A identidade nacional se manifesta de diversas formas, no idioma, nos costumes, na cultura etc., entretanto, nenhum outro símbolo materializa de maneira tão nítida a identidade de uma nação como sua bandeira, pois, em suas cores, um povo encontra sua manifestação identitária visível.
A Bandeira do Brasil é um dos Símbolos Nacionais estabelecidos na Lei Nº 5700, de 1º de Setembro de 1971. Entretanto, o seu desenho original foi feito pelo pintor francês Jean-Baptiste Debret, estabelecido, pelo então Príncipe Regente Dom Pedro I, como pavilhão nacional pelo Decreto Nº 03, de 18 de Setembro de 1822, tendo na simbologia de suas cores e elementos que remetiam às casas reais progenitoras da monarquia brasileira, sendo estes:
Significado das cores da bandeira do Brasil
- Retângulo verde: a Casa Real Portuguesa dos Bragança, donde descende Dom Pedro I, primeiro monarca do Brasil;
- Losango amarelo: a Casa Imperial Austríaca dos Habsburgo, da qual era proveniente a Imperatriz Dona Leopoldina;
- Láurea de ramos: elemento que remetia à cultura do café e do tabaco, elementos fundamentais da economia da época.
- Esfera armilar: símbolo da influência do Império Ultramarino Português;
- Cruz: símbolo da Ordem de Cristo, importante ordem de cavalaria portuguesa, diretamente ligada às Grandes Navegações;
- Círculo azul com 19 estrelas: representavam as províncias do Império Brasileiro.
No período republicano, seus elementos seriam alterados, fortemente inspirados na ideologia positivista abraçada pelos militares autores do golpe de 1889, o que se pode verificar nos dizeres “Ordem e Progresso”, um lema da filosofia positivista. Esta foi estabelecida pelo primeiro presidente republicado, Marechal Deodoro da Fonseca, por meio do Decreto Nº 04, de 19 de Novembro de 1889. Houve, no entanto, várias bandeiras, mas prevaleceu a idealizada por Raimundo Teixeira Mendes, Miguel Lemos, Manuel Pereira Reis e Décio Vilares, que teve como base a bandeira Imperial desenhada por Debret.
A colocação da frase “Ordem e Progresso”
As principais alterações foram a alteração nas dimensões do losango amarelo, a substituição das Armas do Império pela esfera celeste, tendo nesta a disposição da constelação do Cruzeiro do Sul, e a inserção do lema positivista inspirado na frase de Auguste Comte “Ordem e Progresso”. Além da mudança visível, foi feita uma ressignificação de seus elementos, sendo esta:
- Retângulo verde: representando as abundantes matas brasileiras;
- Losango amarelo: representando a riqueza em ouro do Brasil;
- Círculo azul: representa o céu no dia da proclamação da república, cada estrela representando um estado da federação.
É interessante ressaltar a remoção de qualquer referência religiosa na bandeira, como era a cruz da Ordem de Cristo, na Bandeira Imperial, tornando clara a separação entre o estado e a Igreja, no estado laico republicano.
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A identidade de um povo
As bandeiras ganharam relevância na história humana especialmente na idade antiga e média, no período de conflitos, quando havia a preocupação de ostentar o pertencimento a uma determinada facção, de forma a evitar o fogo amigo em meio ao combate. Com o tempo e o estabelecimento dos reinos e posteriormente dos estados, estas ganharam mais e mais relevância, constituindo parte intrínseca da formação destes domínios.
No livro do Êxodo, no capítulo 17 e versículo 5b, Moisés exorta: “O Senhor é minha Bandeira”, isto deve nos levar a refletir, neste dia propício, sobre nossa identidade enquanto cristãos. Quando falamos de uma bandeira, falamos da manifestação visível de uma nacionalidade, logo de todo um conjunto de língua, cultura, costumes e domínios. Quando falamos a respeito de coisas espirituais, falamos de nosso pertencimento ao Céu, temos nos comportado como cidadãos dos Céus? Nosso linguajar, comportamento e costumes representam nossa pátria?
Saibamos, pois, viver, dando frutos visíveis que atestem nossa nacionalidade como cidadãos dos céus, buscando a santificação e sendo exemplo. Como cidadãos de nosso país terreno, respeitemos e honremos a bandeira, sabendo seu significado, entendendo que, mesmo em um mundo globalizado, devemos valorizar nossa identidade como brasileiros.
Jonatas Passos é natural de Cruzeiro (SP), marido, pai e colaborador da Fundação João Paulo II. Formado em Tecnologia, Informática e História. Pós-Graduado em Jornalismo e História do Brasil, com extensão em História da Religião.