Não gosto que os pacientes ficam medindo sua pressão arterial em casa, primeiro, pela possibilidade de medidas errôneas que poderão criar situações de angústia sem necessidade e, segundo, para evitar que fiquem dependentes do seu aparelhinho de pressão, tomando medidas a todo instante, criando um fator neurotizante que pode piorar a doença e também a relação familiar.
É muito difícil controlar esse tipo de paciente que, a todo instante, mede a sua pressão e sempre atribui os aumentos previsíveis da pressão a toda sua carência afetiva e a todos os seus problemas emocionais. No entanto, existem situações para as quais sugiro que o paciente realmente compre um aparelho digital de qualidade, em locais apropriados. Isso ocorre quando o paciente mora muito longe de um posto de saúde ou quando não pode sair de casa para medir a pressão arterial. Nesses casos, peço que, após a compra do aparelho, o paciente venha até meu consultório para que eu o ensine a usá-lo e também para aferi-lo com os meus medidores de pressão.
O esfigmomanômetro (aparelho de medir a pressão) do tipo aneroide é o aparelho mais comumente utilizado e deve ser periodicamente testado e devidamente calibrado. Os aparelhos digitais devem ser utilizados com muito cuidado, pois, são susceptíveis a muitos erros, principalmente aqueles adquiridos em locais não especializados e sem procedência.
Fique atento quando for medir sua pressão arterial
Quando tomamos a pressão arterial, temos duas medidas: a primeira com um valor mais alto é a pressão sistólica ou pressão máxima. A segunda medida é a pressão diastólica ou pressão mínima. Por exemplo, 140 por 80. Isto quer dizer que a pressão máxima é 140 e a mínima 80. Para se saber se a pressão está fora dos padrões normais,
devemos olhar na tabela a seguir:
Quando for medir a sua pressão, esteja certo de: não estar com a bexiga cheia; não ter praticado exercícios físicos; não ter ingerido bebidas alcoólicas, café, alimentos ou ter fumado até trinta minutos antes da medida; ter descansado de cinco a dez minutos, estar sentado em ambiente calmo e com temperatura agradável.
Durante o procedimento, não fale e procure deixar o braço bem relaxado. Toda pessoa que controla a sua pressão arterial deve fazê-lo ao menos mensalmente e, de seis em seis meses, consultar-se com seu médico para verificar a medicação.
Além dessa forma habitual da medida da PA, que pode ser feita pelo próprio paciente, existe a monitorização da PA durante 24 horas (MAPA) e a medida residencial da pressão arterial (MRPA). O MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial) consiste na medida automática da PA a cada trinta minutos durante 24 horas. Os valores medidos são registrados e contabilizados por meio de software específico que oferece um relatório com os valores de cada medida durante as 24 horas do exame, bem como a porcentagem de medidas obtidas fora dos limites normais preestabelecidos. Assim, podemos constatar a presença de hipertensão arterial, se mais do que 50% das medidas tomadas forem acima dos valores normais.
Constata-se também a presença ou ausência da redução fisiológica da PA durante o sono (10% de medidas abaixo dos valores da vigília). A ausência do descenso noturno da PA está frequentemente associada a ocorrência de infarto do miocárdio (IM), acidente vascular cerebral (AVC) e morte súbita.
Diário dos sintomas
Os pacientes também são estimulados a anotar em um diário os sintomas ocorridos durante a gravação. Isso nos permite correlacionar os sintomas com as medidas da PA. Muitas vezes, os pacientes queixam-se de dores de cabeça ou mesmo tonturas e atribuem isso a um alteração da pressão, sintomas que nem sempre estão relacionados à alterações da PA (uma dor de cabeça por conta de tensão muscular, uma enxaqueca, uma tontura rotatória por alterações do labirinto).
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A análise do diário do MAPA é uma ferramenta excelente para dirimir essas dúvidas. O MRPA (Monitorização Residencial da Pressão Arterial) é um método destinado a fazer registro da PA fora do ambiente de consultório, pelo próprio paciente ou pessoa capacitada para tal, com equipamento validado e calibrado. Nesse exame, o paciente leva o aparelho de pressão para casa e, durante um período determinado (em geral sete dias), faz várias tomadas diárias da PA. As medidas são contabilizadas por um software específico que nos dirá se o paciente é hipertenso ou não.
Texto extraído do livro “Livro Hipertensão Arterial – Uma Visão Integrativa“, de Dr. Roque e Dra. Gisela Savioli.