Relacionamentos descartáveis

Somos feitos para o eterno, não para as opções passageiras

Vivemos em uma sociedade onde as opções passageiras viram prioridades, o que torna os relacionamentos vazios

Uma das grandes dificuldades dos tempos atuais é que o mundo ensina as pessoas a fazerem opções transitórias, passageiras. E isso tem feito um grande mal à sociedade que, sem identidade, tem experimentando um vazio existencial.

O homem foi criado por Deus para ser eternizado. O Senhor o fez perfeito, deu a ele um jardim que se chamava Éden, onde viveria feliz por toda a eternidade. Porém, o homem fez a opção de desobedecer, de seguir sua vontade, deixar-se enganar por aquilo de mais passageiro que havia no jardim: a árvore do conhecimento do bem e do mal, da qual Deus lhe disse que não comesse do seu fruto. Desde essa queda, o homem vem sendo tentado a optar pelo vazio, pelo passageiro, transitório. No entanto, trazemos impresso, no nosso “DNA espiritual”, a característica de vivermos para o eterno, para as coisas que não passam, não enferrujam nem a traça corrói (cf. Mt 6,19).

Somos feitos para o eterno não para as opções passageiras

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Somos capazes de viver o eterno neste tempo que se fragmenta dia após dia. Somos capazes de experimentar o eterno por excelência: Deus! Depois de experimentá-Lo, podemos fazer a experiência da eternidade de diversas maneiras: no matrimônio, na vida em comunidade, nos relacionamentos de amizade e também com a natureza.

Cuidado com os relacionamentos descartáveis

Há uma grande tentação nos tempos atuais de viver os relacionamentos descartáveis. Às vezes, os casais se preparam para o matrimônio com a seguinte mentalidade: “Vamos nos casar; se não der certo, nós nos separamos e vamos cada um viver a sua vida e buscar a felicidade em outra pessoa”.

Existem pessoas que entram para a Igreja e começam a viver uma experiência de eternidade na comunidade onde vivenciam a sua fé; porém, se acontecer alguma decepção, já logo a abandonam e vão atrás de uma outra realidade comunitária, como se não fossem se decepcionar nesta outra. As amizades, muitas vezes, só duram até quando começam os desafios das diferenças de opiniões, quando estas não batem em alguns aspectos. Sintomas de uma sociedade que não se sente capaz de fazer opções por relacionamentos e experiências eternas, e acaba ficando doente por isso.

Desde minha conversão, já passei por inúmeras decepções dentro da estrutura eclesial e, muitas vezes, tenho deparado com as fraquezas humanas dos irmãos com os quais convivo no dia a dia. Fico impressionado, outras vezes, com alguns amigos que se tornam tão importantes, em tão pouco tempo, que só posso afirmar: o que vivemos juntos é céu, é eternidade, é presença de Deus que preenche, realiza, gera alegria!

Tenho observado muitas pessoas entristecidas, muitas pessoas irrealizadas, precisando se mascarar para corresponder aos anseios passageiros e transitórios deste mundo. Rapazes que malham, ficam com um corpo sarado, são metrossexuais, usam cremes, fazem plásticas, mas é só uma casca, uma máscara. Moças que andam na moda, que trabalham o corpo, maquiam-se, esticam o cabelo, porém, vivem uma vida vazia, uma fantasia, e, depois de certo tempo, “viram abóbora” de novo. Pessoas que não aceitam as rugas, que colocam botox e vivem de fantasias.

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Onde está a felicidade?

Não pense que sou contra as pessoas cuidarem do corpo e viverem uma vida saudável. Sou muito favorável a isso, pois temos de cuidar do templo do Espírito Santo que Deus nos deu. O que questiono são as pessoas que querem somente salvar esse corpo, que um dia vai passar, vivendo escravas dele, vivendo somente o passageiro, sem procurar o eterno, sem valorizar a verdade e as coisas que nos levam a experimentar Deus. Preocupo-me com essa sociedade “Big Brother”, “light”, pois muitos estão com os pés plantados aqui, neste mundo transitório, e não conseguem ver que tudo vai passar e que só o Eterno Deus prevalecerá. E aqueles que fizeram opção pelo eterno vão permanecer.

Deus nos convida a deixarmos de lado o que é passageiro, transitório e descartável, e a optarmos pelas coisas eternas, por aquilo que nos garante a experiência do Céu aqui na Terra, e nos garante, aqui, a vida eterna que se realiza no Céu. É hora de assumirmos: somos do eterno, somos do Céu, e só as coisas eternas são capazes de nos preencher e nos fazer experimentar a felicidade plena ainda aqui neste mundo passageiro.

“Mas os que esperam no Senhor, renovam suas forças, criam asas como águia, correm e não se fadigam, andam, andam e nunca se cansam” (Is 40,31).

Deus abençoe!
Conte comigo!

Seu irmão,

Padre Roger Luis
Sacerdote da Comunidade Canção Nova