Educação dos filhos

Os pais têm responsabilidade conjunta para educar os filhos. Para conseguir efeitos duradouros, não só a mãe precisa ter desvelo na educação das crianças. Mas também o pai deve participar na formação para a vida. A presença de tantos homens na senda do crime, reflete a ausência do pai em casa. Não estando ele a postos na família, não há quem possa passar à nova geração os valores da palavra empenhada; da honestidade nos negócios; do amor ao trabalho; do respeito para com as autoridades legítimas; da vigilância contra a maldade humana. Não que a mãe não esteja em condições de também fazê-lo. Mas é o pai que faz, com maior eficiência, a ligação entre o ninho familiar, e o agitado mundo externo.

No entanto, existem muitos valores básicos que são transmitidos à prole pela linhagem feminina. Assim, a necessidade do asseio pessoal, a auto-estima que nasce da ordem nos seus objetos, o gosto pela limpeza, a importância de uma correta alimentação, o sentido da existência humana, e milhares de outras frentes da vida. Seu sucesso depende de um bom encaminhamento materno. É claro que a fé é um dom de Deus, e ninguém pode plantar esta virtude no coração alheio, nem mesmo no de uma criança. Mas se pode explicitá-la, fazer compreender melhor as grandes linhas da espiritualidade, facilitar a aproximação com Deus. É do ensinamento da mãe que o filho aprende a descobrir os traços da bondade do Criador; assimila a forma de fazer oração; mostra que o ser humano tem destino sobrenatural. Se a participação masculina na educação da fé vale prata, o que a mãe transmite vale ouro.

A grande questão é saber se a mulher ainda hoje em dia transmite a fé para seus filhos. Parece que isso diminuiu muito, ou freqüentemente, nem acontece mais. Quando muito, as mães entregam seus filhos à catequese paroquial, ou aos ensinamentos esporádicos das avós. O fato é que a nova geração está enfrentando a vida, sem uma referência explícita a Deus. De onde viria tal omissão feminina? Existe uma explicação plausível para esse fenômeno? As tentativas de esclarecimento situam-se em três linhas:

1 – As mulheres, pelo fato de trabalharem fora do lar, buscando emprego num mundo competitivo, estariam relegando a educação dos filhos para segundo plano. Daí surgirem tantos menores infratores, e tantos jovens sem ideais, e sem abertura para o transcendental. Segundo o nosso parecer, em certos casos pode ser uma boa explicação que, no entanto, não se confirma num universo maior de casos: há muitas mulheres que trabalham fora, e assim mesmo sabem transmitir os rudimentos da fé para os seus filhos.

2 – A escola moderna tornou-se excessivamente laica, não sendo mais um lugar para transmitir valores. Aqueles famosos colégios católicos de outrora, que levavam tão a sério a formação religiosa, especialmente das moças, desapareceram do horizonte. A escola não mais colabora na transmissão da fé. Mas parece que nem aqui está a verdadeira explicação da omissão das mães, em educar seus filhos para uma visão mais completa da realidade humana. Pois muitas, apesar de não terem recebido uma educação religiosa no meio escolar, sabem mostrar o sentido último da vida.

3 – O mundo moderno se desdivinizou. Está dessacralizado. O homem não é mais considerado imagem de Deus e participante de seu ser. Toda a problemática da vida foi laicizada. Os pais se sentem perdidos diante das grandes interrogações existenciais do mundo moderno. O Homem se tornou uma monstruosa quimera, racionalmente inexplicável. Diante das vacilações e da falta de clareza na fé, as mães preferem silenciar, abrindo assim um vácuo existencial. As interrogações vão se acumulando, repercutindo no coração da prole.

Só uma sólida formação nas bases insubstituíveis da fé, e um forte apoio da comunidade cristã, a busca sincera da oração, pode superar o impasse. Caso contrário, mergulharemos sempre mais no eclipse tenebroso da falta de motivações para uma vida humana com sentido pleno.