Dia 4 de outubro é o dia de São Francisco de Assis, considerado protetor dos animais e padroeiro da ecologia. Nascido na Úmbria (perto de Assis), Itália, em 1182, seu nome era Francisco Bernardone. Filho de um rico comerciante de tecidos, teve uma adolescência fútil, vivendo na companhia de boêmios e, por isso, aos 20 anos, foi aprisionado. Depois de liberto, gradativamente foi sentindo desinteresse pela vida mundana, converteu-se e abraçou a pobreza de vida.
Por ser um jovem de alma sensível, cheio de amor pelos pobres e por Deus, soube ver o rosto de Deus espelhado na natureza, não apenas nos animais, mas em tudo que Deus criou. Essa é uma lição que precisamos aprender com São Francisco: encantar-se com tudo que Deus criou, com toda a beleza, harmonia e perfeição. Dar glória e louvor a Deus pela criação. Rezamos na Missa: “O Céu e a Terra proclamam a Vossa glória”.
“Tudo o que criastes proclama a Vossa glória”. O salmista canta com alegria: “Os Céus cantam a glória de Deus, e o firmamento proclama a obra de suas mãos” (Sl 18,1). Assim, este grande santo viveu toda a sua vida de oração, meditação e louvor a Deus, contemplando a Sua obra, desde a menor formiguinha até o astro sol. No seu belo canto ao “irmão Sol com irmã Luz”, ele chama o sol e a luz de irmãos, filhos do mesmo Pai. “Irmã flor, que mal se abriu, fala do amor que não tem fim. Água irmã que nos refaz e sai do chão cantando assim: aleluia!”.
São Francisco era um irmão universal
São Francisco foi admirado pela sua bondade com todos os seres vivos. Coube a ele, em 1223, a ideia da criação do primeiro Presépio com animais vivos, no dia de Natal, uma tradição que permanece viva até hoje. Assim, ele quis homenagear o Criador naquela criança divina.
Francisco era um irmão universal. Não só dos animais e dos vegetais, do cosmos e das estrelas, mas também de todos os homens, mulheres e crianças, e especialmente os pequenos, pobres e doentes. Não existiu homem que fosse estranho ao seu coração: leprosos, bandoleiros, nobres ou plebeus; todos eram seus irmãos. Ninguém como ele irmanou-se tanto com o universo.
Francisco e os animais
Há muitas histórias de São Francisco com os animais. Uma das histórias sobre o Santo diz que bandos de andorinhas o seguiam continuamente formando uma cruz e que, em uma ocasião, na qual ele ia pregar em Alvino, disse: “Irmãs andorinhas, agora eu tenho que falar comigo.”
Em outra ocasião, ele amansou um lobo selvagem dizendo: “Venha aqui, irmão Lobo, mando-te da parte de Cristo, que não faças nenhum mal a mim nem a ninguém”. E quando estava no monte rezando, um pássaro lhe avisou que era a hora da oração da meia-noite. Eu penso que essa seja uma boa oportunidade para aprender o que a Igreja ensina sobre os animais. Papa Bento XVI disse, certa vez, que “a existência dos animais se limitava à sua vida na terra”, uma vez que eles não têm uma alma imortal, criada à imagem e semelhança de Deus, como a nossa alma.
O Catecismo da Igreja ensina
§2416 – “Os animais são as criaturas de Deus que os envolve com a sua solicitude providencial. Pela sua simples existência, eles o bendizem e lhe dão glória. Também a eles os homens devem carinho. Lembremos com que delicadeza os santos como São Francisco de Assis ou São Filipe Neri tratavam os animais”.
§2417 – “Deus confiou os animais à administração daquele que criou à sua imagem. É, portanto, legítimo servir-se dos animais para a alimentação e a confecção das vestes. Podem ser domesticados para ajudarem o homem em seus trabalhos e lazeres. Se permanecerem dentro dos limites razoáveis, os experimentos médicos e científicos em animais são práticas moralmente admissíveis, pois contribuem para curar ou poupar vidas humanas”.
§2418 – “É contrário à dignidade humana fazer os animais sofrerem inutilmente e desperdiçar suas vidas. É igualmente indigno gastar com eles o que deveria, prioritariamente, aliviar a miséria dos homens. Pode-se amar os animais, porém, não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas”.
Leia mais:
.:Conheça as características de Santa Teresa de Calcutá
.:Aprendendo a ser missionário com Santa Teresinha
.:A Palavra de Deus assusta você?
.:Como aconteceu o processo de conversão de São Paulo?
Francisco também era pregador
Falando sobre os animais, Papa Francisco disse: “Devemos estar atentos e não confundir a piedade com comiseração, que é uma emoção superficial. Quantas vezes vemos pessoas que cuidam de cães e gatos, mas depois não ajudam os seus vizinhos que estão com fome? Não podemos professar compaixão pelos animais se somos indiferentes ao sofrimento do próximo”.
Não devemos pensar que São Francisco tivesse apenas preocupação com os animais e com a natureza. Sua preocupação era muito maior em salvar almas para Deus. Em 1207, aos 26 anos, entrou na igreja de São Damião, que estava praticamente arruinada; ao ver a imagem do Cristo, sentiu que Jesus lhe falou: “Francisco, restaura minha casa decadente”. Levado pelo susto, foi para a loja do pai, onde vendeu toda a mercadoria para restaurar a igreja; ao ver o que fazia, o pai o deserdou.
Esse chamado de Jesus foi para ele restaurar não a igrejinha de São Damião, e sim a Instituição Igreja, que sofre com os pecados dos Seus filhos. E ele soube atender esse pedido de Jesus fundando a grande congregação franciscana, com três segmentos, sendo uma das maiores da Igreja. Sua vida era de pregador, chamando as pessoas à conversão.
Francisco, com mais onze companheiros, tornou-se um grande pregador, viajando por vários países como Marrocos, Egito e Israel. Era comum vê-lo pregar e, ao seu redor, vários pássaros e animais se juntavam a ele. Em 1212, juntamente com Santa Clara, fundou a “Ordem Franciscana das damas pobres”. A partir de então, o movimento começou a crescer, chegando à Inglaterra e a toda Europa. Em 1979, o Papa João Paulo II proclamou-o santo patrono dos ecologistas.
Oração
Uma das orações mais belas que conheço foi composta por São Francisco, e vale a pena recordá-la e meditar suas palavras:
Senhor, faça-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor,
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvida, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado,
Compreender que ser compreendido,
Amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se nasce para a vida eterna.