Papa Francisco instituiu o “Dia mundial dos Pobres” como fruto do ano da misericórdia
Do dia 8 de dezembro de 2015 até 20 de novembro de 2016 foi celebrado, por iniciativa do Papa Francisco, o Ano Santo da Misericórdia. O Ano Santo é um “momento favorável” para abrir-se à graça de Deus. E o Ano Santo da Misericórdia nos levou, por um lado, a acolher a misericórdia do Pai e, por outro, a sermos misericordiosos com nossos irmãos, seja por meio das obras de misericórdia corporais, como das obras de misericórdia espirituais. Vamos lembrar quais são as obras de misericórdia?
A) Obras de misericórdia corporais:
1) Dar de comer a que tem fome;
2) Dar de beber a quem tem sede;
3) Dar pousada aos peregrinos;
4) Vestir os nus;
5) Visitar os enfermos;
6) Visitar os presos;
7) Enterrar os mortos.
B) Obras de misericórdia espirituais:
1) Ensinar os ignorantes;
2) Dar bom conselho;
3) Corrigir os que erram;
4) Perdoar as injúrias;
5) Consolar os tristes;
6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo;
7) Rezar a Deus por vivos e defuntos.
E, agora que terminou o Ano Santo, precisamos testemunhar a misericórdia com estas obras. Eis que, como fruto do Ano Santo da Misericórdia, o Papa Francisco instituiu o “Dia mundial dos Pobres”, por meio da Carta Apostólica “Misericordia et misera” (misericórdia e mísera), publicada exatamente no dia em que se concluiu o Ano Santo.
“Mísera e misericórdia”
Esse título, em latim, é uma citação do comentário de Santo Agostinho ao Evangelho de São João. Trata-se das duas palavras que Santo Agostinho utiliza para descrever o encontro de Jesus com a adúltera (cf. Jo 8, 1-11). E o Papa
Francisco escrevia, logo em seguida:
“Santo Agostinho não podia encontrar expressão mais bela e coerente do que esta, para fazer compreender o mistério do amor de Deus quando vem ao encontro do pecador: ‘Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia’. Quanta piedade e justiça divina nesta narração! O seu ensinamento, ao mesmo tempo em que ilumina a conclusão do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, indica o caminho que somos chamados a percorrer no futuro.
Esta página do Evangelho pode, com justa razão, ser considerada como ícone de tudo o que celebramos no Ano Santo, um tempo rico em misericórdia, a qual pede para continuar a ser celebrada e vivida nas nossas comunidades. Com efeito, a misericórdia não se pode reduzir a um parêntese na vida da Igreja, mas constitui a sua própria existência, que torna visível e palpável a verdade profunda do Evangelho. Tudo se revela na misericórdia; tudo se compendia no amor misericordioso do Pai”.
A reflexão desta Carta Apostólica é muito rica e, graças à facilidade de muitas pessoas acessar a internet, sugiro que seja lida neste site.
“Não amemos com palavras, mas com obras”
Mas, exatamente no fim da carta, o papa Francisco inaugurou o “Dia Mundial dos Pobres”, com estas palavras: “Intuí que, como mais um sinal concreto, deste Ano Santo extraordinário, se deve celebrar em toda a Igreja, na
ocorrência do XXXIII Domingo do Tempo Comum, o Dia Mundial dos Pobres. Será a mais digna preparação para bem viver a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, que Se identificou com os mais pequenos e os pobres e nos há de julgar sobre as obras de misericórdia (cf. Mt 25, 31-46)”.
A partir dali, no dia em que a Igreja celebra a memória de Santo Antônio, muito venerado no mundo inteiro, 13 de junho, o Papa Francisco publicou, seja em 2017, como em 2018, uma carta para inspirar a maneira de melhor viver o “Dia Mundial dos pobres”.
Na carta publicada para o ano de 2017, o Papa Francisco começou com as palavras do apóstolo João: “Não amemos com palavras, mas com obras” (1 Jo 3,18). E, mais para frente se dirigiu não só aos cristãos, mas a todos os homens de boa vontade, nestes termos:
“Convido a Igreja inteira e os homens e mulheres de boa vontade a fixar o olhar, neste dia, em todos aqueles que estendem as suas mãos invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade. São nossos irmãos e irmãs, criados e amados pelo único Pai celeste.
Este Dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade. Deus criou o céu e a terra para todos; foram os homens que, infelizmente, ergueram fronteiras, muros e recintos, traindo o dom originário destinado à humanidade sem qualquer exclusão.”
E, na carta publicada para o “Dia Mundial dos pobres de 2018” as palavras iniciais são tiradas do Salmo 347: “Este pobre clama e o Senhor o escuta”. O Papa, logo depois, assim comenta estas palavras:
“Façamos também nossas estas palavras do Salmista, quando nos vemos confrontados com as mais variadas condições de sofrimento e marginalização em que vivem tantos irmãos e irmãs, que nos habituamos a designar com o termo genérico de ‘pobres’.
O autor de tais palavras não é alheio a esta condição; antes, pelo contrário, experimenta diretamente a pobreza e, todavia, transforma-a num cântico de louvor e agradecimento ao Senhor. Hoje, este Salmo, também, permite
a nós, rodeados por tantas formas de pobreza, compreender quem são os verdadeiros pobres para os quais somos chamados a dirigir o olhar a fim de escutar o seu clamor e reconhecer as suas necessidades”.
Limitei-me a citar apenas algumas palavras do Papa Francisco que nos ajudam a entender a significativa iniciativa do “Dia Mundial dos Pobres”. Quem puder, acesse na internet todo o conteúdo destas mensagens. Mas, acima de
tudo, “não amemos com palavras, mas com obras” (1 Jo 3,18).