🤔 Reflexão

Herdeiros da graça: o chamado para uma vida plena em Deus 

Vida no Espírito

Um herdeiro é aquele que tem direito a receber bens, sejam eles materiais ou espirituais. E nós, filhos de Deus, somos chamados a herdar tudo o que o Próprio Deus nos preparou. O Senhor deseja derramar sobre nós as Suas bênçãos sem medida.

A virtude da esperança

Créditos: Ester Vieira/ arquivo pessoal

No entanto, a nossa tendência ao pecado, muitas vezes, conduz-nos à morte espiritual como se estivéssemos com os olhos vendados e incapazes de distinguir o que é do Espírito e o que é da carne. Por isso, somos convidados a deixar para trás o “homem velho” e a assumir, com liberdade e responsabilidade, a escolha que moldará toda a nossa existência, ou seja, a decisão por Deus, que exige de nós conversão constante. 

Já estamos em alto-mar: cabe-nos seguir em frente, mesmo quando as exigências aumentam. Se observarmos bem, sabemos que nem somos dignos de tamanho investimento divino e que Ele vai continuar, dia a dia, a nos convocar a sermos mais d’Ele e por Ele. 

A vida se cumpre na missão

Reconheçamos a Sua providência em nossa vida e peçamos insistentemente: “Vem, Espírito Santo, santifica-nos!. É hora de perceber e aceitar nossos erros, meditar constantemente, viver o exercício diário da gratidão e buscar a santidade nas coisas ordinárias. O caminho, muitas vezes, é silencioso e solitário, mas nunca deixa de ser fecundo, e que estamos aqui para deixar um legado, começando por uma profunda transformação interior.

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A vida se cumpre na missão, e só nos tornamos quem devemos ser à medida em que nos sacrificamos, morremos para nossos gostos e apetites, e buscamos fazer a vontade de Deus.

Às vezes, esse “sim” é dito nas coisas mais simples: quando acordamos mais cedo para rezar, quando estendemos a mão a quem precisa, quando perdoamos, ainda que com o coração ferido; quando resistimos à tentação de responder com impaciência e escolhemos o silêncio; quando priorizamos a Santa Missa do domingo, deixando em segundo plano todas as outras ofertas de lazer. 

Mas também é verdade que, no dia a dia, recusamos o chamado quando agimos com indiferença; quando preferimos falar mal de alguém, quando escolhemos o conforto em vez do serviço; quando deixamos de rezar porque “não sobrou tempo”, quando a nossa resposta é o adiamento constante: “amanhã eu mudo, amanhã eu começo, amanhã eu perdoo”.

A cada novo dia, somos chamados a dar um passo a mais, conscientes de que cada conquista abre uma nova etapa que só se encerrará no dia de nossa morte. Até lá, permanecemos como uma obra em construção, uma tarefa inacabada. Essa jornada se opõe frontalmente às nossas tendências ao pecado, às prisões interiores do orgulho e do preconceito. É um contraste constante entre vícios e virtudes.

Santo Agostinho também hesitou em dar o grande passo. Procurou em lugares e pessoas aquilo que só poderia encontrar em Deus. Demorou, como nós tantas vezes demoramos, e sabia que havia resistido ao chamado e perguntava-se: “Por quanto tempo direi amanhã?”. 

Deus nos dá a liberdade: cabe a nós decidir

Toda jornada espiritual costuma começar com uma recusa. Isso revela o quanto o caminho é exigente, desafiador, e, ao mesmo tempo, transformador. É uma virada de página que exige luta, coragem e virtude que, no seu sentido original, é força e virilidade espiritual. Dizer “sim” aos chamados de Deus nunca é algo banal.

À medida que dizemos “sim” nas pequenas coisas, somos preparados para dizer “sim” nas grandes. Essa recusa inicial pode ser trágica, levando à perda eterna, ou pode ser apenas o primeiro passo antes de um “sim” generoso e definitivo. No fim, Deus nos dá a liberdade: cabe a nós decidir se responderemos ou não ao Seu chamado.

Micheline Teixeira é Membro definitivo do Núcleo da Comunidade Canção Nova, casada e Pós-graduada em Logoterapia.