Meditando sobre a pessoa e a missão de São José, esposo de Virgem Maria, faz-se oportuna a indagação sobre como ele percorreu aquela estrada que livremente escolheu, impulsionado pelo Espírito Santo e que o levou a encontrar e, como um dedicado pai, colaborar com no plano da salvação. Nesta empreitada, o primeiro elemento a ser considerado é a sua fé no Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó (cf. Ex 3,6.15), conforme a mais antiga confissão israelita. Na Sagrada Escritura, o adjetivo “homem justo” (Mt 1,19) indica que a fé é o elemento de base e está, por assim dizer, na boca, no coração e nas mãos, perfazendo assim todo o ser e o agir humano que se dispõe a agir de acordo com um plano que o antecede, considerando-o fundamental em sua concretização.
São José, manso à vontade de Deus, atendeu a vontade d’Ele
Em seu décimo primeiro capítulo, a Carta aos Hebreus, ao modo de poema à fé, apresenta-nos o paralelo entre os dois polos essências para a compreensão da vida: a fé e a história. Trata-se de uma leitura teológica que enfoca a embrionária relação entre crer e agir, ou seja, fazer história sob o véu da fé, pondo em prática o que se confessa com a boca, agindo humanamente, mas sempre de acordo com aquela inspiração divina permanente que ultrapassa as gerações, ligando-as por uma sequência concreta, qual costura harmônica possibilitada pela mesma dimensão da fé.
São José, colaborando com o plano divino do Senhor, que no tempo oportuno lhe foi apresentado, correspondeu com total solicitude ao chamado para viver ao lado de Maria e de Jesus, desde antes de se concretizar a encarnação até completar as tarefas inerentes à sua missão.
Naturalmente, ele foi se envolvendo aos poucos, passo a passo, mesmo antes de conhecer pela contemplação esse grandioso desígnio. Nessa etapa progressiva, sua adesão foi influenciada e até facilitada pela mediação de Maria, enquanto sua escolhida e pretendida para a vida matrimonial.
Dentro de casa, com sua esposa, foi onde José cresceu em Deus
Como uma preparação para uma missão humanamente incompreensível, porque ainda maior do que ser esposo e pai na ordem biológica, ele vivenciou satisfatoriamente uma etapa de intensa aprendizagem e crescimento espiritual: a convivência com a jovem Maria. Esse contato mútuo, mais do que em outros namoros, foi para São José uma verdadeira escola.
A cultura judaica na qual São José cresceu, favorecia aos homens o cultivo da espiritualidade e o conhecimento pormenorizado das leis e preceitos, o que incorria em responsabilidades específicas com o culto e a recitação cotidiana de preces, salmos e trechos da Escritura. Acrescenta-se, por outro lado, o fato de que Maria fora educada, desde cedo, em um ambiente que lhe proporcionou maior interiorização dos preceitos bíblicos e de solidificação de sua fé crescente.
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A construção da fé em Deus
Tendo bebido, de modo mais específico, nessas duas fontes, o jovem São José estava menos propenso para duvidar ou declinar diante das palavras que ouvira do Anjo. Sua atitude foi silenciar, talvez estarrecido, porque ouviu um chamado que ultrapassou os limites de sua razão. Não fossem os ensinamentos precedentes, sua reação seria outra, bem diferente daquela que ele teve, correspondendo pelo impulso sobrenatural da fé.
A educação na fé deve ser intensificada gradualmente seguindo o crescimento espiritual. A fé de uma criança pode ser ainda imatura, mas, à medida que progride na experiência de vida, deve moldar sua concepção de mundo, a absorção de valores, a tomada de decisões. Assim sendo, em nosso modo de ser e de agir manifestamos a nossa fé (cf. 1Cor 10,31). Quem recebe a graça da fé em Deus deve corresponder com prontidão para continuar crescendo.
Pe. Wilton Robson Arruda de Lima, sjc