A criança, mesmo que ainda não tenha chegado à idade da razão, pode ser ensinada pelos pais a cultivar a comunhão espiritual. Na comunhão espiritual, a criança deve ser ensinada a direcionar sua oração para o desejo de unir-se espiritualmente a Jesus, o mesmo que se oferece sacramentalmente na Eucaristia, e que um dia ela poderá receber sacramentalmente. Sobre a Eucaristia, como alimento espiritual, o Código de Direito Canônico afirma, no Cânon 899, § 1, que “a celebração eucarística é uma ação do próprio Cristo e da Igreja, na qual Cristo nosso Senhor, substancialmente presente sob as espécies do pão e do vinho, pelo ministério do sacerdote, oferece-se a Deus Pai e se dá como alimento espiritual aos fiéis associados na sua oblação”.
A comunhão para as crianças
Sobre a administração da comunhão sacramental às crianças, o Código de Direito Canônico afirma: “para que a Santíssima Eucaristia possa ser administrada às crianças, requer-se que estas possuam conhecimento suficiente e preparação cuidadosa, de forma que possam compreender, segundo a sua capacidade, o mistério de Cristo, e receber o corpo do Senhor com fé e devoção. Pode administrar-se a Santíssima Eucaristia às crianças que se encontrem em perigo de morte, se puderem discernir o Corpo de Cristo do alimento comum e comungar com reverência.
Primeiramente, os pais ou quem fizer as suas vezes, e ainda o pároco, têm o dever de procurar que as crianças, ao atingirem o uso da razão, preparem-se, convenientemente, e recebam, quanto antes, esse divino alimento, feita previamente a confissão sacramental. Compete também ao pároco vigiar para que não se aproximem da sagrada comunhão as crianças que não tenham atingido o uso da razão ou aquelas que ele julgue não estarem suficientemente preparadas”. (Cân. 913-914).
Obediência da fé
Assim, para as crianças que ainda não fizeram comunhão sacramental, fazemos nossas as seguintes palavras: “mesmo quando não for possível abeirar-se da comunhão sacramental, a participação na Santa Missa permanece necessária, válida, significativa e frutuosa; neste caso, é bom cultivar o desejo da plena união com Cristo, por exemplo, através da prática da comunhão espiritual, recordada por João Paulo II 1 e recomendada por santos mestres de vida espiritual.(171) 2 ” (BENTO XVI, Exortação apostólica pós-sinodal “Sacramentum Caritatis” sobre a Eucaristia fonte e ápice da vida e da missão da Igreja, n. 55).
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Sobre a atitude que os pais devem ter de ensinar às crianças, podemos chamar de convite à obediência da fé. É bom que se cultive essa realidade na criança, pois, assim, quando chegar o tão importante momento da Primeira Comunhão Sacramental, a criança tenha mais piedade e devoção ao receber o Santíssimo Sacramento do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A comunhão espiritual é a união de amor entre a pessoa e Jesus. Mesmo que a pessoa não o receba sacramentalmente, ela deve expressar todo desejo de que Ele permaneça com ela.
Como fazer a comunhão espiritual?
Comece fazendo atos de fé, incentivando sua razão a acolher, na ação do Espírito Santo, a realidade sagrada, que é poder participar de tão grande mistério. Para isso, deixo como ajuda uma oração atribuída a Santo Afonso de Ligório:
“Meu Jesus, eu creio que vós estais no Santíssimo Sacramento. Eu vos amo sobre todas as coisas. Eu vos desejo em minha alma. E já que agora não posso receber-Vos Sacramentalmente, vinde, pelo menos, espiritualmente ao meu coração. Eu Vos abraço e me uno a Vós. Não permitais que eu me separe mais de Vós.”
Deus abençoe!
Referências:
1 Cf. Carta enc. Ecclesia de Eucharistia (17 de Abril de 2003), 456.
2 Assim, por exemplo, São Tomás de Aquino, Summa Theologiæ, III, q. 80, a. 1,2; Santa Teresa de Jesus, Caminho de perfeição, cap. 35. A doutrina foi confirmada autorizadamente pelo Concílio de Trento, Sessão XIII, cân. 8.