escreveu a Sereno, bispo de Marselha, que ordenou quebrar as imagens: “Tu não devias quebrar o que foi colocado nas Igrejas não para ser adorado, mas simplesmente para ser venerado. Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender, mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces. O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem o é para os ignorantes; mediante essas imagens aprendem o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não sabem ler” (epist. XI 13 PL 77, 1128c).

Os santos em vida pediam a intercessão dos santos

Os santos em vida pediam a intercessão dos santos. Santa Teresa de Ávila era devotíssima a São José. Santo Afonso de Ligório se recomendava sempre a eles. No dia de São José operário, 1º de maio de 2002, depois de sua procissão, eu consegui dele uma grande graça: que minha esposa deixasse de fumar, depois de cinquenta anos de fumante. O padre A.M. Weigl, alemão, escreveu um livro, “São José não falha”, onde ele conta 86 graças e milagres que seus paroquianos receberam deste Santo.

Com a sua intercessão por nós, os santos nos ajudam nesta caminhada dura da vida; por isso, a Igreja nos recomenda as suas novenas, ladainhas, cantos, procissões, orações, festas litúrgicas e veneração de suas imagens e relíquias.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino