Mar da Galileia, Mar de Tiberíades ou Lago de Genesaré… Um lugar significativo de tantos milagres e narrativas do Evangelho. Ao longo dessas margens, Jesus multiplicou os pães e peixes, acalmou a tempestade e também interpelou Pedro por três vezes: “Pedro, tu me amas?”. Fato esse recordado no Santuário da Custódia da Terra Santa dedicado ao primado petrino.
Uma região da Galileia em Israel, que leva peregrinos e visitantes de tantas nações ao recolhimento e oração, conforme descrito no Evangelho de Marcos:
“Os apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-Lhe tudo o que haviam feito e ensinado. Ele disse-lhes: ‘Vinde à parte, para algum lugar deserto e descansai um pouco’. Porque eram muitos os que iam e vinham e nem tinham tempo para comer. Partiram na barca para um lugar solitário, à parte. Mas viram-nos partir. Por isso, muitos deles perceberam para onde iam, e de todas as cidades acorreram a pé para o lugar aonde se dirigiam, e chegaram primeiro que eles. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6, 30-34).
Jesus identificou o cansaço dos discípulos, assim como o povo que parecia com ovelhas sem pastor. Os discípulos de Jesus, juntos a Ele, precisavam cuidar desse povo e dar-lhe o conforto e o consolo do coração de Deus. Um texto que ensina também aos servos de Deus dos tempos atuais que, antes, precisam silenciar, a fim de comunicarem ao outro o amor que experimentaram.
Como chegar a esse lugar deserto?
Num mundo atual de tantos barulhos, agitações e ocupações, o silêncio e o recolhimento tornam-se um grande desafio. Um silêncio que não significa ausência de palavras, mas um voltar-se para si, um controle das emoções e, sobretudo, um encontro com o Deus que habita cada coração humano.
Conforme o convite de Jesus para que os discípulos fossem sozinhos a um lugar deserto para descansar, a primeira atitude deve ser a de responder a esse convite. Quando uma pessoa nos ama e quer a nossa companhia, ela nos escolhe! É assim que Cristo faz e nos chama. Um convite irrecusável.
O segundo passo desse deserto, seja diante do Sacrário, nos momentos de oração pessoal em casa, em locais retirados, é o de esvaziar o nosso coração e a nossa mente. Hoje, o que você traz no coração? Quais as angústias, preocupações e ansiedade? Ou quais as alegrias vividas?
O terceiro momento é o de colocar tudo isso sob o senhorio de Jesus. Ele é o Deus que tudo pode e nos acolhe em Seus braços. Ele sabe de tudo, sonda os nossos corações, mas é preciso verbalizar, colocar para fora o que sentimos, pensamos e sofremos. Trata-se de um diálogo: eu falo, Ele escuta. Depois, damos um bom tempo para o Senhor falar. Por fim, nos colocamos em atitude de escuta e contemplação a fim de colhermos d’Ele os direcionamentos, consolo, conforto e as inspirações.
A oração nos leva à nossa essência
Não dedicar-se ao silêncio e à vida interior é colocar em perigo a própria vida espiritual, ou seja, a nossa existência em Deus. Em um mundo utilitarista e frenético, em que muitos estão agitados até mesmo nos momentos de oração, “perder” tempo com a oração é voltar à nossa essência.
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A oração nos leva a tocar em nossa filiação divina, ao conhecimento de Deus e de nós mesmos; nos conduz a contemplar o belo e o bom; restabelece as nossas forças até mesmo as físicas; nos impele a crescer nas virtudes e no amor a Deus e ao próximo.
Está na hora, portanto, de darmos este passo: tocar nessas águas profundas e contemplar o Senhor, por meio da oração!