Retiro Popular da Quaresma – 3ª Semana

Retiro Popular – 3ª semana da Quaresma

“O véu do templo rasgou-se então de alto a baixo em duas partes. O centurião que estava diante de Jesus, ao ver que ele tinha expirado assim, disse: ‘Este homem era realmente o Filho de Deus’. Achavam-se ali também umas mulheres, observando de longe, entre as quais, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé, que o tinham seguido e servido, quando Ele estava na Galiléia; e muitas outras que haviam subido juntamente com Ele a Jerusalém”. Seguir e servir! A inteira disposição das mulheres que foram fiéis é impressionante. Foram discípulas, acreditaram em Jesus e acolheram a vida nova que dele vem. Com o testemunho de pessoas assim, comecemos mais uma etapa de nosso Retiro Popular.

1. Sua oração de retiro pode começar com o “Vinde, Espírito Criador”, todos os dias da semana.
– Ó vinde, Espírito Criador, as nossas almas visitai e enchei os nossos corações com vossos dons celestiais.
– Vós sois chamado o Intercessor, do Deus excelso o dom sem par, a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.
– Sois doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai, por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai.
– A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor, nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.
– Nosso inimigo repeli, e concedei-nos vossa paz; se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás.
– Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer, que procedeis do seu amor fazei-nos sempre firmes crer.

2. Com a luz do Espírito Santo, leia e reze o texto da Escritura proposto pela Igreja para o terceiro domingo da Quaresma (João 4,5-42), percorrendo os passos da “leitura orante da Palavra de Deus”:

A leitura significa ler e reler o texto, sublinhando as palavras que chamam atenção e os sentimentos que ela suscita. Você pode descobrir textos parecidos na própria Bíblia e recordar comentários que já encontrou sobre o mesmo.
A meditação é a reflexão sobre a mensagem que a palavra oferece, descobrindo o que o Deus vivo quis dizer naquele momento de oração.
A contemplação é passar do texto e da mensagem à contemplação daquele que fala através de todas as páginas da Bíblia, Jesus, o Filho eterno do Pai, que derrama o seu Espírito Santo. Contemplação é adoração, louvor, silêncio diante do Cristo Senhor, revelador do Pai. Mas você pode ainda enriquecer sua oração identificando oito degraus: leitura, meditação, oração, contemplação, consolação, discernimento, deliberação e ação.

3. Deus chama todos os seres humanos a servi-lo em espírito e verdade. Diante da verdade, a consciência obriga a dar uma resposta positiva, mas ninguém é forçado. Com efeito, Cristo convidou à fé e à conversão, mas, de modo algum, coagiu. Seu reino se estende graças ao amor com que Cristo, exaltado na cruz, atrai para si todos os homens. O episódio da mulher samaritana ilustra o percurso da conversão e da fé a que todos nós somos chamados. Até o encontro com Jesus, a mulher tinha bebido água que não conseguia saciar a sede. Jesus lhe faz uma nova proposta, de buscar uma outra água ou dar um novo sentido à própria vida. Passando de poço em poço, quase se divertindo em meio às perguntas e respostas, o jogo do diálogo mais perfeito já estabelecido até hoje faz com que o Eterno, feito carne, sinta sede da fé daquela mulher de vida confusa, e ela mesma descubra a água que traz a vida plena. A experiência da fé vivida pela mulher samaritana é tão forte que muda a sua existência radicalmente. De mulher de cinco maridos, como um povo de muitos ídolos, ela se transforma, pois encontra quem lhe mostra o mais profundo de sua própria alma, e se torna evangelizadora, transformandos e em fonte que conduz muitas outras pessoas à fé: “Já não é por causa da tua declaração que cremos, mas nós mesmos ouvimos e sabemos ser este verdadeiramente o Salvador do mundo”.

4. A samaritana tornou-se discípula e missionária, a partir do gesto de Jesus, que dela se aproxima e vence todas as dificuldades de relacionamento.
A V Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe delineou um caminho de presença dos cristãos que se fazem missionários: “Os discípulos, que por essência são também missionários em virtude do Batismo e da Confirmação, são formados com um coração universal, aberto a todas as culturas e a todas as verdades, cultivando a capacidade de contato humano e de diálogo.
Estamos dispostos com a coragem que nos dá o Espírito, a anunciar a Cristo onde não é aceito, com nossa vida, com nossa ação, com nossa profissão de fé e com sua Palavra”.
No meio da Quaresma, cada um de nós acolhe a missão de anunciar Jesus Cristo, para suscitar a conversão. Nossa conversão pessoal certamente não ficará estéril.

5. Nosso caminho para a Páscoa pede ainda, na terceira semana da Quaresma, a renovação de nossas escolhas. Talvez a idéia de vida “eterna” seja relegada a um armário do passado na vida de muitas pessoas, por imaginarem que se trata apenas de um tempo muito longo. E vida eterna encontrada na fonte, que é Jesus Cristo, é intensidade para hoje e para sempre. “Jesus, levantando os olhos ao céu, disse:
Pai, é chegada a hora. Glorifica teu Filho, para que teu Filho glorifique a ti; e para que, pelo poder que lhe conferiste sobre toda criatura, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe entregaste. Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste”. Trata-se de uma nova qualidade de vida, feita de comunhão com Deus e o próximo, gerada por um amor eterno.
Esta é uma semana para nos rendermos às provocações positivas da vida eterna, percorrendo as etapas de conversão que a leitura orante da Palavra de Deus suscitará com os textos que são propostos.

6. O convite à conversão acompanha nossa oração de Retiro nesta semana. Vale a pena estar atento às indicações que dão o tom de nossa oração pessoal. É tempo de superar a mediocridade, percorrendo as etapas de aprofundamento que a Igreja nos oferece na Quaresma.