Talvez, o namoro seja o tempo de procura da “cara metade”, tempo de coração inquieto. Diz o Padre Kentenich que “o coração humano só está satisfeito quando encontra o que procura”.
Imagino as experiências que viveram os casais da época bíblica, já que namoro não era a maneira comum de caminhar para o casamento. Os pais, frequentemente, arranjavam os casamentos dos filhos, como, aliás, ainda hoje acontece em algumas culturas. Já pensou? Ainda bem que evoluímos também neste aspecto, pois o namoro é uma fase importantíssima pelo fato de conduzir a um aprofundamento de relações, que é o noivado e depois o casamento. Diz um ditado que “o casamento é um namoro que deu certo”.
Namoro é também uma fase de educação de sentimentos e autoconhecimento. Portanto, é uma questão de prudência avaliar, durante o namoro, o que se pretende viver durante o casamento. Em outras palavras, é no namoro que se constrói o alicerce da casa que vamos morar. Por essas e outras razões, essa etapa da vida merece muita atenção!
Se não existir namoro, como ele pode dar certo?
Aliás, “namoro” é uma palavra bem conhecida e pouco levada a sério na sua essência. Vem do verbo “enamorar-se”, ou seja, “sentir amor por alguém e inspirá-lo a alguém”. Visto que não se casa para ser feliz, mas para fazer feliz aquele que amamos, o namoro é um treinamento e tanto para isso.
O namoro é um tempo de análise?
Como você “ama aquilo que conhece”, talvez, namoro seja o tempo propício para conhecer a pessoa e seus relacionamentos sociais, intelectuais, psicológicos e, principalmente, espirituais. Afinal, todos os aspectos da vida da pessoa com a qual desejamos viver o resto da vida devem ser levados em conta e analisados à luz da verdade, não apenas pela sensibilidade!
Acredito que um namoro equilibrado e maduro seja aquele que não descarta a possibilidade de um término, uma vez que se trata de um tempo de descobertas. Acertar na vontade de Deus é a maior descoberta em nossa vida! Para chegarmos a ela, é preciso fixar os olhos em Deus. Isso também se faz durante o namoro.
Se pararmos o olhar um no outro, esquecemos o resto do mundo e perdemos as oportunidades para servir e nos relacionar, o que é próprio de nossa vocação como filhos de Deus. Portanto, conscientes de nossas próprias necessidades e atentos ao comportamento e atitudes um do outro, o foco, no namoro, não deve ser o próprio casal, e sim Deus!
Jesus deu a dica quando disse: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento” (Mt 22,37).
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Tempo de espera
O namoro, talvez, seja ainda um tempo de espera. Isso mesmo: espera! Não é porque amamos a pessoa que está ao nosso lado e nos identificamos com ela, que podemos viver tudo que nossa carne deseja. Aliás, é nessa hora que mais precisamos saber esperar.
Veja o que sabiamente disse o Papa João Paulo II aos jovens das Ilhas Maurícias em outubro de 1989: “Numa sociedade em que os slogans publicitários repetem sem cessar as palavras “instantâneo” e “imediatamente”, e em que queremos ter tudo e já. Vejam bem: é preciso tempo para edificar a relação interpessoal de marido e mulher; além disso, o teste do amor é o compromisso duradouro”.
Um tempo onde, por amor, aprende-se a esperar um ao outro.