Graça

A bênção de Deus

É próprio daquele que é humilde pedir a bênção de Deus para sua vida e suas atividades

Há um Salmo na Bíblia que nos dá um dos mais preciosos ensinamentos: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem. Se o Senhor não guardar a cidade, debalde vigiam as sentinelas” (Sl 126,1).

Não é por acaso que o título desse salmo é “A fonte de todo bem”, isto é, a bênção de Deus. Muitas vezes, nosso trabalho não produz o que esperamos e nossas obras não dão o fruto que planejamos, porque confiamos apenas em nós mesmos e nos esquecemos de pedir a bênção d’Aquele que é o Senhor de tudo e de todos, e que tem o mundo em Suas mãos. Tantas vezes, Deus permite que nossos projetos fracassem, para que aprendamos que sem a Sua bênção nada podemos fazer.

Foto ilustrativa: Paula Dizaró / cancaonova.com

É próprio daquele que é humilde pedir a bênção de Deus para sua vida e suas atividades. Da mesma forma, é próprio daquele que é orgulhoso e autossuficiente contar apenas consigo mesmo e esquecer-se da graça de Deus. Muitos, após inúmeros sofrimentos e insucessos, acabam, pela própria graça de Deus, encontrando a face do Senhor entre os acontecimentos da vida. Outros, lamentavelmente, persistem em não querer ver a face d’Aquele que tudo criou. Diz um autor anônimo que “Deus não fala, mas que tudo fala de Deus”. Basta olharmos a natureza e ouviremos Sua voz. “São insensatos por natureza todos os que desconheceram a Deus, e, através dos bens visíveis, não souberam conhecer Aquele que é, nem reconhecer o Artista, considerando suas obras” (Sb 13,1).

Ser humilde é reconhecer que “toda dádiva boa e todo dom perfeito vem de cima: desce do Pai das luzes” (Tg 1,17a) e que, portanto, não temos motivo nenhum para orgulho, vaidade e autossuficiência. Da mesma forma, ser humilde é não se desesperar com a própria fraqueza, miséria ou impotência, uma vez que se reconhece que toda força vem da bênção de Deus. O livro dos Provérbios ensina que “Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes” (2Pe 5,5; Pr 3,34). Ele não ouve a oração do soberbo e, consequentemente, não lhe dá a Sua bênção. Por outro lado, Deus ama aquele que reconhece a própria fraqueza, e lhe dá a graça.

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Somente quando reconhecemos nossa pequenez é que podemos experimentar em nós o poder de Deus. Foi o que o Senhor disse a São Paulo: “Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força” (2Cor 12,9). Foi essa grande verdade, fruto da humildade, que levou o apóstolo a exclamar: “Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo” (II Cor 12,9b).

Temos nos esquecido da bênção de Deus?

Vivemos grande parte da vida preocupados com nossas responsabilidades como pais, como profissionais etc. Quando nos sentimos abalados e amedrontados com nossas tarefas diárias, não será porque contamos apenas com nós mesmos, esquecendo-nos da bênção de Deus? Nossos fardos são por demais pesados para que os carreguemos sozinhos. É preciso deixar que Deus os carregue para nós. De que forma? Confiando-Lhe nossas obras, entregando-Lhe nossas preocupações, confessando-Lhe nossa fraqueza e pedindo-Lhe a bênção para tudo o que fizermos.

Além disso, a melhor maneira de sermos copiosamente abençoados por Deus é fazendo a Sua santa vontade, realizando todas as coisas para Ele e por amor a Ele. É exatamente o que São Paulo ensinou quando disse: “Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens, certos de que recebereis, como recompensa, a herança das mãos do Senhor” (Cl 3,23-24). O mesmo Salmo 126 ensina que: “Inútil levantar-vos antes da aurora, e retrasar até alta noite vosso descanso, para comer o pão de um duro trabalho, pois Deus o dá aos seus amados até durante o sono” (Sl 126,2).

Quando estivermos cansados e oprimidos pelo peso das nossas atividades, é o momento de pararmos e perguntarmos a nós mesmos se não nos está faltando a bênção de Deus. Se a resposta for ‘sim’, devemos olhar para o céu e dizer ao Senhor do fundo do coração: “Dai-me a Vossa bênção! Não me oculteis a Vossa face, para que eu não pereça”.

“Apressai-vos em me atender, Senhor, pois estou a ponto de desfalecer” (Sl 142,7a).


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino