No seu amor infinito, Deus está sempre perto daqueles que sofrem
O papel daqueles que cuidam de pessoas deprimidas, e não têm uma tarefa terapêutica específica, consiste, sobretudo, em ajudá-las a recuperar a autoestima, a confiança nas próprias capacidades, o interesse pelo futuro, o desejo de viver. Por isso, é importante estender a mão aos doentes, fazer com que eles sintam a ternura de Deus, integrá-los numa comunidade de fé e de vida, na qual possam sentir-se acolhidos, compreendidos, sustentados, dignos, amar e serem amados. Para eles, como para qualquer outro, contemplar Cristo e deixar-se “guiar” por Ele é a experiência que os abre à esperança e os estimula a escolher a vida (cf. Dt 30, 19).
No percurso espiritual, a leitura e a meditação dos Salmos, nos quais o Autor Sagrado expressa, em oração, suas alegrias e angústias, pode ser de grande ajuda. A recitação do Rosário permite encontrar em Maria uma Mãe amorosa, que ensina a viver em Cristo. A participação na Eucaristia é fonte de paz interior, tanto para a eficácia da Palavra e do Pão da vida quanto pela inserção na comunidade eclesial.
Sabendo muito bem quanto custa para uma pessoa com depressão o que para os outros parece simples e espontâneo, é preciso ajudá-la com paciência e delicadeza, recordando o conselho de Santa Teresa do Menino Jesus: “Os pequeninos fazem passos pequeninos”.
No Seu amor infinito, Deus está sempre perto daqueles que sofrem. A enfermidade pode ser uma estrada para descobrir outros aspectos de si e novas formas de encontro com Deus. Cristo escuta o clamor daqueles cuja barca é ameaçada pela tempestade (cf. Mc 4, 35-41). Ele está presente junto deles para os ajudar na travessia e guiá-los em direção ao porto da serenidade recuperada.
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O fenômeno da depressão recorda à Igreja e a toda a sociedade como é importante propor às pessoas, especialmente aos jovens, modelos e experiências que os ajudem a crescer nas dimensões humana, psicológica, moral e espiritual. Com efeito, a ausência de pontos de referência não pode, senão, contribuir para tornar a pessoa mais frágil, induzindo-a a considerar que todos os comportamentos se equivalham. Desse ponto de vista, o papel da família, da escola, dos movimentos jovens, das associações paroquiais é muito relevante devido à incidência que tais realidades possuem na formação da pessoa.
É significativo, portanto, o papel das instituições públicas para garantir condições dignas de vida, particularmente às pessoas abandonadas, enfermas e idosas. Igualmente necessárias são as políticas para a juventude, que visam oferecer às novas gerações motivos de esperança, preservando-as do vazio e dos seus perigosos substitutivos.
Extraído do discurso escrito por São João Paulo II, por ocasião da XVIII Conferência Internacional do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde sobre «A depressão», celebrada no Vaticano de 13 a 15 de novembro de 2003.