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Dia Mundial dos Correios: a evolução dos meios de comunicação

No dia 9 de outubro, é comemorado o Dia Mundial dos Correios. Tal data pode não parecer relevante para os mais jovens em um contexto tecnológico em que as cartas não são mais o principal meio de comunicação. Entretanto, é importante ressaltar que a carta desempenhou um papel significativo ao longo da história, e a existência de um serviço universal de correspondência representou um avanço considerável.

Essa data foi estabelecida em comemoração ao aniversário da União Postal Universal (UPU), órgão fundado em 9 de outubro de 1874, em Berna, na Suíça. A UPU revolucionou as comunicações a nível global, permitindo a troca de correspondências entre países. No entanto, para compreender a importância desse marco, é preciso retroceder um pouco para entender o contexto.

Ao longo da história, o homem sempre buscou maneiras de superar as limitações de tempo e espaço na comunicação com outras pessoas, independentemente da distância. Para isso, foram empregados mensageiros a cavalo ou a pé, visando transmitir mensagens. No entanto, sempre existiu a possibilidade de perda de partes importantes das mensagens. Com o advento da escrita, as mensagens adquiriram um papel mais robusto, abrangendo cada vez mais informações.

Créditos: Jonatas Passos

Os mensageiros

No entanto, o desenvolvimento de organismos responsáveis pela logística do envio de cartas não ocorreu de forma prática devido a questões de confiabilidade, soberania nacional e interesses geopolíticos. Os sistemas de envio de correspondência, como os existentes na China antiga e no Império Carolíngio, estavam restritos a questões oficiais ou a um grupo seleto de pessoas. Portanto, por muito tempo, os mensageiros foram o principal meio de entrega de correspondências.

Na Bíblia, temos o exemplo das Epístolas, em que os apóstolos e evangelistas dependiam do apoio dos fiéis para a entrega das cartas. Um exemplo disso é a Epístola aos Romanos, em que São Paulo faz referência à Febe no capítulo 16, ou a primeira carta aos Coríntios, em que, no capítulo 1, ele menciona Sóstenes. Por meio desse valioso serviço, os ensinamentos deixados por São Paulo e outros foram preservados e perpetuados.

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Surge o carteiro e suas funções

Vale ressaltar que, até 1835, as pessoas comuns que desejavam enviar correspondências precisavam recorrer a mensageiros, viajantes, tropeiros, bandeirantes ou escravos. Ou seja, não havia um serviço acessível ao público em geral até o período imperial brasileiro, quando os correios começaram a realizar entregas de correspondências em domicílio. Posteriormente, no Decreto Nº 255 de 29 de novembro de 1842, também estabeleceu-se a função e a nomenclatura do carteiro, assim como suas atribuições.

No contexto do século XIX, com os consideráveis avanços tecnológicos, surgiu a necessidade de criar um órgão que pudesse promover a troca de correspondências entre pessoas de diferentes países em um mundo cada vez mais globalizado. Esse órgão deveria ser confiável e eficiente, e assim nasceu a União Postal Universal (UPU).

A UPU foi criada por meio do Tratado de Berna, do qual o Brasil tornou-se signatário por meio do Decreto Nº 6.581 de 25 de maio de 1877. A UPU é uma agência especializada das Nações Unidas e sua principal motivação para criação foi suprir a demanda por comunicação internacional. Antes de sua existência, para que houvesse a troca de correspondências entre diferentes países, era necessário que houvesse um tratado abrangendo essa questão. Caso contrário, era preciso intermediar a comunicação por meio de uma nação terceira com a qual ambos os países tivessem tratado.

Assim, esta data é um marco histórico relevante, que lança luz sob um serviço essencial, que hoje não conta com o mesmo prestígio, em especial diante da velocidade e dinâmica dos meios digitais. Contudo, teve papel importante na história dos meios de comunicação e deve ser lembrado e valorizado.

Jonatas Passos –  natural de Cruzeiro (SP), marido, pai e colaborador da Fundação João Paulo II. Formado em Tecnologia, Informática e História. Pós-Graduado em Jornalismo e História do Brasil, com extensão em História da Religião.