Caminho para cura

Perdão, gota divina para a libertação

O perdão é gota divina, porque é o único caminho para a cura interior

O perdão é o grande segredo, em gotas, para a libertação, porque é o único caminho para a cura interior. Sem o perdão não existe nenhuma possibilidade de cura e restauração. Sem o perdão de tudo o que nos aconteceu no passado, não temos futuro.

Quando alguém é machucado interiormente e não supera ou cura essa ferida pela decisão e pela prática do perdão, acaba se tornando impossibilitado de amar qualquer outra pessoa. A ofensa do passado se transforma em obstáculo para o amor no futuro. O passado torna-se o grande inimigo do futuro.

Foto ilustrativa: Cecilie_Arcurs by Getty Images

O perdão é fruto de uma decisão consciente e persistente. É sempre um processo, que se assemelha a um tratamento homeopático ou a uma terapia continuada, processual, com resultados colhidos a médio ou longo prazo. A cura interior é uma espécie de fisioterapia para a alma. Leva tempo, exige sacrifício persistente, provoca algumas dores, precisa ser acompanhada por alguém competente. Nenhuma fisioterapia ou terapia similar traz efeitos instantâneos. Às vezes, parece até que a fisioterapia está aumentando o problema em vez de resolvê-lo. Pense especialmente na mentira das soluções imediatas. Quando se quer as coisas para ontem, acaba-se aniquilando e abortando o amanhã.

Perdão, tratamento a longo prazo

O perdão é um tratamento a longo prazo, é como uma fisioterapia. Leva tempo, exige esforço, dói na hora, parece aumentar a ferida, necessita de persistência, mexe com a área machucada, incomoda e cansa. Mas cada um desses atos é uma gota divina para a libertação de nosso coração aprisionado na mágoa do ressentimento. O primeiro passo para receber essas gotas divinas em nosso coração é reconhecer que temos feridas interiores. O segundo passo é decidir-se pelo perdão, optar por ele, como única saída, como a única possibilidade de cura e libertação.

O perdão é uma decisão da vontade e não um desejo das emoções. Em consequência dessa verdade, não podemos olhar para o perdão com um critério ético de justiça ou injustiça. Do ponto de vista humano, o perdão é sempre injusto, já que se supõe passar por cima da ofensa recebida e revelá-la. Esse processo requer humildade, mansidão, maturidade e autocontrole espiritual. Muitas vezes, em nome da justiça, abre-se espaço para a vingança. Se a justiça é pagar na mesma moeda, o perdão será sempre injusto.

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Quando buscamos soluções imediatas para nossos problemas, a vingança tem sabor de vitória e justiça. A vingança é uma forma de compensação, e não exige grande esforço para se vingar de alguém; ao passo que, para perdoar, é preciso autodomínio, persistência e, sobretudo, humildade ativa.

O perdão, aparentemente injusto, é o único ato que nos permite reconstruir um relacionamento. Além disso, o perdão nos possibilita amar as outras pessoas e nos relacionar bem com elas. E a vingança nos tolhe, porque nos deixa sempre com um pé atrás. A vingança nos aprisiona em nós mesmos.

“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor recíproco; porque aquele que ama o seu próximo cumpriu toda a lei” (Rm 13,8).

(Artigo extraído do livro “Gotas de cura interior” de padre Léo)