Parte I

Reflita sobre a diferença entre a Igreja Universal e Igreja Particular

A Igreja Universal

Caro internauta, basta aprofundarmos um pouco mais nos documentos produzidos pelos Papas, Bispos ou Conferências Episcopais para entramos em contato com a expressão “Igreja Universal” e “Igreja Particular”.

Você saberia responder, à queima roupa, o que essas expressões significam?

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Foto Ilustrativa: Arquivo CN/cancaonova.com

Com base no documento “Communionis Notio”, escrito no ano de 1992 pela Congregação para a Doutrina da Fé e assinado pelo seu prefeito, o então cardeal Joseph Ratzinger, e na Constituição Apostólica “Pastor Bonus” do Papa São João Paulo II, proponho-me a fazer um pequeno aceno para o significado dessas duas expressões tão citadas nos documentos eclesiais.

Qual o significado da palavra “koinonía”?

Antes de entramos no conceito de cada uma dessas expressões, é importante que entendamos melhor o significado da palavra “comunhão”, em grego, “koinonía”. Essa palavra está profundamente marcada e presente no coração e na história da Igreja Católica.

Dentro do contexto dos ensinamentos bíblicos e da tradição dos Padres da Igreja, “comunhão” implica sempre uma dupla dimensão: vertical (comunhão com Deus) e horizontal (comunhão entre os homens). Sob a ótica cristã, ela deve ser entendida, antes de tudo, como um dom de Deus e fruto da iniciativa divina.

Por meio de Cristo, estabeleceu-se uma nova relação entre o homem e Deus. Essa comunhão é, ao mesmo tempo, invisível e visível. No seu aspecto invisível, trata-se da comunhão de cada homem com a Trindade Divina e com os demais homens, coparticipantes na natureza divina. Já, no seu aspecto visível, tem-se a comunhão na doutrina dos Apóstolos, nos sacramentos e na ordem hierárquica da Igreja.

O Pastor da Igreja universal

A Igreja Universal é a Igreja de Cristo que, no Símbolo, confessamos una, santa, católica e apostólica, ou seja, a universal comunidade dos discípulos do Senhor. Essa universalidade da Igreja ultrapassa tempo e espaço.

O Romano Pontífice, quer dizer, o sucessor de Pedro, é aquele que exerce o poder supremo, pleno e imediato sobre a Igreja Universal. Ele se serve dos Dicastérios da Cúria Romana que, em seu nome e com sua autoridade, trabalham para o bem de todas as Igrejas locais.

Cabe a esse Sumo Pontífice, o Pastor da Igreja Universal, encontrar-se para o diálogo com os demais Pastores das Igrejas locais, os quais vêm a Ele para ver não a um homem, e sim “ver a Pedro” e, com Ele, tratar pessoalmente acerca dos problemas das próprias dioceses.

Dessa forma, o bispo da Igreja de Roma, é a cabeça do colégio dos bispos, vigário de Cristo e pastor da Igreja Universal neste mundo, haja vista que foi o próprio Senhor que fez de Pedro o fundamento visível da sua Igreja e deu a ele suas chaves.

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A Igreja Universal possui uma multiplicidade

Bento XVI, na homilia da Santa Missa, por ocasião da Solenidade de Pentecostes de 2008, recorda a todos os fiéis que a Igreja Universal nasce no Pentecostes. Nesse evento, torna-se evidente que Igreja comporta múltiplas línguas e diferentes culturas. Toda essa multiplicidade pode compreender-se e fecundar-se reciprocamente na fé.

Nesta oportunidade, o Papa ainda afirmou que “São Lucas quer claramente transmitir uma ideia fundamental, ou seja, que no próprio ato do seu nascimento a Igreja já é ‘católica’, universal. Ela fala desde o início todas as línguas, porque o Evangelho que lhe é confiado, está destinado a todos os povos […]” (cf. Mt 28, 19).

É dessa Igreja Universal, fundada pelo próprio Jesus, que nascem as comunidades e dela participam todas as outras comunidades em todas as regiões do mundo, portanto, as Igrejas particulares são, todas e sempre, realizações da una e única Igreja de Cristo. Essa universalidade da Igreja torna-se presente e operante na particularidade e diversidade das pessoas, grupos, tempos e lugares com todos os seus elementos essenciais.

Contudo, a Igreja Universal (católica) não é uma federação de Igrejas

É de extrema importância que a Igreja Universal não seja concebida como a soma das Igrejas particulares, nem como uma aliança entre essas Igrejas. Assim, ela não é simplesmente o resultado da comunhão das Igrejas particulares. Pensar dessa forma enfraqueceria a concepção da Igreja Universal (católica), sob o plano visível e institucional.

A história, aliás, demonstra que, “quando uma Igreja particular procurou alcançar a sua própria autossuficiência, debilitando a sua real comunhão com a Igreja universal e com o seu centro vital e visível, enfraqueceu também a sua unidade interna e, além disso, viu-se em perigo de perder a própria liberdade perante as mais diversas forças de sujeição e de exploração”.

Essa comunhão comporta uma solidariedade espiritual entre todos os membros da Igreja, os vivos e os mortos, deste tempo e de todos os outros tempos e lugares. Portanto, dizer que a Igreja é Universal é dizer que a vida de cada um dos filhos de Deus se acha unida por um laço admirável à vida de todos os outros irmãos cristãos, nesta sobrenatural unidade do Corpo Místico de Cristo, como numa única pessoa mística.

No próximo artigo, trataremos um pouco mais acerca da Igreja particular, convidada, aliás, a se tornar a “casa e escola de comunhão”.

Deus abençoe você e até a próxima!