como assim?!

O chato que entrou no céu!

Meditando sobre relacionamentos e como é difícil conviver com algumas pessoas, percebi que, muitas vezes, me pego pensando: que não amo fulano ou sicrano porque ele é chato demais, porque tem esse ou aquele defeito, aquela mania irritante que me incomoda etc. Até já disse: “Eu sou chata; mas fulano me ganha! Esse eu não quero por perto”. Selando com um solene: “Deus que me livre de fulano!”.

Outras vezes, num impulso de tentar ser melhor, até tento me esforçar por amá-los e aceitar suas chatices, com um presunçoso espírito de sacrifício que, por não ser sincero, na maioria das vezes, cai por terra no segundo ou terceiro dia. E aí me pergunto: “Fazer o que se os chatoso eles?”.

O chato que entrou no céu!

Foto ilustrativa: AntonioGuillem by Getty Images

O chato também está incluso no mandamento do amor ao próximo

Pois é, falta humildade, falta sinceridade, falta empatia, falta a capacidade de aceitar minha pequenez e admitir que o problema não é ele ser chato, o problema está na minha incapacidade de amá-los.

Ouvindo a homilia do padre Rei, aqui em casa, ele disse uma frase que fez toda a diferença diante dessa situação. Dizia ele: “Aí está a ruína de qualquer ser humano, viver a partir de uma concepção errada de si mesmo!”. No mesmo momento, “meus olhos se abriram”, pensei: “Talvez, esse chato ganhe o céu, e eu, por não tê-lo amado, não!”.

Precisei entender que sou eu quem não sou capaz de amá-lo do jeito que ele é, essa é a verdade, não posso terceirizar essa responsabilidade. O convite de Jesus é para que amemos até os nossos inimigos. E, para a minha sorte, os chatos também estão inclusos neste mandamento do amor, pois é!

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Amor verdadeiro

Quando paro de olhar para as chatices alheias e aceito essa verdade a meu respeito, coloco-me sob a promessa de Deus “é na tua fraqueza que manifesto a minha força” (2Cor 12,9); e posso acreditar que “outrossim o Espírito Santo virá em ‘meu’ auxílio” (Rm 8,26), pois, “Deus é amor” (1Jo 4,8), é d’Ele que nos vem toda a capacidade de amar.

Veja, o amor verdadeiro não impõe condições, Ele é livre e desinteressado. Deus não esperou que eu deixasse, não só as minhas chatices e pecados para me amar, Ele me amou com tudo isso, pois sabe  que é o amor que tem poder de transformar os “feios” em bonitos, os “lisos” em proativos, os chatos em gente boa, pecadores em santos.

Tudo começa quando reconhecemos quem somos. Bem, eu sou essa que, muitas vezes, não sou capaz de amar, pois meu amor ainda é muito limitado, entendi que para mim só tem uma saída: vinde Espírito Santo, ensina-me a amar!


Carla Picolotto

Carla Picolotto é natural de São José das Missões (RS). Membro da Canção Nova desde 2009, Carla passou pelas missões de Lavrinhas (SP), Cachoeira Paulista (SP), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE) e Queluz (SP). Neste último, ela fez parte da equipe de Formação do discipulado. Atualmente, está na missão de São José dos Campos (SP).