Nunca é demais lembrar que a Palavra de Deus precisa ser levada a sério. Do contrário, correríamos o risco de virar idólatras ou adoradores de um deus inexistente. A Palavra de Deus nos fala da história de dois amores: o amor a Deus e o amor ao próximo, os quais não podem subsistir separados um do outro. Se teimássemos em amar a Deus sem amar o nosso semelhante, cairíamos no pecado da idolatria, pois estaríamos amando e adorando um deus que não existe: um deus falso e abusivo…
O Deus verdadeiro nos deixou o endereço certo de sua morada: o coração do nosso semelhante. É que também Deus nos ama através do amor que o irmão nos dedica. E isso quer dizer que, se não houver amor entre nós, teremos a sensação de que Deus não nos ama. Não é verdade, mas essa sensação fica aí, quase como castigo bem merecido.
Contrário à lógica do amor
A importância do amor que dedicamos ao nosso semelhante é tão grande que sem ele o Evangelho ficaria atraiçoado, o cristianismo não teria sentido e nosso amor para com Deus seria por Ele recusado.
Só estaremos em dia com a nossa fé à medida que soubermos enxergar em nosso próximo o sacramento ou o sinal visível do próprio Deus, e à medida que também soubermos ser, para nosso próximo, o sacramento ou o sinal visível do mesmo Deus.
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Precisamos acreditar: seria completo delírio pretender amar a Deus e continuar desprezando nosso semelhante, cultivando o racismo, praticando a vingança, entregando-nos ao egoísmo…
Separar Deus do ser humano é o mesmo que desalojá-Lo de Sua morada legítima. E pretender amar a Deus sem amar o ser humano seria contrariar a lógica do amor. Pois “se você não ama seu irmão a quem vê, como poderia amar a Deus a quem você não vê?” (1Jo 4,20).
Padre Virgílio, SSP