“Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta.
Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, vestiu-se como qualquer deles. Pois se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?” (Mateus 6,25-30)
Desde minha infância, sou visitada por essa visão de amor. Essa palavra me acompanha com muita força e foi por causa dela que batizei meu primeiro CD de “Mais que os pássaros”, há mais de 25 anos, numa tentativa de testemunhar como me sentia vista por Deus, sob um cuidado raro, delicado e fino.
Mesmo depois de tanto tempo, continuo tendo essa mesma visão: Deus cuidando de mim como um passarinho ferido em Suas mãos, tendo-me em Seus braços com um lírio frágil. Nesse caminho de fé, fui assimilando um amor maravilhoso do Senhor por mim. Foi por meio dessa palavra que experimentei uma reconstrução da minha fé, quando ela se enfraquecia diante das dificuldades e decepções da vida. Foi nessa palavra em que me baseei para ter esperança diante de tantas realidades que me diziam o contrário, para acreditar que Deus podia muito mais em minha casa, em minha família, em meu coração e com as pessoas que eu mais amava nesta vida. E tudo permanece mais vivo do que nunca! Parece que foi ontem quando li esse trecho da Bíblia pela primeira vez.
O poder da mulher orante
Existe uma imensa diferença entre ser uma mulher que caminha a esmo e ser uma mulher que reza. Esta volta o seu olhar, todos os dias, para uma realidade eterna e divina; aquela não vê esperança em nada, tornando-se desagradável constantemente pela quantidade de murmuração que carrega junto em si. Uma mulher que reza, o faz com a vida; ela confia seus passos, suas decisões, escolhas e percepções a Deus em oração. Ser uma mulher orante muda uma história inteira.
Uma mulher que reza torna-se muito mais capaz de silenciar, esperar e dominar; ela é capaz de suportar o que nunca antes imaginava. Grande exemplo de mulher que reza é Maria, que rezou em pé, aguentou em pé e encheu a humanidade feminina de dignidade, força e exemplo. A meu limitado ver, essa habilidade de Maria é estrondosa, gigante e magnífica; ela calou-se, sabia de tudo e mesmo assim calou-se. Um domínio de si sem igual, uma fé tão bem construída pela graça de Deus que nada pôde abalar! Essa fé almejo!
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A mulher orante não sucumbe nem cai diante de qualquer dificuldade, ela não reza somente depois que as coisas se ajeitaram querendo garantias e seguranças, mas ela reza enquanto as coisas se ajeitam, enquanto tudo se modifica, enquanto tudo se transforma. É até difícil imaginar uma mulher que não pede garantias para dar um passo de confiança, mas aquela que reza é assim: ela simplesmente confia e segue segura.
Nos meandros dessa palavra, fui aprendendo, devagarinho, que nada nesta vida iria me faltar, mesmo sabendo que nada iria me sobrar. Fui entendendo o convite que me estava sendo feito tão explicitamente: ser uma mulher de esperança.