Cada pessoa passa por momentos particulares na vida, e cada uma segue seu ritmo. O importante é descobrir também o próprio ritmo de oração, fazer do encontro com Deus um encontro personalizado. O Senhor não é uma ideia nem uma energia impessoal, como o calor do sol ou a brisa do vento. Ele é uma pessoa viva e verdadeira com quem podemos e devemos dialogar. É necessário tratá-Lo como o melhor amigo que temos e recebe-Lo dentro de nós numa atitude de acolhida, preparar para Ele um espaço na nossa vida. Os hóspedes sempre devem ser recebidos bem. Devemos acolher a Deus e ter consciência de que Ele tem um único desejo: amar-nos e fazer a nossa vontade.
Santa Terezinha é um modelo de oração. Ela diz: “nunca passei mais de três minutos sem pensar em Deus!”.
A oração é a forma de dialogar com Deus
Gostaria de poder apresentar algumas indicações de, ao rezar, deixar a liberdade de ampliar sua oração como mais lhe agradar. Nenhum caminho pode ser estático, ele deve ser dinâmico, aberto para introduzir outras motivações e tirar algumas que, em determinado momento, já não nos dizem mais nada. Nós mudamos muito. Não seria conveniente usar, no inverno, roupa de verão; nem no verão, roupa de frio. Nossa oração deve corresponder às exigências que encontramos no caminho da vida.
Antes de iniciar a sua oração, faça silêncio dentro e fora de você, para perceber o impulso da sua vida interior. Do que você necessita hoje? Como quer viver o tempo que o Senhor lhe dá.
O seu encontro com Deus não pode ser um instante fugaz e rápido, mas constante e permanente. Da sua situação humana, afetiva, psicológica e social vai depender também o seu modo de rezar, de pedir e dialogar com Deus. Há pessoas que rezam sempre a mesma oração pedindo chuva, mesmo quando há enchente que atrapalha tudo e provoca desastres. Justificam-se na maneira de rezar: “Em algum lugar do mundo devem existir lugares que precisam de chuva!”. A oração tem um caráter universal, mas Jesus nos ensinou, em várias circunstâncias, a historicizar a nossa oração, fazê-la nascer da vida concreta, do dia a dia.
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Sinta a presença de Deus nas orações
Já foi dito, várias vezes, que a oração não pode ser restrita a momentos particulares. É a vida que deve tornar-se oração, devemos colocar-nos continuamente na presença de Deus, que orienta e sustenta o nosso caminho. É importante ter sempre à nossa frente a Bíblia, e acompanhar, por meio de sua leitura meditativa, a história do povo que vai a caminho de terra prometida, percorrendo noites, desertos, até chegar à conclusão de que a felicidade que Deus oferece não é a de situações baratas, ela exige de nós constantes renúncias, um saber dizer não a tudo o que nos afasta de Deus e assumir a verdade como único caminho.
O ser humano, na sua caminhada sobre a Terra, depara com aquelas situações obscuras que tornam impossível continuar o caminho sozinho. É preciso Deus. Sem Ele, não há uma visão completa e harmoniosa da existência humana. Muitas vezes, encontramo-nos em situações em que nos sentimos tão pobres, que necessitamos de Deus como a terra precisa de água para viver; as plantas, do sol; e a vida, de amor.
Na verdade, só Deus é força. Precisamos nos convencer de que só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – é a fonte de nossa felicidade, e só Ele pode mudar, como diz o salmista, a sorte de nossa vida.
O caminho depende de nossa fidelidade e amor. Deus sozinho não age, precisa de nossa cooperação, do nosso sim.
Frei Patrício Sciadini
Artigo extraído do livro “Quando rezar?”