Não casei para viver como irmão

Que desafio sedutor poderia colocar duas pessoas, completamente diferentes, para conviverem sob o mesmo teto? Juras de amor, sonhos a dois, disposição para os encontros e promessas de uma vida longa em comum, talvez fossem as semelhanças do casal apaixonado.

Entretanto, já ouvimos, com bastante freqüência, pessoas se queixando de seus casamentos, o que não deveria haver. No convívio entre duas pessoas diferentes não seria difícil de se prever alguns atritos. Mas que situações fariam com que houvesse uma transformação tão profunda a ponto de excluir do relacionamento conjugal os beijos, as carícias e a riqueza do namoro maduro? Pois alguns casais, com o passar do tempo, dizem conviver como irmãos.

Que força estranha paira sobre os cônjuges, que faz com que deixem de viver como casal?

Sabemos que ninguém inicia uma discussão, com quem há poucos anos fazia juras de amor, somente para tumultuar o ambiente. Entretanto, quando isso se torna corriqueiro entre o casal, poderá provocar um grande abismo no convívio. Se não estivermos atentos às reconciliações, em pouco tempo, a delicadeza, os carinhos e os cuidados, que nutriam os enamorados, impulsionando-os ao casamento, poderão ser consumidos no choque dos “gládios” das discussões ou afundar no fosso da indiferença.

No que se refere ao relacionamento conjugal, acredito que precisamos estar sempre dispostos a recomeçar, e a viver a eterna reconciliação. O diálogo é o melhor caminho para isso. Por meio de uma partilha franca e equilibrada, emerge entre o casal a disposição de ser diferente; assumindo novos propósitos, com a cooperação mútua. Ao contrário do que se possa imaginar, e ainda que seja possível, a intimidade sexual em nada poderá contribuir para acertar, corrigir ou pacificar uma divergência.

Precisamos estar prontos para assumir o compromisso e viver as mudanças exigidas no relacionamento, para que não se percam o sabor e a beleza da vida conjugal.

Temos consciência de que, por meio do casamento, passamos a ser um com o cônjuge. Deixamos de ser “100%”, abrindo mão de “50%” de nossos hábitos, costumes, temperamentos e tudo aquilo em que havíamos sido formados, pois desejamos nos adaptar aos “50%” recebidos por parte da(o) esposo(a).

Assim, imagino ficar mais fácil entender que a parte que fará minha esposa feliz, em determinada situação, dependerá diretamente da minha disponibilidade em somar com a minha contribuição e vice-versa.

Sempre encontraremos dificuldades e desafios na vida conjugal; não obstante, tais obstáculos serão facilmente vencidos quando tivermos a certeza de contar com o apoio de quem nos ama. Ninguém se casa para viver a felicidade pela metade. Despertemos para a realidade do nosso cônjuge, que é a outra metade do “mapa do tesouro” que procuramos.

Deus o abençoe muito!