Vocacionados

A academia do soldado cristão: trabalhar por Jesus

Devemos trabalhar por Jesus e manter sempre a fé n’Ele

Amigo internauta, chegamos ao último artigo desta série. Nela, tivemos a oportunidade de apresentar algumas das maiores lutas travada pelos cristãos; e as armas que estão à disposição deles para combater nessa guerra. Se, de alguma forma, esses artigos ajudaram você, não deixe de indicá-los a alguém.  No artigo anterior trabalharmos a importância de se ter uma “vida de sacramentos”. Descobrimos que existe um sacramento para cada etapa da nossa vida. Eles são, ao mesmo tempo, alimento e remédio para cada um de nós. Neste artigo, trataremos do seguinte tema: “trabalhar por Jesus”. Veremos a sua importância para a vida de fé.

Trabalhar por Jesus é um meio muito eficaz para o nosso fortalecimento na luta contra as tentações do inimigo. Nenhum soldado vai para a guerra sem estar fisicamente preparado. Certamente, ele faz uma boa preparação física antes de encarar o inimigo. Com base nesse pensamento proponho-me a fazer a seguinte analogia: se o soldado ganha músculos na academia, o cristão ganha resistência nos trabalhos próprios da Igreja.

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Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

O trabalho pode ser uma pedagogia de Deus para sua vida

Quero iniciar este artigo fazendo uma breve partilha de como Deus me fisgou por meio do trabalho. Certa vez, um amigo me convidou para acompanhá-lo em uma reunião que ele teria com alguns jovens da Igreja. Esse grupo estava organizando um Kairos na minha cidade. Eu, que não tinha proximidade com aquele grupo nem tinha planos de os ter, aceitei o convite.

Encurtando a história, entrei naquela reunião sem nenhum compromisso com as coisas de Deus e saí de lá cheio de responsabilidades. Dali para frente, acabei assumindo outros compromissos no grupo e na comunidade. Quando me dei conta, já estava envolvido em diversos trabalhos da paróquia e servindo no ministério de música do grupo de oração. Não posso negar que o “trabalhar por Jesus” foi de fundamental importância para minha vida e para a descoberta da minha vocação.

Posso testemunhar que, a partir daquela bendita reunião, a alegria entrou na minha vida. Com eles eu sorri, chorei, briguei, alegrei-me e amei. Com eles, eu encarei a chuva, o sol, o frio, o cansaço, a doença, a morte; e posso testemunhar: valeu a pena! Contudo, uma verdade precisa ser dita: não fui eu quem os escolhi por primeiro, Deus precedeu essa escolha. Hoje, o tempo se passou, e a distância em que me encontro deles não nos tona afastados. Os laços que criamos ainda estão vivos e latentes.

É Deus quem escolhe os nossos companheiros de Missão

Trabalhar por Jesus, como já afirmei, pode ser muito satisfatório e recompensador. O tamanho e a intensidade dessa gratificante experiência estão diretamente ligados à disposição do nosso coração em amar. Amar, afinal, a quem? O nosso próximo, quer dizer, todos aqueles a quem o próprio Senhor escolheu e colocou ao nosso lado. A escolha, na maioria das vezes, não é feita por nós, mas pelo próprio Jesus.

Na dinâmica de Deus, “escolhe-se amar”, e não “a quem amar”. Em outras palavras, precisamos fazer a opção pela ação de amar, sem colocar condições para isso. Amor que exige condição não é amor, é puro interesse. Diante dessa realidade, muitos até afirmam que “amar é uma decisão”. Sem contrariar essa máxima, quero abrir uma nova perspectiva: amar é, antes de tudo, fruto de um amadurecimento humano-espiritual favorecido pela graça de Deus.

Chegamos ao ponto central de nosso artigo. Só se chega a esse amadurecimento por meio do “relacionar-se”. Experimentar os próprios limites e os limites dos outros nos liberta dos nossos egoísmos. Isso se dá somente estando em relação.

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O crescimento humano se dá na convivência com alguém que nos desinstala o tempo todo

Preciso ser bem honesto, trabalhar na messe de Deus, nunca foi e nunca será fácil! É uma tarefa enormemente árdua. Aqueles que já estão nessa aventura sabe muito bem a que me refiro. Toda essa dificuldade se dá em função da nossa humanidade ferida pelo pecado que nos dificulta no obedecer, no dobrar-se, no submeter-se.

Para alguns, se torna muito penoso conviver com o “mandão”, aquele que dá ordem o tempo todo. Para outros, difícil mesmo é conviver com alguém exageradamente devagar, aquele que possui um tempo interno diferente dos demais. O que dizer dos mais escorregadios que tentam dar “jeitinhos” para não se comprometer? Tem também os que, de tão comprometidos, centralizam todo o trabalho e impedem o bom andamento das atividades. Na realidade de Igreja existem todas essas pessoas e muito mais.

Antes que você desista de reservar um tempo de sua vida para colaborar nos trabalhos da Igreja, quero afirmar que existem pessoas maravilhosas trabalhando na messe de Deus. Encontramos pessoas generosas, altruístas, que nos ensinam a arte de viver. Ganhamos novos pais, irmãos, amigos, tios. Conheço muitos que encontram até mesmo seus cônjuges na lida de Deus e formam lindas e santas famílias.

O crescimento espiritual acontece quando entendemos que as cruzes não são males

Trabalhar para Deus, seja qual for a atividade, exercita a nossa perseverança e paciência, ajuda-nos a dar passos em direção à resiliência. Não é por acaso que o Evangelho de Mateus apresenta uma fala de Jesus a Seus discípulos: “se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me (cf. Mt.16,24).

O sinal do cristão, aliás, é a cruz. Certa vez, Papa Francisco enfatizou que não pode haver vida cristã sem a presença da Cruz. Desde os primeiros séculos do cristianismo, a cruz esteve presente na vida daqueles que se propunham seguir “o caminho” (assim era chamado o cristianismo nos seus inícios).

Ser cristão, portanto, significava correr riscos, ter a espada sempre próxima ao pescoço. Na Igreja antiga, todo cristão era missionário e empenhado em testemunhar a própria e a identidade de cristão. Se, na igreja primitiva era assim, por que não haveria de ser nos dias de hoje? Não estaríamos muito molengas e acomodados?

O que fez com que os primeiros cristãos permanecessem firmes na fé não foi somente a experiência de Deus, mas o fato não terem deixado essa experiência morrer com o passar do tempo. A experiência que fazemos com Deus precisa ser fomentada, alimentada a cada dia, repito, todos os dias. Colabore na missão de evangelização e o beneficiado será você.

Dizer que não sabe como ajudar é desculpa

Na sua comunidade, na sua paróquia, na sua diocese, existe um lugar preparado para que você. Compartilhe os dons que você recebeu de Deus. É uma grande falta dizer que não possui dons, afinal, ninguém nasceu sem eles. É colocando-se à disposição que você descobrirá novos dons e aprimorará outros. Além disso, colocar-se à disposição de Deus para o trabalho é um “tapa na cara” do inimigo.

Com este artigo, encerramos esta série de oitos artigos. Espero que eles possam tê-lo ajudado de alguma forma.

Deus abençoe você. Até a próxima!