A Igreja e o OVNI

São inúmeros os livros e os relatos exóticos e esotéricos sobre o assunto, e que a cada dia deixam as pessoas mais fascinadas. Diante das dificuldades da vida real, da luta dura de cada dia, as pessoas são levadas cada vez mais a buscar satisfação no ‘sensacional’, no ‘maravilhoso’, no ‘fantástico’, esquecendo-se, muitas vezes, da lógica e da razão. Os romanos já diziam que ‘o povo gosta de ser enganado’.

A Igreja Católica não se pronuncia sobre a questão da existência ou não de seres vivos e inteligentes como nós, fora da Terra, já que isto pertence ao campo da ciência e não da religião.

Entretanto, percebe-se, com clareza, nos dias atuais, que se dá uma conotação religiosa aos chamados OVNI (objetos voadores não identificados) e seus imaginários tripulantes extra-terrenos, os quais, segundo certas crenças, mantêm ‘contatos’ com os terrenos. Nesta linha, vemos crescer a cada dia a multidão daqueles que vão em busca desses ‘contatos’. Os que aceitam o espiritismo, acreditam que eles vivem nas estrelas e nos astros, após atingirem a sua perfeição, depois de sucessivas reencarnações. Algumas crenças identificam os extra-terrenos com ‘espíritos desencarnados’, dando, então, a eles, uma conotação religiosa. Nesta linha, muitos os evocam e buscam contatos com eles.

Sabemos que a fé católica proíbe a evocação dos mortos. Basta conferir na Bíblia (Deut 18,9s; Lv 19,31; 20,6.9.27; 1 Cr 10, 12:14, etc) e no Catecismo da Igreja, que diz: ‘Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se supõem ‘descobrir’ o futuro. A consulta a horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos da visão, o recurso a médiuns escondem uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e finalmente sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para si os poderes ocultos’ (nº 2116).

E o Catecismo completa: ‘Essas práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus‘ (idem). É a Palavra da Igreja!

Ora, se os extra-terrenos, são vistos por alguma crença, como espíritos dos mortos que atingiram a ‘perfeição’, e são agora desencarnados, a sua evocação e o contato com eles é proibida pela fé católica.

A ciência séria, até hoje, não comprovou a existência de seres extra-terrenos. Há muitas pesquisas em andamento, mas até aqui nada há de real e comprovado pela ciência séria. Estudei durante três anos no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, como aluno de doutorado em ciências aero-espaciais, e ali, nunca ouvi de um cientista desta área, a comprovação da existência desses seres.

O Jornal Folha de São Paulo, no dia 14/11/95, publicou na página 1-14 (Caderno de Ciências) uma matéria sobre o assunto, retirada da revista New Cientist. Entre outras coisas a matéria diz o seguinte: ‘Muitos cientistas aceitam a visão de Frank Tipler, da Universidade Tulane (EUA), segundo a qual seres humanos são a primeira inteligência da Via Láctea. Para Tipler, sociedades mais avançadas que fizessem viagens interestrelares levariam cerca de 1 milhão de anos para colonizar a galáxia, se viajassem a velocidades menores que a da luz. Como a galáxia existe há cerca de 10 bilhões de anos e não há evidências aceitas por cientistas de ETs, não é difícil concluir que os seres humanos estão sozinhos na Via Láctea’.

Sabemos que para atravessar a Via Láctea são necessários 100 mil anos, viajando com a velocidade da luz (300.000km/s); e, para se chegar à galáxia mais próxima, Andrômeda, são necessários dois milhões de anos-luz.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino