Tendo em vista a pandemia do coronavírus, Papa Francisco deu a Bênção Urbi et Orbi (à cidade [Roma] e ao mundo), enriquecida com indulgência plenária, ou seja, a remissão das penas dos pecados já perdoados.
O Catecismo da Igreja (números 1471-1484) estabelece essas condições para se receber a indulgência plenária: 1 – ter a disposição interior do total desapego do pecado, até mesmo venial; 2 – confessar os pecados no Sacramento da Reconciliação; 3 – receber a Sagrada Eucaristia; 4 – rezar pelas intenções do Santo Padre (Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória) e realizar um ato enriquecido de indulgência plenária – no caso de hoje, é o acompanhamento da Bênção Urbi et Orbi. A indulgência pode ser para a pessoa ou para uma alma do Purgatório. A confissão, comunhão e as orações pelo Papa podem ser feitas mesmo alguns dias depois da bênção.
Bênção Urbi Et Orbi extraordinária
Essa será uma bênção Urbi et Orbi extraordinária, pois os Papas costumam concedê-la apenas em 25 de dezembro, no Domingo de Páscoa e no dia da eleição de um Papa. No dia 21 de março, Papa Francisco disse: “Ouviremos a Palavra de Deus, elevaremos a nossa súplica, adoraremos o Santíssimo Sacramento, com o qual, ao término, darei a Bênção Urbi et Orbi, a qual será unida à possibilidade de receber indulgência plenária”.
Na sua reflexão, antes da bênção, o Papa nos convidou: “Abraçar o Senhor para abraçar a Esperança”. Com a Praça de São Pedro vazia, depois de caminhar com dificuldade, o Pontífice afirmou que é “diante do sofrimento que se mede o verdadeiro desenvolvimento dos povos”. Comentando o Evangelho de São Marcos 4,35-41 (a tempestade acalmada por Jesus), ele falou da “ilusão de pensar que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente”. Comparou a tempestade acalmada por Jesus com a tempestade do coronavírus. Entre outras coisas, ele disse:
“…Vimo-nos amedrontados e perdidos.” “Estamos todos no mesmo barco, chamados a remar juntos”. E destacou que, neste barco de hoje, “Jesus está presente”. Em meio à tempestade, Ele dorme e, ao ser despertado, questiona: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (4,40). E destacou: “A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa descoberta as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade.”
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Como ser saudável em um mundo que está doente?
Com a tempestade da pandemia, o Santo Padre lembrou que estávamos numa “ilusão de pensar que continuaríamos saudáveis num mundo doente”, “cai o nosso “ego”, sempre preocupado com a própria imagem, e vem à tona a abençoada pertença comum que não podemos ignorar: a pertença como irmãos”.
“Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face às guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres nem do nosso planeta gravemente enfermo”. “Agora, sentindo-nos em mar agitado e imploramos-Te: «Acorda, Senhor!»”
Papa Francisco, no entanto, lembra-nos que, em meio à tempestade, “temos uma âncora: na Sua cruz, fomos salvos”. Ele nos lembra que “abraçar a Sua cruz significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual”. “Abraçar o Senhor para abraçar a esperança. Aqui está a força da fé que liberta do medo”.
E assim, diante da imagem milagrosa de Cristo e do ícone de Nossa Senhora (salus Populi romani), que livraram Roma de outras prestes, o Papa orou pela humanidade que agora sofre, neste tempo de Quaresma, que é tempo de conversão e de pensar na vida eterna. Com o Santíssimo no ostensório, abençoou Roma e o mundo. Certamente, Jesus ouvirá a voz do Seu Vigário na Terra e nos dará a paz.