CHARIS e Papa Francisco, 12 anos de unidade em busca da comunhão
Celebrando os 12 anos de pontificado do Papa Francisco, é mister fazer memória da unidade que existe entre ele e o CHARIS, pois este traz, em sua identidade, o anseio do coração do Santo Padre por uma cultura de comunhão.

Créditos: Acervo Pessoal
Em 2015, o Papa Francisco solicitou que fosse criada uma única realidade que englobasse todas as manifestações da “corrente de graça” dentro da Igreja Católica. Foi então que, após um caminho de preparação, extinguindo os dois grandes serviços que contemplavam o Movimento da Renovação Carismática Católica (ICCRS) e as Novas Comunidades (Catholic Fraternity) nasceu, no Pentecostes de 2019, o CHARIS, palavra grega que significa “graça” e que se torna um acrônimo de Catholic Charismatic Renewal International Service, Serviço Internacional para a Renovação Carismática Católica. Ele foi criado como um serviço internacional único ao qual se confiaram todas as expressões carismáticas, a fim de que fosse para elas um serviço de comunhão, sem exercer, todavia, nenhuma autoridade sobre as mesmas.
O Propósito do CHARIS: evangelização, unidade e serviço aos pobres
O CHARIS existe em nível nacional, continental e mundial, e foi instituído diretamente pela Santa Sé para se tornar visível para todos que a Renovação Carismática pertence à Igreja universal e a ela está ligada. Além disso, sendo uma iniciativa que nasceu do coração do Santo Padre, tornou-se um reconhecimento eclesial dado à Renovação Carismática 52 anos depois que o Espírito Santo suscitou esta corrente de graça na Igreja. Nosso Papa adotou a expressão usada pelo Cardeal Léon Joseph Suenens, primeiro cardeal nomeado pelo Papa Paulo VI como seu representante junto à Renovação Carismática. Para o Cardeal Suenens, a Renovação não devia ser vista como uma associação ou movimento eclesial, mas como uma corrente de graça chamada a vivificar toda a Igreja. Já em 2014, ainda no início do seu pontificado, o Papa afirmava: “Vós, Renovação Carismática, recebestes um grande dom do Senhor. Nascestes de um desejo do Espírito Santo como uma corrente de graça na Igreja e para a Igreja. Essa é a vossa definição: uma corrente de graça”. Nesse contexto, o CHARIS nasce como um serviço a essa corrente de graça.
Atualmente, a Renovação Carismática conta com mais de 120 milhões de pessoas no mundo, através dos grupos de oração, das novas comunidades, escolas de evangelização, meios de comunicação, ministérios, editoras, canais de comunicação dentre outros. É uma realidade muito rica e abrangente, que não serve à Igreja apenas como um movimento, mas realmente como uma “corrente de graça” que ultrapassa nossas medidas. O desejo do Santo Padre tende a levar a Renovação Carismática Católica a voltar às suas origens para, assim, reacender a chama do carisma que Deus lhe concedeu. De fato, para o Papa Francisco, a Renovação Carismática Católica é um dom do Espírito Santo para toda a Igreja.
Para isso, o CHARIS abrange essencialmente três campos de ação, como ele não cessa de repetir: primeiro, contribuir para o esforço de evangelização da Igreja, especialmente levando a todos a experiência pessoal com Cristo através da difusão do Batismo no Espírito Santo, que nada mais é que a experiência de Pentecostes que colocou os apóstolos em missão; segundo, servir à unidade do corpo de Cristo que é a Igreja, voltando às raízes ecumênicas da RCC, para que todos sejam um e, assim, o mundo creia (cf. Jo 17,21); e, terceiro, comprometer-se com os mais pobres e necessitados através das obras de misericórdia corporais e espirituais, pois com isso todos saberão que somos seus discípulos, se nos amarmos uns aos outros (cf. Jo 13,35). Três objetivos que refletem simplesmente uma maior fidelidade ao Evangelho e às origens da própria corrente de graça da Renovação Carismática Católica. Diz o Papa: “Estas três coisas – o batismo no Espírito Santo, a unidade no corpo de Cristo e o serviço aos pobres – são as formas de testemunho que, em virtude do batismo, todos nós somos chamados a dar para a evangelização do mundo”.
CHARIS: Instrumento de comunhão e maturidade eclesial na RCC
É no espírito de comunhão entre as diversas realidades que o compõem que o CHARIS realizará plenamente a vocação desejada pelo Santo Padre, de gerar unidade na diversidade, de modo que ninguém se sinta proprietário do dom do Espírito, que é a Renovação Carismática, que é para todos, pois partilhamos a mesma graça do Batismo no Espírito Santo. Como disse o Papa durante o Jubileu da RCC em 2017: “Cinquenta anos de Renovação Carismática Católica. Uma corrente de graça do Espírito! E por que corrente de graça? Porque não há fundadores, nem estatutos, nem órgãos de governo.
Claramente, nesta corrente, surgiram várias expressões que, sem dúvida, são obras humanas inspiradas pelo Espírito, com vários carismas, e todas ao serviço da Igreja. Mas não se podem colocar barragens à corrente, nem se pode fechar o Espírito Santo numa gaiola!”, e continua: “Esta corrente de graça é para toda a Igreja, não só para alguns, e ninguém de nós é o ‘senhor’ e todos os outros são servos. Não. Todos somos servos desta corrente de graça”. Na visão do Papa Francisco, a Renovação Carismática Católica é “uma família na qual nenhum membro é mais importante que outro, nem em virtude da idade, inteligência ou capacidade, pois todos são filhos amados do mesmo Pai”.
Leia mais:
.: Francisco, um Papa fora da curva
.: Papa Francisco e sua visão Mariana da Igreja
.: Papa Francisco nos convida a realizar uma política para a paz
O Papa, com base na sua experiência pastoral com a Renovação, fez frente a alguns problemas históricos, criando o CHARIS para, através dele, direcionar as forças espirituais dessa corrente de graça, a fim de que ela chegue a toda a Igreja. Fica claro que o objetivo do Serviço de Comunhão do CHARIS é construir e fortalecer a ampla e diversificada família da Renovação Carismática Católica. O Papa Francisco exorta, portanto, a Renovação a buscar uma maturidade eclesial mais profunda em relação à sua identidade e missão, e o CHARIS é o instrumento colocado a serviço desse processo. Portanto, para sermos fiéis ao sucessor de Pedro e acolher o projeto que Deus mesmo propõe para a corrente de graça através dele, faz-se necessário voltar o olhar para a frente, com determinada determinação, deixando que Deus mesmo leve a bom termo essa obra excelente que iniciaram suas mãos (cf. Fl 1,6). E que Nossa Senhora nos ampare, caríssimos irmãos, no desejo e na alegria de servir.
Parabéns, Santo Padre!
Pe. Antônio Dilben Rabelo Fleming
Fundador e Moderador Geral da Comunidade Católica Mar a Dentro
Vice Coordenador do SBCC – Serviço Brasileiro de Comunhão do CHARIS