Relação a dois

Respeitar e conhecer a pessoa amada

Respeito significa a preocupação de que a outra pessoa cresça e se desenvolva como é

Um elemento que provoca ruptura no amor conjugal é a falta de respeito de uma pessoa para com a outra. Não basta dizer que ama, pois o amor exige respeito. O conceito que o psicanalista alemão Erich Fromm apresenta é contundente:

Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

“Respeito não é medo nem temor; denota, de acordo com a raiz da palavra (respicere = olhar para), a capacidade de ver uma pessoa tal como é, ter conhecimento de sua individualidade singular. Respeito significa a preocupação de que a outra pessoa cresça e se desenvolva como é. Respeito, assim, implica ausência de exploração. Quero que a pessoa amada cresça e se desenvolva por si mesma, por seus próprios modos, e não para o fim de me servir. Se eu amo a outra pessoa, sinto-me um com ela, ou ele, mas tal como é, não como eu necessito que seja para objeto de meu uso. O respeito só existe na base da liberdade. O amor é filho da liberdade, nunca da dominação.”

É sempre uma tentação querer dominar, estar à frente, liderar. Mas, no caso do casal cristão, numa relação matrimonial sadia, isso será pernicioso, pois dominar fere o princípio da liberdade da pessoa, a qual sempre precisa ser respeitada. Se eu amo de verdade, quero que a pessoa amada cresça e se desenvolva, para ela ser mais; e não para meu benefício, para me fazer feliz ou me fazer crescer, pois isso seria pura exploração.

A importância do conhecimento mútuo

A proposta cristã é um respeito incondicional para com a outra pessoa, e esse respeito só existe se houver o conhecimento mútuo. Não conhecer o outro é grande causa de divergência nas relações humanas entre homens e mulheres. Há várias camadas de conhecimento; o conhecimento, que é um dos aspectos do amor, é aquele que não fica na periferia, mas penetra até o âmago. Só é possível quando posso transcender a preocupação por mim mesmo e ver a outra pessoa em seus próprios termos. Poderíamos dizer que conhecer profundamente, ou no seu âmago, a sua alma, é desligar-se até daquilo que ela apresenta exteriormente.

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Muitas pessoas são agressivas exteriormente, mas isso pode ser fruto de algum sofrimento interior, que só quem ama saberá conhecer e compreender essa atitude. Quem conhece deverá se dispor a ajudar a pessoa naquilo que ela tem de deficiente, nas suas imperfeições; e se pode, a partir deste pressuposto, interferir para ajudá-la a sair de uma situação inferior, para que cresça em sua pessoalidade. E isso é como desvendar um mistério, pois a pessoa apresenta “segredos”, de forma que a conhecer passa a ser um desafio, pois para conhecer alguém será sempre necessário o autoconhecimento.

Fica a dica para o leitor: despoje-se de si mesmo para experimentar, em uma relação a dois, a graça da felicidade, fruto de um profundo respeito que nasce do conhecimento mútuo.

Diácono Paulo Lourenço
Comunidade Canção Nova