Milagres

Qual é a relação entre o dia do enfermo e Nossa Senhora de Lourdes?

A menina Bernadete Soubirous, francesa, muito simples e quase sem saber ler, no dia 11 de fevereiro de 1858, foi com uma irmã e uma vizinha lenhar perto de Massabielle. Ouviu um barulho entre as árvores e teve a visão de Nossa Senhora, vestida de branco, com uma faixa azul e sorridente. Rezou o Terço que carregava sempre consigo. A aparição se repetiu no dia 18 de fevereiro. Nossa Senhora pediu que Bernadete voltasse ali por 15 dias e lhe disse: “Não lhe prometo a felicidade neste mundo, mas no outro”.

No dia 25 de fevereiro, Nossa Senhora convidou Bernadete a beber numa fonte, indicando-lhe o lugar. Começou a verter água, que se tornou a fonte milagrosa de Lourdes. Nossa Senhora revelou à menina o seu nome: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Há quatro anos, em 1854, Pio IX tinha proclamado esse dogma.

Os milagres da fonte milagrosa

Entre os grandes milagres que aconteceram em Lourdes, um dos mais impressionantes, se deu na presença do Dr. Alexis Carrell que, mais tarde, ganhou o prêmio Nobel de Medicina. Foi a cura da jovem Marie Bailly, que estava desenganada. Carrell se converteu à fé católica, depois de estudar a inexplicável cura que tinha presenciado.

Em 1902, a convite de um amigo médico, o Dr. Carrell aceitou ir a Lourdes para ajudar a cuidar de pacientes doentes que eram transportados por trem de Lyon até Lourdes. Ele era ateu e queria comprovar pessoalmente a falsidade dos supostos milagres, mas acabou presenciando um deles. No trem, ele encontrou a jovem Marie Bailly, que sofria de peritonite tuberculosa aguda. Seu abdômen estava consideravelmente distendido, com grandes massas duras. Marie estava apenas parcialmente consciente. Carrell acreditava que ela morreria muito rapidamente depois de chegar a Lourdes, ou até antes. No entanto, quando lavaram o abdômen da jovem, com a água de Lourdes, três vezes, Marie se recuperou rapidamente aos olhos do Dr. Alex.

Qual a relação entre o dia do enfermo e Nossa Senhora de Lourdes

Foto Ilustrativa: rparys by Getty Images / cancaonova.com

Seu estômago começou a se achatar e seu pulso voltou ao normal. Marie, pouco depois, se sentou na cama, jantou e, no dia seguinte, saiu da cama sozinha e se vestiu. Embarcou no trem, sentou-se em um dos bancos duros e chegou a Lyon revigorada. Depois desse tempo, Marie se juntou às Irmãs da Caridade para trabalhar com os doentes e os pobres em uma vida bastante árdua. Ela faleceu em 1937, aos 58 anos.

Curas sem explicações científicas

Como Dr. Carrel temia, a sua defesa da cura milagrosa de Bailly causou o fim da sua carreira na Faculdade de Medicina de Lyon. Ele se transferiu para a Universidade de Chicago e, depois, para a Universidade Rockefeller. Graças ao seu trabalho em anastomose vascular, Carrel recebeu o Prêmio Nobel de Medicina de 1912. Ele voltou muitas vezes à Lourdes, e, em uma das ocasiões, testemunhou um segundo milagre: a cura instantânea de um menino cego de 18 meses. Por fim, ele anunciou publicamente que acreditava em Deus, na imortalidade da alma e nos ensinamentos da Igreja Católica.

Nesses 164 anos foram confirmados 70 milagres e mais de 7.000 curas sem explicações científicas, pelo Departamento Médico Internacional de Lourdes.

O mais recente caso de milagre confirmado é o da irmã Bernadette Moriau, uma religiosa francesa de 80 anos de idade. Ela não conseguia andar sem ajuda. Em 2008 ela foi a Lourdes e pouco tempo depois estava curada, enquanto fazia adoração ao Santíssimo Sacramento. Depois de 8 anos de estudos e análises, os médicos e cientistas reconheceram, em novembro de 2016, que a sua cura é cientificamente inexplicável. A confirmação do milagre foi tornada pública em 11 de fevereiro de 2018, festa de Nossa Senhora de Lourdes e Dia Mundial dos Enfermos.

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O milagre da irmã Luigina Traverso

O primeiro caso de milagre confirmado, em Lourdes, foi a cura de Catherine Latapie, ocorrida poucos dias depois da primeira aparição de Nossa Senhora em Massabielle.

Outro caso que muito impressionou a Comissão Médica Internacional de Lourdes foi o da religiosa Luigina Traverso, que foi curada repentinamente de uma lombociática incapacitante de meningocele, no dia 23 de julho de 1965, após anos de tratamento médico e várias cirurgias sem resultado.

Em 23 de julho de 1965, na passagem do Santíssimo Sacramento durante a celebração eucarística, a irmã Luigina relata ter experimentado um forte calor e bem-estar, acompanhado pelo “desejo de ficar de pé” – o que era impossível para ela. De repente, ela recuperou o movimento dos pés e deixou de sentir dor. Em 24 de julho, a religiosa caminhou sem ajuda alguma até a gruta de Lourdes para agradecer a Nossa Senhora. O milagre foi tornado público só em 2012.

Quais acontecimentos são considerados milagres?

Para a Igreja confirmar um milagre em Lourdes, ela submete a análise de cada caso a uma série de análises científicas a cargo da Comissão Médica, que aplica a mesma metodologia usada na investigação científica. O Departamento Médico de Lourdes é formado por cerca de 20 médicos e cientistas. Seus registros estão abertos a qualquer médico ou cientista que queira fazer a própria investigação particular ou contestar qualquer caso específico reconhecido como milagroso.

Há sete critérios a serem atendidos para a confirmação de um milagre. O Papa Bento XIV (1740-1758), detalhou esses critérios na Bula “De servorum beatificatione et beatorum canonizatione” (“A beatificação dos servos de Deus e a canonização dos beatos”):

1 – A doença deve ter características de gravidade, com prognóstico negativo.
2 – O diagnóstico real da doença deve ser certo e preciso.
3 – A doença deve ser apenas orgânica.
4 – Eventual tratamento não pode ter favorecido o processo de cura.
5 – A cura deve ser repentina, inesperada e instantânea.
6 – A retomada da normalidade deve ser completa (e sem convalescência).
7 – A cura deve ser duradoura (sem recaída).

Por tudo isso, vemos a misericórdia de Nossa Senhora com seus filhos enfermos e, por outro lado, a seriedade da Igreja em confirmar os casos de verdadeiros milagres. Por isso, o dia 11 de fevereiro é considerado o Dia do Enfermo.

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Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino