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Qual o dever da pessoa que é ministro de música?

“A ninguém damos qualquer motivo de escândalo, para que o nosso ministério não seja criticado. Mas em todas as coisas nos apresentamos como ministros de Deus, por uma grande constância nas tribulações, nas misérias e angústias” (2Cor 6,3-4).

São Paulo mostra aos coríntios que ele não dava motivo para ser causa de escândalo a ninguém, pois ele se apresentava como “ministro” de Deus. Era nos momentos de angústia e tribulação que ele mais parecia ser ministro de Deus, pois, então, perdia o apóstolo sua aparência, para assim se parecer com Cristo Jesus, a quem ele representava onde ia. É essa a primeira característica do ministro de Deus: ele assume a identidade de ministro, passa a ser conhecido por ministro.

Qual o dever da pessoa que é ministro de música?

Foto ilustrativa: Arquivo CN

O ministro de Deus é escolhido para fazer a vontade do Senhor, não a sua própria vontade

Quando um ministro de Estado representa o país em algum lugar do exterior, ele perde sua identidade pessoal e passa a ser chamado de ministro daquele país que o enviou. Se ele está no lugar do Presidente da República, vai representar os interesses da sua pátria e não os seus próprios. Quando o ministro está investido da missão de representar o Presidente, já não importa muito a sua identidade pessoal, mas o que o faz de importante é o cargo que ocupa, cargo este de inteira confiança de quem o enviou.

Representamos Jesus no campo da música, somos ministros do louvor. O Senhor Jesus confiou-nos a responsabilidade de sermos seus ministros na música e fomos investidos do poder de Deus para executar a música onde Ele nos quiser enviar.

O ministro de Deus é escolhido para fazer a vontade do Senhor, não a sua própria vontade. Não fomos nós que escolhemos o Senhor, mas Ele nos escolheu primeiro (cf. Jo 15,12-17). É Deus mesmo que nos escolhe, separa-nos para sermos seus amigos, aqueles que executam a vontade dele. A missão que temos como ministros de Deus para a música nos foi conferida, delegada. O poder vem de Deus e Ele nos confere seu poder quando vamos executar a música.

Antes de ser ministro de música, é necessário ser discípulo de Jesus

Era noite fria. O sol havia se escondido para não ser testemunha da maior injustiça da história. A lua regava de estrelas o negrume do firmamento. Enquanto isso, Pedro se escondia nas sombras do anonimato, esperando, teimoso, a sentença que no palácio do sumo sacerdote haveria de condenar seu mestre. Vencendo temores e arriscando a vida, havia penetrado no pátio do Sinédrio que, sem arbítrio, havia determinado a conveniência da morte de um só homem para o bem de todo o povo. Enrolado em sua túnica, protegia-se, mais que do impiedoso frio da noite, de qualquer olhar que o delatasse. Seu rosto se iluminava, ocasionalmente, pela chama caprichosa de uma fogueira que refletia a angústia de sua alma.

No exato momento em que o sumo sacerdote rasgava suas vestiduras sagradas e declarava Jesus de Nazaré réu de morte, o criador e os guardas do palácio descobriram Simão Pedro e o acusaram do crime capital: “Este também é discípulo de Jesus”. O que foi que delatou Pedro como discípulo de Jesus? Como se notou no pescador que ele seguia o pregador da Galileia? Há certas características, óbvias e visíveis, que identificam claramente um discípulo de Jesus.

Não se trata de discípulos superficiais, mas de uma personalidade bem definida que o torna inconfundível. O ministro de música deve ser marcado profundamente com essas características. Essa passagem bíblica nos revela algo bem óbvio, antes de tocar ou cantar, o ministro de música deve ser um Discípulo de Jesus. Antes de mais nada, o ministro precisa ser batizado no Espírito. Isto é, que ele tenha uma experiência pessoal de Deus, a ponto de deixar para trás o homem velho com suas obras, e revestir-se do homem novo. Esta experiência revela e confirma o chamado que recebeu em seu batismo sacramental, a experiência de Deus desperta uma vocação que gera uma missão que ocasiona um serviço.

O ministro deve crescer graças à vocação de Deus

Eis porque um ministro de música exerce um serviço. Eis porque um ministro de música não exerce um serviço visando status, sucesso, remuneração econômica como a maioria dos artistas. Em primeiro lugar, ele cresce em seu ministério como uma resposta à sua vocação batismal. Está consciente de que a ideia inicial não foi sua, mas de Deus.

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“Tornados filhos de Deus pela regeneração [batismal], (os batizados) são obrigados a professar diante dos homens a fé que pela Igreja receberam de Deus e a participar da atividade apostólica e missionária do povo de Deus” (CIC, 1270).

Portanto, ser ministro de música é algo mais sério do que, vez por outra, pegar um violão e “animar” um grupo ou uma liturgia. O ministro que responde um ‘sim’ consciente ao chamado de Deus exerce seu ministério com o máximo de zelo. Ele procura esmerar-se ao máximo para poder melhor servir. Em primeiro lugar, preocupa-se com sua conversão, esforça-se e busca a graça de Deus. Depois investe na técnica, que é também necessária.

O músico se torna um verdadeiro discípulo quando seu carisma é colocado à disposição dos desígnios de Deus. É o “confidente da vontade divina” (cf. Am 3,7). A Palavra de Deus foi colocada em sua boca. Essa é a diferença entre o verdadeiro e o falso discípulo: o primeiro possui a Palavra de Deus, o segundo não possui mais que sua própria voz. O verdadeiro discípulo também se distingue pelo seu zelo ministerial. O melhor sempre é para Deus!

Para meditar:

Que tipo de discípulo eu sou?
Em meu canto, ecoo a voz de Deus?
Por meio de minha voz ou meu instrumento, a comunidade, a assembleia, o povo se sente motivado a elogiar o Autor que age em mim?

Eliana Ribeiro

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