Não, você não leu errado, é esse mesmo o título do nosso artigo, e o que desejo agora, em cada linha que se segue, é lançar um pouco de luz, a luz do Santo Espírito para que você, caro leitor, compreenda qual o papel do bem e qual o papel do mal.
Ao nos debruçarmos sobre o primeiro livro das Escrituras, o Gênesis, o autor narra que, ao final do sexto dia – Deus, após ter concluído todo o processo da criação, viu que tudo era bom (Gn 1,31).
Logo, somos convidados a aceitar que em Deus não há marcas mínimas que sejam de maldade. Evidentemente, o mal que atravessa lado a lado a história da humanidade tem sua raiz.
Por que comigo, Senhor?
Quando somos acometidos por um acontecimento mau, tendo uma conduta até mesmo irrepreensível no ordinário da vida, não é difícil, e por que não dizer, bem provável que sejamos visitados pelo pensamento tentador que traz questionamentos, contestações do porquê tal situação nos ocorreu, uma vez que, por exemplo, vamos à Santa Missa rigorosamente todos os domingos, rezamos o Santo Terço ou até mesmo o Santo Rosário diariamente. Fazemos Adoração ao Santíssimo semanalmente ou somos fiéis pagadores de impostos e mantemos um comportamento exemplar em nossa vida profissional e social.
Diante de um cenário como esse, será que não nos motivamos a pensar: Onde está o Senhor que permitiu que isso acontecesse, uma vez que tenho sido temente a Ele? Se isso já lhe ocorreu, acredite, você não foi a única pessoa visitada por tais questionamentos.
Quer um exemplo?
A propalada paciência de Jó, narrada no livro que carrega o nome dele, quando Satanás sob o olhar de Deus alcançou tudo que cercava a vida daquele homem tão íntegro, não segue tranquila e sem incômodos todo o trajeto que a pedagogia divina o convidou a trilhar.
À certa altura, seus melhores amigos empenharam-se em demovê-lo da ideia obstinada de pedir ao Senhor que lhe tirasse a vida, uma vez que ele se sentia um deserdado da Graça. Um de seus amigos, Baldad de Suás, lhe relembrou: “Não, Deus não rejeita o homem íntegro, nem dá a mão aos malvados: pode ainda encher tua boca de sorrisos e teus lábios de gritos de júbilo” (Jó 8,20-21). Mas foi contra-argumentado logo em seguida.
Ao tentar associar o mal ao Sumo Bem, que é o Senhor, a pessoa se permite erroneamente pensar o que Cristo não pensaria, e o convite paulino é justamente o contrário – “tende em vós os mesmos pensamentos de Cristo” (Fil.2,5).
Leia mais:
.:O mundo poderia existir sem o mal?
.:Se o mal estiver vencendo, busque o bem!
.:Luz da Fé: Por que o mal existe?
.:Se existe o mal, existe Deus?
O homem é livre
Quando os noticiários divulgam catástrofes, enchentes, desabamentos, acidentes que vitimam várias pessoas, guerras e tantas outras situações que angustiam o coração humano, esse é o questionamento de muitos, inclusive de batizados com certo nível de fé: “Onde estava Deus que deixou isso acontecer?”.
Uma resposta para lhe fazer pensar: Deus está na liberdade do homem! Sim, o livre -arbítrio é um dos mais nobres valores conferidos por Ele ao gênero humano.
Tendo em vista que, passa ano e entra ano, um número de pessoas se lançam a esse tipo de questionamento, vale recorrermos ao que nos ensina a Doutrina da Igreja em seu catecismo:
“O gênero humano inteiro é em Adão como um só corpo de um só homem. Em virtude desta unidade do gênero humano, todos os homens estão implicados no pecado de Adão, como todos estão implicados na Justiça de Cristo. A transmissão do pecado original é, contudo, um mistério que não somos capazes de compreender plenamente. Por isso, o pecado, de maneira analógica, é um pecado “contraído” e não “cometido”, um estado e não um ato. (CIC 404).
Deus é amor
Podemos concluir com isso que Deus não é o autor do mal, e o Apóstolo João sentenciou quem Ele é – “Deus é amor” (1Jo 4,8)
Aquele que É o Amor não pode e não consegue ser, vez em quando, o mal; quem se reveza em atos de bondade e atos de maldade é o gênero humano.
Sigamos confiantes e convictos de que, como bem identificou o célebre São Francisco de Assis, “o amor não é amado”.
Sejamos, eu e você, aqueles que lutam, com o auxílio da Graça, para jamais compactuarem com o mal, mas serem arautos D’Aquele que nos ama desde toda a eternidade.