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Como fazer uma boa reflexão de vida?

Você já parou para pensar sobre a vida, para entender o que aconteceu ou até mesmo para se conhecer, entendendo-se para bem orientar-se? Para realizar uma boa reflexão de vida, precisamos entender o que é a reflexão, por quais caminhos podemos seguir e a necessidade de pararmos e refletirmos sobre o que estamos vivendo.

Quando falamos de reflexão, essa palavra tem origem do latim Reflection. Em geral, significa o ato ou o processo por meio do qual o homem considera suas próprias ações.1 O fruto de uma reflexão sobre as próprias ações deve ser uma tomada de consciência e, a partir daí, uma escolha de permanecer da mesma forma ou mudar de vida. Essa mudança cabe boa parte a você, e talvez uma pequena parcela ao meio externo que está ao seu redor.

Como fazer uma boa reflexão de vida?

Foto ilustrativa: Prostock-Studio by Getty Images

Para reflexão: “Conhece a ti mesmo”

A tomada de consciência da própria vida gera ideias importantíssimas na realidade humana, tais como perceber, pensar, duvidar, crer, raciocinar, conhecer e querer. Cada uma dessas realidades humanas devem ser levadas em consideração para que possamos tomar atitudes frente à vida que levamos.

Há uma máxima conhecidíssima no templo grego de Delfos, em que todo aquele que chegasse ao templo logo iria se deparar com esse oráculo que diz: “Conhece a ti mesmo”. Entre os antigos pensadores, desde muito tempo, já era percebido a importância de o homem conhecer-se, o que podemos chamar de “autoconhecimento“. O autoconhecimento não é uma atitude passiva, pelo contrário, requer atividade, exercício, esforço, um querer prático. Conhecer a si mesmo é explorar um mundo, mas o mundo de dentro, e sem uma reta intenção e sob a luz da verdade a ninguém será possível conhecer.

A necessidade de refletir a própria vida

Em um tempo em que tudo é fast, tudo é muito rápido, corremos o risco de não perceber que precisamos parar e olhar para nós mesmos. As informações são inúmeras, e cada vez mais rápidas elas chegam e vão embora para dar lugar a outras. Até mesmo a comida chama-se fast food, pois comemos rápido para fazermos outra coisa, para darmos continuidade à vida corrida de cada dia. Contudo, essa rotina acelerada é prejudicial e não favorece a reflexão de vida.

Quando, por algum motivo e em determinado momento da vida, não paramos para refletir como estamos vivendo, perdemos a capacidade de autocrítica, de autoanálise. Com isso, não identificamos os erros que cometemos, muito menos os acertos. Dessa forma, delegamos a outros ou até mesmo ao sabor da casualidade a autoria da nossa vida, e por assim dizer, da nossa felicidade. Sem a reflexão, perdemos também a condição ativa sobre nossas ações, sobre o nosso modo de agir, tornando-nos apáticos sobre os vários aspectos da nossa vida: carreira profissional, relacionamentos, religiosidade etc.

Quero apresentar aqui uma frase de um educador nato: Ariano Suassuna, ele que quase define a vida como sendo uma exigência a ser vivida. Perceba: “A tarefa de viver é dura, mas fascinante”. Eu vos digo, ninguém terá uma vida de verdade sem a encarar, e a partir de uma reflexão sobre si, cada um deve tomar uma atitude orientada na verdade. Para nós cristãos, nós sabemos que a Verdade é Cristo, e é ela que nos liberta (cf. Jo 8,32).

Quatro passos para o início de uma autorreflexão

Como você já percebeu, é mais do que necessário que cada um de nós, não conformados com a nossa atual condição e desejosos de crescimento nas várias áreas da nossa vida, façamos uma reflexão de vida periódica. Um pensador do século XIX, tratando sobre a vida, disse o seguinte: “A vida não é um problema a ser resolvido, e sim uma realidade a ser experimentada”. A vida não pode ser deixada passar como passa o vento, ela precisa ser a protagonista.

Podemos começar uma reflexão, ou por assim dizer, um autoconhecimento a partir do conhecimento de quem somos, do mundo em que vivemos, sobre situações que nos cercam. Para isso, é necessário começarmos. Mãos à obra! Deixo aqui alguns passos que talvez possam ajudar nesse processo.

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1.  A reflexão exige tempo

Separe um tempo para fazer uma reflexão. Sugiro que seja feita ao final do dia, porque assim os acontecimentos que ocorreram durante o dia ainda estão frescos em sua cabeça. Comece com alguns minutos, pense sobre uma questão específica. Algumas possibilidades são a de pensar sobre o dia que passou, quais foram seus acertos, quais foram seus erros e os verdadeiros motivos dos erros. Com essas simples questões, você já tem matéria-prima para trabalhar por mais um longo tempo. Você pode sanar alguns problemas, motivos de erros, fazer propósitos para o dia que virá. É importante que, neste tempo de reflexão, você esteja sozinho. Com a prática, você irá perceber que se tornará natural esse processo.

2.  Interrogue-se! Por quê? Para quê?

O uso de perguntas tais como: “Por quê?” e “Para quê?” diante de algumas realidades que você enfrentará poderão lhe dar um sentido no que você vai ou não fazer. Deixo aqui uma sequência de perguntas que irão ajudá-lo no conhecimento de si: Qual a melhor coisa em sua vida atualmente? O que faz de você uma pessoa única? Quando você se sente em paz? Que palavra (escolha uma) melhor define sua personalidade? Por que você está em seu emprego atual? Quem ou o que lhe faz rir? Como você encerra seu dia? Quando foi a última vez que fez algo diferente? Como gostaria que fosse seu fim de semana? Por que você está vestido assim?

3.  Reflita os relacionamento que você está vivendo

Grande parte dos nossos dramas e dificuldades passam pelos nossos relacionamentos. Talvez algumas situações nas suas amizades, seu namoro, sua família tenham lhe causado incômodos. Vale a pena dedicar tempo para pensar na causa desses incômodos para que possam ser resolvidos. Talvez o simples fato de parar e pensar sobre o que está acontecendo, você já descubra a resolução para a dificuldade. Você pode perguntar-se se as pessoas que estão ao seu redor realmente desejam o melhor para você, e se você deseja o melhor para elas. Essas pessoas são boas companhias? Elas devem ser evitadas?

4.  Desafie-se em experiências inéditas

Saia da sua zona de conforto. Abandone hábitos nos quais você já sabe qual será o resultado. O autoconhecimento acontece em situações que exigem de você respostas que muitas vezes você não sabia que poderia ter. Independente da resposta, a reflexão sobre essas circunstâncias “desafiadoras” já será de grande valia para você se conhecer.

Caro leitor, todas essas práticas são apenas um start de um grande processo de conhecimento e reflexão de si mesmo. Ninguém pode dominar-se se não conhece a si mesmo. Só quem se possui é que pode usufruir-se. Digo isso não de maneira baixa, mas como alguém que, dominando-se, pode exercer a virtude da modéstia que é o modo de como se comporta, um modo comedido.

Amigo leitor, desejo a você um mergulho em si mesmo, para que encontre a verdade necessária para o seu crescimento.

Referências:

1 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.