Cientistas, no Reino Unido, estão autorizados a modificar, geneticamente, embriões humanos pela primeira vez na história, para que possam evitar chances de aborto e problemas com o feto.1
A licença foi concedida pelo órgão independente Hfea (Fertilização Humana e Embriologia do Reino Unido), no entanto, esses embriões ainda não podem ser implantados nas mulheres. Contudo, a decisão representa um grande marco no uso da tecnologia revolucionária da edição de gene.
Como a Igreja se posiciona em relação à alteração genética em embriões?
Sabemos que, por meio da técnica, é possível a intervenção direta no genoma da pessoa (DNA), e que o homem se serve dela para suprir as condições deficitárias que são as características mais relevantes de sua natureza física. A tecnologia é um instrumento, um meio e não tem o poder de decifrar os valores. A valoração deve acontecer por meio da hermenêutica da ação.
As ciências biológicas e a medicina chegaram a descobertas fantásticas, beneficiando indivíduos e populações. Com a genética humana, o homem é capaz de colocar suas mãos em territórios até então desconhecidos e enigmáticos. Essas novas descobertas trazem esperanças de melhoria da qualidade de vida, do afastamento do homem da morte, mas, por outro lado, despertam dúvidas e temores que precisam ser analisados com responsabilidade em vista da própria vida do ser humano.
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Nem todas as intervenções genéticas são questionáveis da mesma forma
A Igreja Católica afirma que nem todas as intervenções genéticas são questionáveis da mesma forma, pois as intervenções que buscam restaurar a pessoa para o estado normal de saúde, que buscam a cura de uma doença e têm o intuito terapêutico de eliminar, preventivamente, as doenças ou com efeito profilático podem ser permitidas moral e juridicamente. A manipulação genética que visa o tratamento de doenças é justificável e aceitável pelo Magistério Católico.
Uma coisa é a engenharia do tipo terapêutica, cujo fim é restituir a integridade normal do sujeito; outra coisa é a que visa melhorar ou alterar o patrimônio genético e criar pessoas diferentes. Esse tipo de intervenção instaura situações estruturais ou coações internas insuperáveis, com consequências irreversíveis de uma decisão unilateral. A intervenção altamente invasiva sobre a natureza biológica da pessoa pode alterar a identidade genética do indivíduo e, consequentemente, sua integridade.
O Magistério Católico é favorável às pesquisas científicas. Reconhecemos a necessidade de maiores conhecimentos e desenvolvimentos da tecnologia genética, mesmo assim, temos a preocupação com o crescente poder dos engenheiros genéticos e, em particular, com governos armados da tecnologia genética, pois os genes contêm o segredo da vida e o genótipo representa nossa identidade genética que está em conexão com a identidade da pessoa.