Foram essas as primeiras palavras do Papa João Paulo II ao ser eleito no dia 22 de outubro de 1978: “Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo”
Essa é uma frase que denota sua postura e o chamado a todos os cristãos. Firmes nesta fé, os cristãos dessa nossa época poderão testemunhar a vitória de Jesus sobre as hostes infernais que, embora pareçam insuperáveis, não têm nem jamais terão a palavra definitiva sobre o curso da história.

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Diante de tantas perdas, São João Paulo II soube cultivar a vontade de viver
Sempre achei incrível essa postura dele, sobretudo se olharmos rapidamente sua biografia. A infância de João Paulo II, o grande, foi marcada por profundas perdas, inclusive a morte da mãe e do único irmão. Mais tarde, com a Segunda Guerra Mundial, seu país, a Polônia, foi invadida pela Alemanha, e sua vida de estudante universitário mudou radicalmente. Foi obrigado a trabalhar em uma pedreira e em uma fábrica de produtos químicos para evitar a deportação para a Alemanha.
Em 1941, ele sofreu uma nova perda: seu pai, também chamado Karol, sofreu um ataque cardíaco. Com isso, aos 21 anos, Karol havia perdido todas as pessoas de sua família mais próxima. Foi a morte do seu pai que fez com que cogitasse seriamente entrar para o sacerdócio.
Estudou em um seminário clandestino e foi ordenado padre em 1946. Karol ingressou nesse seminário clandestino e, em 1944, passou os últimos meses da ocupação alemã, entre 1944 e 1945, escondido no palácio arcebispal. Lá, ele ficou escondido para que não fosse aprisionado pelos alemães nazistas.
Mesmo com um início de vida frágil e tendo que enfrentar situações tão desafiadoras, Karol soube cultivar a coragem de viver – pois viver é um desafio –, além de conservar a ternura e o valor da dignidade do outro e da dignidade da vida. Ele não só teve uma juventude desafiadora, como conviveu com muitos jovens durante seu tempo como professor universitário. Por isso conversava tão bem com eles, compreendia-os e, como Papa, deu início à Jornada Mundial da Juventude.
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O apelo do Papa dirigido aos jovens
Então, vejo esse apelo do Papa, no início do seu pontificado, como sendo dirigido aos jovens de todos os tempos: não tenham medo! Não ter medo de viver, de constituir uma família, de enfrentar as dificuldades. E João Paulo II continuou enfrentando muitas situações assustadoras como papa.
Uma das situações mais expressivas nos é narrada por Padre Paulo Ricardo: “Um caso emblemático foi o da Nicarágua, em 1983, quando revolucionários sandinistas quiseram humilhar João Paulo II durante uma missa, empunhando imagens anticristãs. Nas palavras do cardeal Dziwisz, “o Santo Padre, praticamente sozinho, enfrentou o tumulto e fez frente aos provocadores”. De fato, lembra Dzwisz, “foi inesquecível a cena em que os sandinistas agitavam suas bandeiras rubro-negras, enquanto ele [o Papa], de cima do palco, opunha-se a eles, levantando, na direção do céu, o báculo com o crucifixo na ponta”. Seu ‘segredo de vida’ está aí, no Cristo que ele carregava em seu báculo. Por isso bradava: “Procurai abrir, melhor, escancarai as portas a Cristo! Caros jovens, nisso está o segredo de suas vidas: abrir as portas a Nosso Senhor
Jesus”.
Digo em especial aos jovens porque esses, no início de suas vidas, podem ver a sua frente uma trajetória insegura, nebulosa, cheia de dúvidas, o que pode deixá-los cheios de temor em dar passos ou fazer alguma escolha. Pois não sabem ainda que, quando estamos com Jesus, temos segurança, realização e sentido. Dou um exemplo prático: percebo muitos jovens com temor do seu futuro financeiro, mas quando eles aderem a Jesus, eles passam a acolher uma vida mais simples com grande alegria e se realizam assim. “Queridos jovens, ide com confiança ao encontro de Jesus, e, como os novos santos, não tenhais medo de falar d’Ele! Porque Cristo é a resposta verdadeira para todas as perguntas sobre o homem e sobre o seu destino” (Vigília de oração com os jovens em Madri, Espanha – 03/05/2003)
Tenho para mim que apenas uma vida com Cristo nos prepara e fortalece para enfrentar qualquer desafio que a vida possa apresentar: sejam dificuldades financeiras, problemas de saúde, decepções, fracassos ou perdas. Que a memória desse querido Papa nos ajude a nos libertar de nossos medos e a abrir , melhor, escancarar nossos corações a Nosso Senhor de Jesus Cristo!
Edvânia Duarte Eleutério
Missionária da Comunidade Canção Nova desde 1997. Formadora de namorados e casais da comunidade, além de outras funções. Tem especialização em gestão de pessoas, counseling e bioética. Autora do livro POR QUE (NÃO) EU.