Falemos da espiritualidade de amar no namoro cristão a partir do sexto mandamento da Lei de Deus: “Não pecar contra a castidade”. O verdadeiro seguidor de Cristo tem um profundo respeito pelo próprio corpo, dado que este é a casa de Deus, segundo as palavras de Jesus: “Se alguém me ama, meu Pai o amará, viremos a ele e faremos nele nossa morada” (Jo 14,23).
Muito bem se expressou padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, Presidente do Pró-vida de Anápolis (GO): “Como nosso corpo é templo do Espírito Santo (1Cor 6,19), a profanação de nosso corpo é algo semelhante a um sacrilégio. ‘Não sabeis que sois um templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é Santo e esse templo sois vós’ (1Cor 3,16-17)”.
Prazer sexual
Não apenas a fornicação é pecado, mas também tudo o que provoca desejo de fornicação, como abraços e beijos que, muitíssimo mais que constituírem expressões de afeto, despertam, alimentam e exacerbam o desejo físico. Observe-se que uma manifestação de carinho, sem segundas intenções, não constitui uma falta grave que impeça o jovem de comungar. Entretanto, todas as ações, diretamente voltadas para o prazer sexual em si, e todas as ações praticadas com o objetivo de estimular ou provocar tal prazer e todas as ações que incluem perigo próximo de executar uma ação visivelmente pecaminosa é um pecado que impede a recepção da Eucaristia.
São Paulo alertou: “Examine-se cada um a si mesmo, para que não seja réu do corpo e sangue de Cristo” (1Cor 11,27). É evidente também que nem todo pensamento voluntário sobre coisas sexuais é pecaminoso, pois o sexo é criação de Deus direcionado para a procriação; diferente são certos atos que não devem ser praticados antes do casamento. O pensar, sem o desejo de pecar, não significa a perda da graça santificante. O que não se pode é aprovar o ato pecaminoso.
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Purificar-se
A pureza dos costumes é a fonte de beleza do jovem. Aos coríntios dizia Paulo: “Nem sequer se ouça dizer que haja entre vós fornicação, impureza de qualquer sorte. Nada de palavras desonestas nem chocarrices, nem gracejos grosseiros, coisas essas todas que são impróprias, porque, sabei-o bem, nenhum fornicador, impudico ou avaro, o qual é um idólatra, terá herança no Reino de Cristo e de Deus (Ef 5,3-5). O que muitos se esquecem é que uma consciência pura oferece uma sensação celeste, e sem ela é impossível a verdadeira paz, a autêntica felicidade. Deus só é íntimo daqueles que possuem um coração puro (Mt 5,8). Jesus proclamou: “Bem-aventurados os puros, porque eles verão a Deus”.
O verdadeiro cristão deve se purificar de toda impureza de corpo e espírito no seu processo de espiritualização. Eis a doutrina de São Paulo: “Purifiquemo-nos de toda a imundície da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus (2 Cor 7,1)”. Esse apóstolo dava graças ao Senhor por servi-lo com uma consciência pura (2 Tim 1,3). Daí o seu conselho aos Filipenses: “Quanto ao mais irmãos, tudo que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é santo, tudo o que é amável, tudo o que é de bom nome, qualquer virtude, qualquer louvor da disciplina, seja isso o objeto dos vossos pensamentos (Fl 4,8-9)”.
Cumpre fugir sempre das ocasiões perigosas, pois ensina a Bíblia: “Quem ama o perigo nele perecerá (Ecl 3,27)”. É preciso que o rapaz e a moça se ajudem mutuamente, e, nos momentos difíceis, rezem, dialoguem, conversem sobre seus sentimentos. Vivam a verdadeira teologia bíblica do amor e mentalizem a bela expressão de Dostoiewski: “Amar alguém é contemplar o outro como Deus o planejou”.
Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho