Casar-se para quê?

Interessante constatar que em raras situações de nossa vida temos a ajuda incondicional de alguém para atingirmos objetivos comuns desejados. A vida conjugal exige que ambos estejam sempre abertos a viver a graça do sacramento com a participação integral do outro. Entretanto, muitas pessoas relatam experiências negativas a respeito do casamento e culpam-se uns aos outros… Mas, se o sucesso do casamento depende do esforço de ambos, para o insucesso, certamente, a recíproca também é verdadeira, isto é, ambos foram desatentos em questões relevantes no casamento.

Se depender dessas pessoas, o conselho para aqueles que têm intenção de se casar seria o de fugir para o lugar mais distante que possam encontrar. Desculpas e justificativas para se viver o concubinato são várias, desde a falta de condições financeiras para se fazer uma festa até o medo de dividir os bens que possuem. Algumas pessoas preferem, muitas vezes, morar juntas ao invés de oficializar o compromisso com o outro. Outras até acham que se vierem a se casar poderá não dar certo o convívio como no concubinato.

Casais, que já celebraram bodas de ouro em seus matrimônios, testemunham que, apesar de viverem tanto tempo juntos, sempre se surpreendem com um novo comportamento a respeito do cônjuge diante de uma situação inusitada. Um exemplo é quando a calma costumeira do marido ou da mulher evapora-se porque aquilo que se pretendia fazer não teve o resultado esperado. Outro exemplo acontece quando um dos cônjuges passa a ser mais ranzinza com o decorrer dos anos ou quando a esposa implica com a posição da tampa do vaso sanitário (dependendo da esposa ainda deseja que o vaso esteja sempre tampado) etc. Essas são particularidades do convívio que vão se despontando e certamente serão mais um novo processo de adaptação para ambos, na tentativa de restabelecer a harmonia. A disposição para tal flexibilização será tão duradoura quanto o tempo de vida de um dos cônjuges.

Não existe coisa pior para alguém do que se sentir infeliz no casamento

A perfeição no casamento vai sendo conquistada pelo casal – que nas suas diferenças – busca aperfeiçoar-se por causa do outro. As diferenças que o marido encontra na personalidade da esposa poderão ser os meios de crescimento para ele. Às vezes, o fato de a mulher ser mais calma em tomar decisões poderá ser o meio para o marido aprender a desenvolver a prudência nos atos e vice-versa. Dessa maneira, algumas dificuldades serão facilmente contornadas; outras, exigirão um pouco mais de esforço para se adequar às novas surpresas da vida conjugal.

Assim, os impasses conjugais nos convidam sempre a rever os motivos pelos quais nos fizeram optar pelo matrimônio. Recordar esses momentos não significa buscar motivos para desistir do compromisso assumido ao perceber, por exemplo, que por tantos anos fulano ainda não aprendeu a levantar a tampa do vaso sanitário, mas para recobrar, sobretudo, os momentos difíceis nos quais a presença e a ajuda do outro foram fundamentais no apoio para que juntos superassem os problemas.

Talvez o maior desafio – que poderá se tornar intransponível na vida conjugal – seja a dificuldade em não admitir a necessidade de mudança de hábitos e a falta de cumplicidade para alcançar o sucesso do relacionamento.

Deus abençoe, coragem!