Todos nós precisamos de proteção! Dependemos de Deus para as situações de risco, como é o caso de quem está na direção de um veículo: não elevar o pensamento para o alto ao ocupar seu posto de pilotagem será sempre uma temeridade. Em velocidade, os motorizados ajudam a encurtar distâncias, mas, ao mesmo tempo, nos colocam em estado de menor segurança e adiantam situações inesperadas. A fé vem em nosso socorro: Deus é Pai. Os santos, na glória, unem nossa pobre condição humana à santidade divina e, diante do trono do Altíssimo, oram por nós, imersos na intercessão de Cristo. Costume antigo entre os cristãos é solicitar a companhia orante desses irmãos que nos precederam na fé e viveram situações semelhantes às nossas. Nós os chamamos de Padroeiros. São Cristóvão é o anjo protetor dos motoristas.
Mas, além da intercessão, o fiel deve olhar para os santos procurando exemplo de vida. Cristóvão, antes de se tornar cristão, se chamava Réprobo. Era um cananeu rude, alto de estatura. Inculto, mas inteligente, desejava conhecer e servir ao rei mais poderoso da terra.
Certo dia, lhe apresentaram um. Foi com ele a uma peça de teatro na qual o nome do diabo era repetido com frequência. A cada vez que o ouvia, o rei fazia o sinal da cruz. “Por que fazes este sinal?”, perguntou Rébrobo. “Para me livrar das artimanhas do demônio”, respondeu o rei. O escravo não se conformou. “Se há alguém de quem tens medo, então, não és mais poderoso que ele”. Começou, então, a procurar o diabo para servi-lo, admitindo ser ele o maioral da terra. Um ser bem apessoado, atraente e forte iniciou por encantar o servo gigante.
São Cristóvão, rogai por nós!
Porém, um dia, andando com ele pela estrada, viu que em certo sítio o demônio desviou caminho. Perguntou: “por que desvias?”. “Porque, neste trecho, há cruz igual a de um tal Jesus de quem tremo de medo”. Constatou Réprobo: “Então, este é maior do que ti”. Abandonou-o de imediato e andou a procura do novo rei. Encontrou-o através de um eremita que lhe falou sobre o Salvador. O cristão lhe explicou que para encontrar a Cristo era necessária a oração. O convertido entristeceu-se e disse: “Não sei rezar ainda”. “Então, podes jejuar”. “Para mim essa prática é ainda muito difícil, pois preciso de muito alimento para manter meu pesado corpo”. “Então”, disse-lhe o catequista, “comece pela caridade e chegarás ao encontro com Cristo”. Como era alto, pôs-se misericordiosamente a transportar nos ombros pessoas que precisavam atravessar um rio sem pontes.
Certo dia, chegou à margem uma criança e, com caridade, a pôs em travessia. Pesava muito; peso descomunal. Correu risco de não suportar e se afogar nas águas caudalosas. Ao chegar do outro lado, reclamou: “Você me causou perigo e quase me levou à morte. Porque pesa tanto? Parecia-me ter o mundo inteiro sobre os ombros”. O menino então esclarece: “Tranquiliza-te; sou o Cristo a quem serves. Transportastes o rei da terra, o criador do mundo”. Por isso, terminada a catequese, o santo eremita o batizou com o nome de Cristóvão, que significa Transportador de Cristo.
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A partir de então, São Cristóvão se tornou um cristão tão fiel e exemplar que a muitos outros converteu para Deus. Certa vez, o imperador mandou soldados para prendê-lo, obrigando-o a adorar deuses pagãos. Ele, ao encontrá-los, impressionou-os tão bem com sua bondade e fé que eles desistiram de prendê-lo. Cristóvão não aceitou. “Levem-me”, disse-lhes. No caminho, os soldados se transformaram e se fizeram cristãos.
Para levar Cristóvão a pecar, o rei mandou duas belas moças o tentarem. Uma chamava-se Nicéia, outra Aquilina. Antes que elas iniciassem seus afagos, Cristóvão lhes falou sobre a fé e a moral cristã, e elas se arrependeram e pediram o batismo, deixando a vida de prostituição. Tão forte foi a conversão delas que nem diante das torturas voltaram atrás, mas enfrentaram corajosamente o martírio. Cristóvão foi perseguido, torturado, açoitado e, por fim, decapitado, mas nunca deixou de amar e servir ao maior e único Rei do mundo que, em sua estrada, teve a graça de encontrar.
Eis aí, motorista, seu patrono e seu exemplo.
São Cristóvão, rogai por nós!
Dom Gil Antônio Moreira