A Doutrina Social da Igreja (DSI), neste tempo de pandemia de coronavírus, é, na minha visão, um caminho seguro para que Governos, Igreja, empresas privadas e toda sociedade possam seguir para a promoção do bem comum e dar àqueles que sofrem as consequências da Covid-19 uma dignidade de vida.
O princípio base da DSI é a dignidade da pessoa humana. Essa dignidade comporta alimento, uma casa digna para morar, acesso à educação, à saúde e inúmeras necessidade básicas.
Seja um dos responsáveis pelo bem comum
“O amor tem, diante de si, um vasto campo de trabalho, e a Igreja, nesse campo, quer estar presente também com a sua Doutrina Social, que diz respeito ao homem todo e se volve a todos os homens. Tantos irmãos necessitados estão à espera de ajuda, tantos oprimidos esperam por justiça, tantos desempregados à espera de trabalho, tantos povos esperam por respeito: «Como é possível que ainda haja, no nosso tempo, quem morra de fome, quem esteja condenado ao analfabetismo, quem viva privado dos cuidados médicos mais elementares, quem não tenha uma casa onde se abrigar? E o cenário da pobreza poderá ampliar-se, indefinidamente, se às antigas pobrezas acrescentarmos as novas que, frequentemente, atingem mesmo os ambientes e categorias dotadas de recursos econômicos, mas sujeitos ao desespero da falta de sentido, à tentação da droga, à solidão na velhice ou na doença, à marginalização ou à discriminação social. […] Como ficar indiferente diante das perspectivas dum desequilíbrio ecológico, que torna inabitáveis e hostis ao homem vastas áreas do planeta? Ou em face dos problemas da paz, frequentemente ameaçada com o íncubo de guerras catastróficas? Ou frente ao vilipêndio dos direitos humanos fundamentais de tantas pessoas, especialmente das crianças? »[4].
A sociedade fazendo a sua parte
Não esperamos, contudo, apenas as iniciativas dos poderes públicos e das autoridades eclesiásticas; cada pessoa é responsável uma pela outra, somos irmãos, filhos de um mesmo Pai. ( Malaquias 2,10).
Pelas mídias sociais, já se observa diversas iniciativas de cristãos leigos e outros grupos diversos da sociedade realizando ações do bem pelo país. Por exemplo: pelas rodovias, há pessoas distribuindo marmitex para os caminhoneiros, pois a maioria dos restaurantes à beira das estradas estão fechados. Em Cachoeira Paulista (SP), o missionário Cleto Coelho, em parceria com a Paróquia São Sebastião, organizou a coleta de alimentos para distribuir às famílias mais carentes da cidade. ONGs, igrejas, associações, artistas… São diversas iniciativas em favor dos mais fracos.
Pandemia e as pesquisas científicas
Outro ponto que a Doutrina Social pode iluminar, neste tempo, são as pesquisas científicas que estão sendo realizadas pelo globo terrestre em busca da cura e imunização contra o Covid-19.
Cada pesquisador deve ter em mente que o mais importante não é o seu nome, ou futuro prêmio a ser conquistado, mas as milhares de vidas que ele e seu grupo de pesquisa podem salvar. É louvável que várias pesquisas estão sendo realizadas em conjunto com diversos laboratórios pelo mundo.
São João Paulo II, na mensagem para o Dia Mundial do Enfermo, em 2001, também alertou aos pesquisadores que o Magistério da Igreja, “fiel aos princípios do Evangelho, não cessa de propor os critérios morais que podem orientar os homens da medicina no aprofundamento dos aspectos da investigação não ainda suficientemente elucidados, sem violar as exigências que nascem de um humanismo genuíno.”
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Nesse sentido, todas as pesquisas que têm surgido em torno da pandemia não podem infringir os direitos fundamentais do ser humano e sua dignidade desde a concepção. Cabe aos cristãos de todas as denominações estarem atentos e denunciar as práticas a favor da cultura de morte.
Por exemplo, no último dia 30 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou diretrizes públicas para “ajudar” os países a manterem serviços sanitários considerados “essenciais” durante a pandemia de Covid-19; e entre essas diretrizes estava o termo “saúde reprodutiva”, portanto, o aborto, que, graças a Deus, foi condenado e denunciado pelas centenas de páginas católicas e líderes cristãos do mundo.
Por fim, após esta pandemia, o mundo não será mais o mesmo. Exigirá de todos mudanças de comportamento. Cabe aos cristãos, a exemplo de Cristo, serem, verdadeiramente, luz das nações, sal na massa, promovendo ações concretas em todos os âmbitos da sociedade pelo bem comum de todos.
Estejamos atentos às necessidades de nossos vizinhos, às gestantes, aos idosos, àqueles mais vulneráveis ao nosso lado. Como indiquei a DSI, no primeiro capítulo deste texto, como caminho para promoção do bem comum, principalmente agora com a pandemia, indico a leitura, primeiro, do Compêndio da DSI.