O casamento, a família de modo especial, é uma escola de amor, porque a convivência diária obriga a acolher os outros com respeito, diálogo, compreensão, tolerância e paciência. Esse exercício forte de vivência das virtudes faz cada um crescer como pessoa humana. Na família, Deus nos ensina a amar e nos dá a oportunidade de sermos amados.
A harmonia conjugal é atingida quando o casal, na vivência do amor, supera-se a si mesmo e harmoniza as suas qualidades numa união sólida e profunda. Quando isso ocorre, cada um passa a ser enriquecido pelas qualidades do outro. Há, então, como que uma transfusão de dons entre ambos. Mas para isso é preciso que o casal chegue à unidade, superando as falsidades, infantilidades, mentiras e infidelidades. Para chegar a esse ponto, é necessário olhar para o outro com muita seriedade, respeito e atenção.
A decisão para uma boa harmonia conjugal
Ninguém é obrigado a se casar e a constituir uma família, mas se tomamos esta decisão, então devemos “casar pra valer”, com toda responsabilidade. Aquela pessoa com quem decidimos casar é a “escolhida” entre todos os homens ou mulheres que conhecemos; e, portanto, como o(a) eleito(a), devemos ter-lhe em alta conta, como a “pessoa especial” na nossa vida, merecedora de toda atenção e respeito.
É lamentável que, entre muitos casais, com o passar do tempo e com a rotina do dia a dia, a atenção com o outro, e, pior ainda, o respeito, se acabam. Não tem lógica, por exemplo, que um ofenda o outro com palavras pesadas, que provoquem ressentimentos; não tem cabimento que o marido fique falando mal da esposa para os outros, criticando-a para terceiros. Isso também é infidelidade, pois essa não acontece somente no campo sexual.
A admiração não pode ser esquecida
Por outro lado, é preciso cuidar para que a atenção, o carinho para com o outro não diminua. É importante manter acesa a chama do desejo de agradar o outro. São nos detalhes que, muitas vezes, isso se manifesta. Qual é a roupa que ela gosta que eu vista? Qual é o corte de cabelo que ele gosta? Qual é a moda que ele gosta? Qual é a comida que ele gosta? Quais são os móveis que ela gosta? Qual é o carro que ela prefere? Qual é o lazer que ele gosta? Enfim, a preocupação em alegrar o outro, sem cair no exagero, é claro, é o que mantém a comunhão de vida.
Isso não quer dizer que o amor conjugal deva ser um egoísmo a dois. Como dizia Exupéry, “amar não é olhar um para o outro, mas é olhar ambos na mesma direção”. Isto é, o casal não pode parar em si mesmo, ele tem grandes tarefas pela frente: os filhos, a ajuda aos outros, a vida na Igreja etc. Importa olhar na mesma direção e caminhar juntos.
Leia mais:
.: Cleto Coelho e Carla Astuti dizem como é a vida de casado
.: Somente com o amor é possível construir uma vida a dois
.: 10 dicas para viver bem um relacionamento
.: Fidelidade conjugal nasce da simplicidade da partilha a dois
Para que a harmonia aconteça na vida do casal, dia a dia, ele deverá rejeitar tudo que possa desuni-lo: brigas e palavras ofensivas, comparações com a vida e atitudes dos outros casais, desentendimentos com a família do cônjuge, inveja e ciúme do outro, desentendimento no uso do dinheiro, reclamações, negativismo, apego exagerado aos pais, mau humor, embirração, enfim, tudo o que azeda o relacionamento.
Para que a harmonia aconteça é preciso conhecer o outro. Cada um de nós é um mistério insondável, único e irrepetível. Somos indivíduos. Não haverá dois iguais a você na face da terra nem na história dos homens, mesmo que chegue ao absurdo da clonagem do ser humano. Cada um de nós é insubstituível, e isso nos mostra o quanto somos importantes para Deus.
Quando nos casamos, recebemos o outro das mãos de Deus e da família, como um presente ímpar, singular, sem igual. Deve-se, portanto, ser cuidado com o máximo cuidado para sempre.
É fundamental para a vida do casal que cada um conheça a história do outro: a sua vida, o seu passado, a realidade familiar de onde veio etc., para poder compreendê-lo, ajudá-lo, amá-lo e perdoá-lo. Ninguém ama a quem não conhece.
Trecho extraído do livro “Família, santuário da vida”, do professor Felipe Aquino