A pastoral familiar deve se preocupar, acima de tudo, com a vida espiritual do casal, colocando, de maneira clara e profunda, o “Querigma”, o anúncio de Jesus Cristo como o único Salvador. “Não nos foi dado outro Nome embaixo do Céu no qual tenhamos salvação” (At 4,12). Jesus deve estar no coração da família.
O casal deve ser levado a compreender que o matrimônio é um «dom» do Senhor (cf. 1 Cor 7, 7) que deve ser bem cuidado. A carta aos hebreus diz aos casais: “Seja o matrimônio honrado por todos e imaculado o leito conjugal” (Heb 13,4). Esse dom de Deus inclui a sexualidade, expressão do amor conjugal e geração dos filhos: “Não vos recuseis um ao outro, a não ser por algum tempo, de comum acordo, para vos dedicardes à oração” (1Cor 7,5).
Vivida de modo humano e santificada pelo sacramento, a união sexual é um caminho de crescimento na vida da graça para os esposos. É o “mistério nupcial”. O seu valor está no consentimento pelas quais se acolheram e doaram reciprocamente para partilhar a vida toda.
A pastoral familiar deve ser missionária
O matrimônio válido é indissolúvel: “o que Deus uniu não o separe o homem” (Mt 19,6). É possível viver isso se o casal conta com os auxílios da graça de Deus.
A família e o matrimônio foram redimidos por Cristo, restaurados à imagem da Santíssima Trindade. O seu significado pleno está na união de Cristo com a sua Igreja: “Maridos, amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5,2).
A união conjugal é sagrada, pois foi instituída por Deus para dela nascer a família, santuário da vida e célula mater da sociedade. O primeiro milagre de Jesus foi numa festa de casamento, em Caná da Galileia (Jo 2,1-11). Ele conviveu com a família de Pedro (Mt 8,14) e era amigo da família de Marta e Maria (Lc 10,38). Jesus quis entrar em nossa história pela porta da família para redimi-la. Nessa família, Ele viveu até começar a Sua vida pública.
O amor e a fidelidade vivida pela Sagrada Família de Nazaré ilumina cada família e a torna capaz de enfrentar as dificuldades da vida. Assim, cada família, mesmo na sua fragilidade, pode ser uma luz na escuridão do mundo.
A importância da família para a Igreja e para o mundo
São Paulo VI aprofundou a Doutrina sobre o matrimônio e a família. Na Encíclica Humanae vitae, destacou o vínculo inseparável entre amor conjugal e procriação: “O amor conjugal requer nos esposos uma consciência da sua missão de paternidade responsável”.
São João Paulo II na “Carta às Famílias” e na Familiaris Consortio falou da família como “caminho da Igreja”. Ele disse que o futuro da Igreja passa pela família.
Os noivos e os casais devem ser instruídos sobre a importância do sacramento do matrimônio. Jesus elevou o matrimônio a sacramento (cf. Mt 19,1-12). O sacramento do matrimônio não é uma convenção social, mas um dom para a santificação e a salvação dos esposos. O matrimônio é uma vocação, a decisão de se casar e formar uma família deve ser fruto dum discernimento vocacional.
O sacramento não é uma “coisa”, mas o próprio Cristo que vem ao encontro dos esposos cristãos. Fica com eles, dá-lhes a coragem de O seguirem, tomando sobre si a sua cruz, de se levantarem depois das quedas, de se perdoarem mutuamente, de levarem o fardo um do outro.
Leia mais:
.:Fortalecer a pastoral da preparação para o matrimônio
.:Quais os pilares para o matrimônio?
.:Você não se casou para fazer o outro feliz
.:Transforme suas frustrações no matrimônio em santidade
Uma só carne
No sacramento do matrimônio, os ministros são o homem e a mulher que se casam, os quais, ao manifestar o seu consentimento e expressá-lo na sua entrega corpórea, recebem um grande dom. O seu consentimento e a união dos seus corpos são os instrumentos da ação divina que os torna uma só carne (Gen 3,24).
Isso deve ser enfatizado sobretudo nos primeiros anos de matrimônio, por ser um período vital e delicado durante o qual os cônjuges tomam conhecimento dos desafios e do significado do matrimônio. Daí a necessidade de um acompanhamento pastoral que continue depois da celebração do sacramento.
Nessa pastoral, é muito importante a presença de casais de esposos com experiência. Na paróquia, os casais maduros podem colocar à disposição dos casais mais jovens a sua ajuda. Além disso, é importante fortalecer a espiritualidade familiar, a oração e a participação na Eucaristia dominical. As práticas devocionais e as Eucaristias celebradas para as famílias, sobretudo no aniversário de matrimônio, são boas ocasiões à evangelização através da família.
Os casais devem ser orientados a encontrar tempo para dialogar, abraçar-se sem pressa, partilhar projetos, escutar-se, olhar-se nos olhos, apreciar-se, fortalecer a relação. O ritmo frenético da sociedade e as exigência do trabalho não devem prejudicar o “prestar atenção um ao outro”. Os casais jovens ou frágeis precisam ser ajudados para parar um diante do outro, e partilhar suas experiências com coragem e amor.
Aos casais jovens, deve-se animar também a criar os seus próprios e bom hábitos, por exemplo, dar-se sempre um beijo pela manhã, benzer-se todas as noites, esperar pelo outro e recebê-lo à chegada, ter alguma saída juntos, compartilhar as tarefas domésticas. Vencer a rotina com a festa, não perder a capacidade de celebrar em família, alegrar-se e festejar as experiências belas.
Fortalecimento espiritual familiar
Os pastores devemos incentivar a confissão frequente, a direção espiritual, a participação em retiros, a oração familiar, porque “a família que reza unida permanece unida”; rezar uns pelos outros e entregar a família nas mãos do Senhor. Ao mesmo tempo, convém incentivar cada um dos cônjuges a reservar momentos de oração a sós diante de Deus. Os casais precisam ser estimulados a meditar a Palavra de Deus, fonte de vida e espiritualidade para a família. “A Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante que uma espada de dois gumes” (Hb 4,12).
A paróquia deve receber e ocupar-se com atenção dos problemas familiares ou encaminhá-las para quem possa dar ajuda. Infelizmente, muitos casais de esposos desaparecem da comunidade cristã depois do matrimônio. Uma oportunidade de trazê-los de volta, é, por exemplo, no batismo dum filho, na Primeira Comunhão, ou quando participam num funeral ou no casamento dum parente ou amigo. Outro meio é a bênção das casas ou a visita duma imagem da Virgem, que dão oportunidade para desenvolver um diálogo sobre a situação da família.
A pastoral familiar deve ser missionária, em saída, por aproximação, de casa em casa, de rua em rua, em vez de se reduzir apenas a cursos que poucos assistem.