Reino de Deus

Vivamos na esperança dos céus novos e da terra nova

Ao falar-se de céus novos e terra nova, a Igreja tem um papel fundamental para que os cristãos compreendam tal expressão, porque é Ela que será “consumada na glória celeste, quando chegar o tempo da restauração de todas as coisas, e com o gênero humano também o mundo todo, que está intimamente ligado ao homem e por meio dele atinge sua finalidade, encontrará sua restauração definitiva em Cristo” (Lumen Gentium, n. 48).

A Igreja ensina que essa realidade não acontecerá sem grandes provações. Só então, todos os justos, desde Adão, em seguida Abel, o justo, até o último eleito, serão congregados junto do Pai na Igreja universal (Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 769). Portanto, “no fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Depois do Juízo Universal, os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado” (CIC, 1042). Os detalhes de como acontecerão todas estas coisas não se sabe, mas a promessa do Senhor é que haverá transformação e renovação de todas as coisas.

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Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Céus novos e terra nova: a consumação da Igreja na glória celeste

A Sagrada Escritura chama de céus novos e terra nova (Cf. 2Pd 3,13): a renovação misteriosa que há de transformar a humanidade e o mundo. É uma realização definitiva do projeto de Deus, como está em Efésios 1,10, que se reunirá sob um só chefe, Cristo, todas as coisas, as que estão no céu e as que estão na terra (Cf. CIC, 1043).

Isso quer dizer que, neste universo novo, ou seja, a Jerusalém celeste, Deus terá sua morada entre os homens. Ele enxugará toda lágrima, pois nunca mais haverá morte, luto, clamor e dor, porque todas essas coisas antigas se foram (Cf. CIC, 1044).

Assim, diante desta promessa de céus novos e terra nova, que tem seu cume na nova criação em Jesus, podemos ter a certeza de que “os que estiverem unidos a Cristo, formarão a comunidade dos remidos, a cidade santa de Deus (Ap 21,2), “a Esposa do Cordeiro” (Ap 21,9). Essa não será mais ferida pelo pecado, pelas impurezas, pelo amor próprio, que destroem ou ferem a comunidade terrestre dos homens. A visão beatífica, na qual Deus se revelará de maneira inesgotável aos eleitos, será a fonte inexaurível de felicidade, de paz e de comunhão mútua” (CIC, 1045).

Então, o universo visível está destinado a ser transformado? Sim! Para que o próprio mundo, portanto restaurado em seu primeiro estado, esteja sem mais nenhum obstáculo, a serviço dos justos na participação em Cristo ressuscitado (Cf. CIC, 1047).

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“Já” viver hoje o que “ainda” irá se consumar na eternidade

Como já vivermos hoje e nos prepararmos concretamente para todas essas promessas de céus novos e terra nova? Jesus Cristo nossa esperança já nos trouxe a redenção e salvação, entretanto, ainda esperamos a consumação dos últimos tempos na parusia. Nesta perspectiva, não só os seres humanos serão transformados, mas, da mesma forma, diz a Igreja que: “Deus prepara uma nova morada e nova terra. Nela reinará a justiça, e sua felicidade irá satisfazer e superar todos os desejos de paz que sobem aos corações dos homens” (CIC, 1048).

Com isso, na prática, cabe a cada um de nós vivermos este tempo de espera da melhor maneira possível, na expectativa da terra nova, que deve nos impulsionar ao desejo em aprimorar esta terra de agora. (Cf. CIC, 1049). Pois, enquanto esperamos os céus novos e terra nova, precisamos viver o amor, o perdão, a compreensão, a paz e a unidade, para que, junto ao progresso terrestre social e cultural também aconteça o progresso do Reino de Cristo.

O Catecismo, sintetiza, afirmando que é preciso propagar na terra os valores da dignidade humana, da humanidade fraterna e da liberdade, pois estes bons frutos da natureza e de nosso trabalho nós os encontraremos novamente limpos de toda impureza, iluminados e transfigurados quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal. Assim, Deus será tudo em todos na Vida Eterna (Cf. CIC, 1050).

Por fim, “desta grande esperança, a dos céus novos e da terra nova nos quais habitará a justiça, não temos penhor mais seguro, sinal mais manifesto do que a Eucaristia, pois, toda vez que é celebrado esse mistério, opera-se a obra da nossa redenção e nós partimos um mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto, não para a morte, mas para a vida eterna em Jesus Cristo” (CIC, 1405).