Filosofia

Confissões de Santo Agostinho: uma jornada atemporal de fé e razão

Confissões de Santo Agostinho: uma jornada atemporal de fé e razão

Uma das obras mais famosas de Santo Agostinho é o livro Confissões. Sua importância está voltada tanto para a filosofia quanto para a teologia. Isso demonstra a grande profundidade deste autor que, de fato, destacou-se por ser um dos primeiros a juntar de forma majestosa religião e razão. Em seu período, existiam muitas correntes que procuravam negar o conhecimento através da razão, ou que queriam somente ficar com a fé da revelação divina, mas ele procurou unir os dois modos de conhecimento em uma síntese profunda.

Entre a autobiografia e a reflexão filosófica

As confissões foram escritas de modo pessoal, como alguém que conta a sua história para outras pessoas, mas, em meio aos acontecimentos, surgem diversas reflexões como sobre o tempo, a consciência, Deus, o conhecimento e outras. O que, aparentemente, é um livro ingênuo de autobibliografia, torna-se um profundo texto de teologia e filosofia. São reflexões tão profundas, que extrapolam o seu tempo e atingem as necessidades atuais como os próprios questionamentos sobre o sentido da vida ou a felicidade, por exemplo.

Pintura Santo Agostinho – Philippe de Champaigne/Domínio público

Estrutura e objetivo da obra: uma jornada de conversão

Esta obra é composta de treze livros, escritos de 397 a 398 d.C., quando Agostinho já era bispo de Hipona, e tem como objetivo confessar-se a Deus e aos homens, reconhecendo a misericórdia divina, concedendo-lhe o perdão e a Graça da conversão. Nos dez primeiros livros, Agostinho nos deleita com aspectos e fatos de sua vida. Já nos três últimos livros, ele faz uma menção à criação, ou seja, ao livro dos Gênesis.

Adoração e arrependimento: confissões como um hino a Deus

Santo Agostinho diz que a palavra confissões, mais que confessar pecados, significa adorar a Deus. É, portanto, um hino de louvor, considerado um clássico da literatura mundial. Agostinho descreve o quanto ele se arrepende de ter levado uma vida pecaminosa e imoral, e revela arrependimentos por ter seguido a religião maniqueísta e por ter acreditado na astrologia. Os primeiros nove livros são autobiográficos, os quatro últimos comentários significativamente mais filosóficos.

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A busca pela moralidade e o repouso em Deus

Agostinho mostra intensa tristeza por seus pecados sexuais e ensina a importância da moralidade sexual. Os livros das Confissões foram escritos como orações a Deus, assim, o título, baseado nos Salmos de Davi, começa assim: “Pois tu nos fizeste para Ti e nossos corações estão inquietos até que repousem em Ti”. O trabalho é considerado divisível em livros que simbolizam vários aspectos da Trindade e da crença trinitária.


Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.