Reflexão

Cuidado com as ideologias que promovem a cultura do desespero

Reflita sobre o pensamento da Igreja Católica frente a algumas ideologias políticas

Chegamos ao último artigo dessa série sobre política. Se, de alguma forma, algum desses artigos ajudou você em algum ponto, não deixe de os indicar a alguém.

Como vimos no artigo anterior, educação política é uma necessidade premente. Além disso, vimos a importância da moral cristã, até mesmo como um pré-requisito para a escolha dos nossos candidatos e a necessidade de conhecer bem o passado de cada um deles.

Nesse artigo, continuaremos a falar acerca da moral e apresentaremos o pensamento da Igreja Católica frente a algumas ideologias que movem o pensamento dos partidos e dos candidatos. Sem mais delongas, passemos à segunda dica.

Cuidado-com-as-ideologias-que-promovem-a-cultura-do-desespero

Foto Ilustrativa: XtockImages by Getty Images

Segunda dica: cuidado com as ideologias por trás dos candidatos

Segundo o portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Brasil possui uma lista com 35 partidos políticos registrados oficialmente e ainda algumas dezenas de partidos em processo de formação. Cada partido possui a sua linha de pensamento, sua ideologia. Existem, por exemplo, partidos alinhados com ideais liberais, trabalhistas, socialistas, ambientalistas, comunistas, conservadores e muitos outros.

Entramos em um ponto importante da questão e que deve ser levado em conta na hora de escolher o candidato. Tome muito cuidado com os partidos e candidatos que representam ideologias condenadas tão contundentemente pela Igreja Católica. A esse respeito, quero apresentar, por exemplo, o pensamento de alguns Papas sobre as ideologias de origem liberais e marxista: comunismo, socialismo, gramscismo (marxismo cultural).

Acerca do liberalismo (ideologia do capitalismo), Paulo VI escreve: “Este liberalismo sem freio conduziu à ditadura denunciada com razão por Pio XI, como geradora do ‘imperialismo internacional do dinheiro’. Nunca será demasiado reprovar tais abusos, lembrando, mais uma vez, solenemente, que a economia está ao serviço do homem. Mas se é verdade que um certo capitalismo foi a fonte de tantos sofrimentos, injustiças e lutas fratricidas com efeitos ainda duráveis […]”. Nesse trecho, já podemos tirar uma preciosa lição, o dinheiro, o capital, a economia nunca deve estar à frente da ética ou da moral.

Sobre o comunismo, o Papa Pio XI escreveu: “Vós, sem dúvida, já percebestes de que perigo ameaçador falamos: é do comunismo, que se propõe como fim peculiar revolucionar radicalmente a ordem social e subverter os próprios fundamentos da civilização cristã”. “O comunismo é intrinsecamente perverso e não se pode admitir em campo nenhum a colaboração com ele”.

Em discurso ao presidente da Romênia, São João Paulo II disse: “Quarenta anos de comunismo ateu deixaram vestígios e cicatrizes na carne e na memória do vosso povo, e instauraram um clima de desconfiança; tudo isso não pode desaparecer sem um concreto esforço de conversão da parte dos cidadãos na sua vida pessoal e nas suas relações com o conjunto da comunidade nacional”.

Com relação ao socialismo, tanto João XXIII quando Pio XI declaram que entre o comunismo e o cristianismo, a “oposição é radical”, “não se pode admitir, de maneira nenhuma, que os católicos adiram ao socialismo”, mesmo que moderado.

A dica já foi dada, mas quero a retomar de forma mais direta: cuidado com partidos e candidatos mergulhados em pensamentos ideológicos condenados pela Igreja.

Leia mais:
.: Em qual candidato deve votar na próxima eleição?
.: Qual o papel do cristão na política segundo o pensamento da Igreja?
.: A educação política é uma necessidade premente da sociedade
.: Anular o voto é pecado?

Terceira dica: fique atento com os candidatos que não se posicionam de maneira clara

Uma das atitudes mais reprováveis em um candidato é a falta de clareza em suas posições. O que mais se tem observado nos discursos dos atuais candidatos, seja qual for o cargo pretendido, é uma falta de clareza e de posicionamento. Vivem em cima do muro e, quando se sujeitam a tratar dos assuntos mais polêmicos, o tratam de maneira tão prolixa e evasiva, que não deixa clara o seu posicionamento. Exercitam, e muito bem, a arte dos sofismas.

Quando são perguntados, por exemplo, se são a favor do aborto, raramente responderão “sim – e ponto final”, ou “não – e ponto final”. Ou iniciarão com o previsibilíssimo clichê “mas é obvio que ninguém é a favor do aborto…”, para, então, justificar o apoio a esse crime de assassinato, ou transmitirão a responsabilidade por esta decisão para a justiça ou para o povo por meio de plebiscito. Tome cuidado com os candidatos que não se posicionam de maneira clara, principalmente acerca dos valores morais.

O conhecido adágio “quem não deve, não teme” pode ser muito bem empregado nessa situação. Busque saber qual a posição do candidato a respeito das drogas, da família, da ideologia de gênero, da doutrinação nas escolas, do respeito à propriedade privada, da livre manifestação religiosa. Investigue se ele já esteve de conluio ou subordinado a pequenos e barulhentos grupos cheio de interesses que não representam a maioria.

Quarta dica: busque candidatos que possuam afinidade com a ética e a moral cristã

Se, somos realmente cristãos, precisamos ter bem sedimentados em nós alguns ensinamentos tirados de um importantíssimo documento elaborado pela Pontifícia Comissão Bíblica, chamado “Bíblia e Moral: raízes bíblicas do Agir Cristão”. Esse documento pode ser encontrado no site da Santa Sé. Vale apena lê-lo.

Um dos ensinamentos que esse documento traz é o seguinte: “sem Deus não se pode construir nenhuma ética”. Ele também afirma que o ponto de referência da moral cristã encontra-se na Sagrada Escritura. Nela, os cristãos se defrontam com indicações e normas para o reto agir. Dessa maneira, percebe-se que a moral cristã é muito mais que um código de comportamentos e atitudes, ela apresenta-se “como um ‘caminho’ revelado”. Por sua vez, esse “‘caminho’ moral não chega sem preparação”. Você, cristão, é responsável por preparar este caminho.

Usar o dinheiro público, por exemplo, para apoiar “artes” com forte apelo ao sexo é moralmente condenável. Refiro-me às exposições de quadros em galerias de arte, peças de teatro absurdamente agressivas à consciência cristã, filmes, shows, gravações de clipes, CDs ou Dvds. Tudo isso representa um forte abuso à consciência de uma população majoritariamente cristã. Cerca de 86% dos brasileiros se dizem cristãos.

O homem nasceu para ser livre

O Compendio da Doutrina Social da Igreja afirma que, “afastando-se da lei moral, o homem atenta contra a sua própria liberdade, agrilhoa-se a si mesmo, quebra os laços de fraternidade com os seus semelhantes e rebela-se contra a verdade divina”. Caro irmão, não se esqueça de que o cristão católico não está com a “direita”, nem com a “esquerda” (acaso realmente existam), o cristão católico está, acima de tudo, com o Evangelho.

Tendo em vista a liberdade dada por Deus ao ser humano, ele é chamado ao discernimento moral, à escolha e à decisão. Esta posição de comando que Deus confiou ao ser humano implica responsabilidade, empenho de gestão e administração. Dessa forma, foi dada ao homem a capacidade de fazer extraordinários progressos científicos e tecnológicos, respeitando sempre o limite dado pelo Criador.

Para finalizar, eu gostaria de relembrar um pensamento do filósofo Aristóteles, do qual falamos no primeiro artigo. Para ele, o governo deveria ser composto pelos melhores, pelos mais sábios e virtuosos. Na democracia, temos a possibilidade de exercitar esta salutar atividade. Contudo, é preciso que você saiba de uma coisa: votar nulo ou em branco não significa votar em ninguém, mas significa eleger o pior.

Deus abençoe você e até a próxima!