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Lições de um jovem para a santidade

As virtudes de São Gabriel da Virgem Dolorosa

São Gabriel da Virgem Dolorosa, cuja memória celebramos em 27 de fevereiro, é um referencial que todos os jovens contemporâneos deveriam conhecer. Assim como Santa Teresinha do Menino Jesus, este santo morreu muito jovem, aos 24 anos, mas sua vida profundamente virtuosa e exemplar, ainda que breve, serve como bússola para quem busca sentido para uma vida frutuosa.

Créditos: cancaonova.com

Vale a pena acompanhar mais de perto a vida deste jovem santo para aprendermos como ele reagia frente a cada exigência da vida. São Gabriel era seu nome religioso; o de batismo, Francisco Possenti. Nascido em 1838, em Assis, Francisco teve uma infância bem cuidada, com espiritualidade e atenção ao caráter, o que faz muita diferença. É como a boa semente que germina no tempo devido e dá muitos frutos.

Os fundamentos da fé de Francisco

Veja o testemunho dos irmãos no Processo da beatificação do Servo de Deus: “Nós fomos educados com o máximo cuidado, no que diz respeito à piedade e à instrução. Nossa mãe era piedosíssima e nos educou segundo as máximas da nossa santa Religião”.

Nos braços e sobre os joelhos de uma mãe profundamente religiosa, o pequeno Francisco aprendeu os rudimentos da vida cristã e a pronunciar os santos nomes de Jesus e Maria. Do pai, o próprio Francisco disse ao seu diretor espiritual: “Meu pai tinha por costume levantar-se bem cedo, dedicava uma hora à oração e meditação. Terminadas estas, ia à igreja assistir à santa Missa e levava consigo os filhos que não fossem impedidos. Finda a Santa Missa, metia-se ao trabalho. À noite, reunia seus filhos e dava-lhes sábios conselhos e úteis exortações. Falava-lhes dos deveres para com Deus, do respeito devido à autoridade paternal e do perigo das más companhias.

Francisco, um jovem entre a obediência e a vaidade

Não só da espiritualidade, mas também do caráter eram os cuidados recebidos naquela família. Seu pai não era daqueles que desculpam os caprichos de seus filhos, sem pensar que mais tarde teriam de pagar bem caro esta condescendência e fraqueza. Francisco era obediente e respeitava o pai, o que não o impedia de demonstrar seu descontentamento e raiva. Mas logo voltava às boas e pedia perdão.

Com os irmãos, era o anjo da paz, sempre pronto para desculpar e defendê-los. Não suportava a injúria, contra si ou contra um dos seus. Com a maior facilidade se desfazia de objetos de certo valor que ganhasse. Naquela casa se encontrava amor, firmeza e presença.

Apesar de piedoso, Francisco, no verdor dos anos, revelava-se um tanto inconstante, volúvel e irascível. Era, ao mesmo tempo, vaidoso, querendo se trajar sempre com esmero e conforme a moda. Frequentava as reuniões joviais e se entregava com ardor e entusiasmo aos divertimentos frívolos, ainda que sempre honestos. Os desafios apresentados à juventude daquele tempo continuam semelhantes, apenas com novos aspectos e nomes. Os modismos, o materialismo e o desejo desordenado de aproveitar ao máximo podem confundir os jovens na caminhada da vida.

O caminho da vida verdadeira

O que os jovens precisam aprender é que esta vida não é o fim último dessa caminhada, mas sim um meio para alcançar a vida verdadeira, a eterna. Os jovens precisam aprender a distinguir aquilo que traz o selo do eterno e, portanto, tem valor real, daquilo que pode conferir um grande prazer imediato, mas é passageiro e efêmero. Para isso, contribuirão uma vida de oração e a frequência aos sacramentos.

Com Francisco, a frequente recepção da santa comunhão preservou-o de graves desvios no meio das tentações do mundo, ajudando-o na distinção entre efêmero e eterno. Aprender a fazer essa distinção diz muito sobre o amadurecimento do jovem, e assim ocorreu com Gabriel. “Muitas vezes” – diz quem bem o conhecia – “Possenti sentiu o chamado de Deus, de deixar a vida no mundo e trocá-la pelo estado religioso”. Seu diretor, Pe. Norberto, Passionista, declara: “A vocação, se bem que descuidada e sufocada, estava nele havia muito tempo e ele a sentiu desde os mais tenros anos”.

A voz da virgem e a confirmação da vocação de São Gabriel

A vida também vai dando seus sinais, apontando aquilo que tem valor verdadeiro. No caso de São Gabriel, dois fatos chamam a atenção. Primeiro, na prática de uma de suas paixões, a caça, o fuzil disparou e o projétil passou-lhe rente à testa, pouco faltando para lhe rebentar o crânio. Francisco, reconhecendo logo a providência deste aviso, renovou sua promessa de entregar sua vida a Deus. Mas logo arrefeceu de seus propósitos.

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Em segundo lugar, Maria Luísa, sua irmã 9 anos mais velha, a quem ele era muito ligado, faleceu de cólera, e isso o abalou tanto que ficou deprimido. Depois, quis novamente entrar para a vida religiosa. Mas seu pai o dissuadiu. Essa entrega só se concretizou depois que, em frente à imagem da Virgem Maria, pareceu-lhe ouvi-la dizendo: “Francisco, o mundo não é para ti; a vida no convento te espera”. Para um bom discernimento, procurou o conselho de pessoas maduras e sábias, e todos confirmaram a vocação.

São Gabriel da Virgem Dolorosa, um exemplo de amor a Cristo crucificado

Entrando para os Passionistas, em 21 de setembro de 1856, recebeu o hábito com o nome de Gabriel dell’Addolorata. Chamava a atenção de todos o seu amor a Jesus Crucificado, à Eucaristia e a Nossa Senhora das Dores. Aos 23 anos, apareceram os primeiros sintomas da tuberculose pulmonar que o levaria ao túmulo.

Momentos antes da morte, o agonizante, que parecia dormir, de repente, todo sorridente, como que tomado de uma grande comoção diante de uma visão impressionante, deu um profundo suspiro de afeto e, nesta atitude, sempre sorridente, com as mãos apertando as imagens do crucifixo e da Mater Dolorosa, passou desta vida para a outra. Que São Gabriel interceda por nós e nos ajude no caminho rumo à eternidade!

Edvânia Eleutério
Missionária Núcleo da Comunidade Canção Nova