O ato conjugal, dentro da estrutura do original chamado dos esposos à união conjugal, tem a força de reconstruir, resgatar, ainda que de forma limitada, essa comunicação da linguagem do corpo, ou seja, do significado da pessoa como um todo, daquele que ama ver e intuir o que no amado é um dom transcendente, sua subjetividade, que supera a aparência e, por isso, renovam-se em si, a cada olhar, a admiração, a vontade e a decisão de amar só por aquilo que ele é, de amá-lo de forma gratuita.
E como se dá essa reconstrução daquela visão beatificada? Ora, pelo amor! Só o amor pode unir e purificar a visão de um para com o outro. Ou seja, isso equivale a dizer que o amor entre esposos cresce a cada união em sentimento, em atração física de um pelo outro, mas também se ampliam o vínculo de vida à conexão e o comprometimento à subjetividade e à transcendência que há no outro, ao dom que o amado é.
O amor fica, ao mesmo tempo, subentendido e óbvio, pois faz crescer em cada um dos cônjuges a alegria em se comprometer com o bem para o outro.
O ato conjugal tem o poder de comunicar, transmitir aquilo que se é, mas também de purificar o olhar, a impressão que um tem do outro para um lado positivo da pessoa. Acontece uma descoberta nova em relação ao cônjuge.
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Comunicação do casal
Assim como na comunicação falada, estabelece-se um conteúdo de um para com o outro. Reciprocamente, um toma posse do que o outro lhe expressou. No ato sexual, de certo modo, um se “apropria” de parte da subjetividade do outro. Chega-se a instâncias profundas, secretas e íntimas da outra pessoa, na qual instala-se um tipo de ligação indelével entre eles, que existirá para sempre. Podemos dizer que um casal, ao se comunicar assim, tão intimamente, impregna-se um no outro.
Contudo, até mesmo fora do casamento, o sexo traz a impressão de que, após uma união íntima, algo os faz estarem ligados de alguma maneira, mesmo sem um comprometimento concreto, e ainda que sem a total força do sacramento, mas é como se “houvesse algo dele com ela” e vice-versa. E, por isso, muda a visão que um tem do outro, porém, de forma negativa. Aquilo que era para ser uma descoberta nova da pessoa é feito com base não no amor purificado, mas na concupiscência.
Por isso mesmo, neste caso, torna-se um vínculo frágil e perigoso que desconstrói ainda mais a pessoa.
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