Responsabilidade

Educar é tarefa artesanal e contribui para o crescimento na família

A educação dos filhos não pode ser terceirizada

O amor na família é uma dinâmica de crescimento contínuo. Na Exortação Apostólica Amoris Laetitia, Papa Francisco quer incentivar o amor a se expandir sem limites, o que exige cultivo do o casal e deve transbordar, primeiramente, para os filhos. Quando nós pais abrimos mão dessa característica essencial, estamos correndo um sério risco de tropeçar nessa missão tão linda que o Senhor nos confiou.

Educar é tarefa artesanal e contribui para o crescimento na família
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Vocação natural dos pais para educar

A família não é um ideal abstrato, mas uma tarefa artesanal. Francisco ensina que a família tem a “vocação natural de educar os filhos para que cresçam na responsabilidade de si e dos outros”. O documento para as famílias mostra que “a Bíblia está povoada de famílias, gerações, histórias de amor e crises familiares”. Infelizmente, não estamos isentos desse perigo, já que até o Rei Davi, admirado por suas conquistas, não teve o mesmo êxito como pai.

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A Sagrada Escritura relata que Davi era belo de aparência. Ele venceu o gigante Golias, organizou exércitos, expandiu Israel e ainda possuía dotes musicais. Mas, como pai, não teve o mesmo êxito. Aponto algumas falhas, não para denegrir a imagem deste grande homem, mas para alertar que nós também corremos o mesmo risco.

Davi tinha muitas mulheres e teve muitos filhos também. Veja só o que aconteceu como os filhos de Davi. Adonias, por exemplo, em uma conspiração contra o pai, proclamou-se rei de Israel. O irmão dele, Absalão armou um golpe contra o governo de Davi. Situação impensável como incesto também foi registrado. Amon, o primogênito, abusou sexualmente da irmã, Tamar. Salomão e Natã seguiram um caminho mais correto, orientados pelas leis do Senhor. Arrependido do pecado, o Rei compôs o Salmo 50, um dos mais belos hinos penitenciais da Bíblia.

Erros dos pais na educação dos filhos

Desafios existem e são muitos. O Papa aponta erros em que podemos tropeçar na educação como autoritarismo, favoritismo, conformismo e repressão afetiva. Em meu livro “Papa Francisco às famílias, os segredos para a conquista de um lar feliz”, oriento que é necessária a proximidade do pai e da mãe para a criança. O Santo Padre explica que uma tarefa simples como pedir para o filho subir uma escada, mas não acompanhar os passinhos dele, acaba irritando o pequeno. Mas se pegamos na mão e, passo após passo, o fazemos subir, será mais fácil. Não podemos pedir aos filhos coisas que não somos capazes de fazer. “A relação entre pais e filhos deve ser de uma sabedoria, de um equilíbrio tão grande”, orienta o Papa.

Filhos necessitam de limites e correção

Constata-se que, por exemplo, foram afetadas as relações entre pais e professores na escola. Diante dessa fragilidade e pela pouca busca por conhecimento ou imaturidade, muitos pais estão abrindo mão de sua responsabilidade e atribuindo aspectos da educação a pessoas que se dizem “superespecialistas” em vida afetiva, personalidade e desenvolvimento. Privados do seu papel, o resultado tem sido pais excessivamente apreensivos e possessivos na relação com os filhos, chegando ao ponto de nunca corrigi-los. O Papa afirma que atitudes desse tipo são gravíssimas, já que os filhos necessitam de limites e correção.

Educação de filhos

Diante dessa ausência, muitos pais se aventuram em um “dialoguismo” superficial. Sobre isso, o Papa propõe algumas reflexões: “Procuramos entender onde estão deveras os filhos no seu caminho? Sabemos onde realmente está a alma deles? E, sobretudo, queremos sabLV Educar pela conquista e pela féê-lo? Estamos convictos de que eles, na realidade, não estão à espera de algo mais?”.

A responsabilidade da educação dos filhos é dos pais e não pode ser terceirizada. Mas será que existem receitas prontas para educar? Francisco não responde a essa pergunta. Ele apresenta outra questão para pensarmos: “quais tradições temos hoje para transmitir aos nossos filhos?”. Podemos ser grandes profissionais, empreendedores, inclusive bons pregadores, coordenadores de pastorais, porém, estarmos negligenciando em nossa missão dentro de casa. A consequência dessa falha, leva à ineficácia do ministério e afunda o casamento.