O Papa Francisco apresentou o motu proprio sobre a catequese, intitulado Antiquum Ministerium, que significa “o antigo serviço”, em tradução direta, que estabelece o Ministério Laical de Catequista. Desde a primeira notícia da publicação do documento, já se sabia que o Papa tinha esse tema em seu coração já há alguns anos. Em 2013, em discurso aos catequistas vindos a Roma em peregrinação, por ocasião do Ano da Fé e do Congresso Internacional de Catequese, o Pontífice expressou a ideia central do Ministério de Catequista: “Ser catequista! Não trabalhar como catequista”.
Nessa mensagem, três pontos foram destacados para esclarecer o significado de recomeçar em Cristo. O primeiro ponto é a familiaridade com o Cristo. O Papa ensina que não basta o título de catequista, é preciso cultivar a presença de Deus, confiar que o Cristo nos acompanha e olha por nós. O segundo ponto é ir ao encontro do outro para levar o dom da fé. O Papa ressaltou que, o catequista recebeu um dom e deve oferecê-lo ao outro sem reservas, transmitindo tudo o que recebeu. Encerrou orientando que o catequista deve percorrer estradas, ser criativo e estar aberto às mudanças. Do contrário, o catequista fechado e enraizado, poderá ser considerado covarde, estátua de museu ou estéril, termos utilizados pelo próprio Pontífice. O Papa convida os catequistas a buscarem as periferias, os mais necessitados, confiantes de que o Cristo já está lá para nos proteger e amparar. É um convite para a missão evangelizadora (Mt 28, 18-20).
“Ser catequista! Não trabalhar como catequista”
Cinco anos mais tarde, em 2018, o Papa Francisco enviou mensagem de vídeo aos participantes no Simpósio Internacional “O Catequista, Testemunha do Mistério” promovido pelo Pontifício Conselho para a Nova Evangelização. Na mensagem, relembrou a ideia de “ser catequistas! Não trabalhar como catequistas”, momento em que surgiu expressamente o termo ministério. Disse o Pontífice: “a fim de que a vossa vocação de ser catequistas assuma cada vez mais uma forma de serviço desempenhado na comunidade cristã e que exige ser reconhecido como um verdadeiro e genuíno ministério da Igreja, do qual temos particularmente necessidade”.
O Papa Francisco pediu que o catequista não se esqueça de que sua palavra é sempre um primeiro anúncio e afirma que “a catequese é a comunicação de uma experiência e o testemunho de uma fé que acende os corações, porque introduz o desejo de encontrar Cristo”. Há a orientação de que seja obedecida a ordem com a qual a Igreja desde sempre anunciou e apresentou o querigma, que se reflete na estrutura do próprio Catecismo. O Papa também orienta sobre uma catequese fecunda e em harmonia com o conjunto da vida cristã, que encontra na liturgia e nos sacramentos a sua linfa vital.
A missão catequética
Já em janeiro de 2021, no discurso aos participantes no encontro promovido pelo Departamento Catequético Nacional da Conferência Episcopal Italiana, o Papa Francisco, novamente em três pontos, compartilhou seus ensinamentos sobre a missão catequética. Primeiro, orientou pela catequese como uma longa onda da Palavra de Deus para transmitir a alegria do Evangelho na vida, sendo também um percurso mistagógico, que prossegue em constante diálogo com a liturgia. O segundo ponto nos direciona para o desejo do Pontífice em instituir o Ministério de Catequese, preocupando-se com a obediência ao Concílio Vaticano II e a doutrina cristã. Disse o Papa: “nenhuma concessão àqueles que procuram apresentar uma catequese que não esteja de acordo com o Magistério da Igreja”. O terceiro ponto, assim como aquele de 2013, pede por um espírito de comunidade, que a mensagem cristã possa ser anunciada aos que mais dela necessitam e se encontram afastados.
Caminhando por essas mensagens e orientações do Papa Francisco, alcançamos em harmonia o dia 10 de março de 2021, com a apresentação do Motu proprio Antiquum ministerium que estabelece formalmente o Ministério Laical de Catequista. Em comunhão com tudo o que vinha expressando, o Bispo de Roma ressaltou a importância histórica da atuação catequética, relembrou o Concílio Vaticano II sobre os leigos e reforçou o pedido de uma catequese “onde for necessário”.
Motu Proprio Antiquum Ministerium
O Motu Proprio Antiquum Ministerium inicia com uma lição bíblica sobre os primeiros exemplos da atuação de catequistas na história de Igreja, citando as passagens do Evangelho de São Lucas e das Cartas de Paulo aos Coríntios. Demonstrou que “é possível reconhecer, dentro da grande tradição carismática do Novo Testamento, a presença concreta de batizados que exerceram o ministério de transmitir, de forma mais orgânica, permanente e associada com as várias circunstâncias da vida, o ensinamento dos apóstolos e dos evangelistas”.
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Catequistas: homens e mulheres ativos na comunidade cristã
No motu proprio, antes de instituir propriamente o Ministério Laical de Catequista, o Papa Francisco orienta com divina clareza e brilhantismo a missão e os dons do catequista, dessa forma: “Convém que, ao ministério instituído de Catequista, sejam chamados homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para ser solícitos comunicadores da verdade da fé, e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Christus Dominus, 14; CIC cân. 231 §1; CCEO cân. 409 §1). Requer-se que sejam colaboradores fiéis dos presbíteros e diáconos, disponíveis para exercer o ministério onde for necessário e animados por verdadeiro entusiasmo apostólico”.
Guiados pelo dom do anúncio do Evangelho, acompanhados pelo Verdadeiro Deus, que é Deus-conosco (Mt 1, 23), que nós, catequistas, possamos exercer nosso serviço em comunhão com o desejo do Sumo Pontífice, que se preocupa conosco, nos acolhe e, através de suas mensagens, lições e do Antiquum Ministerium, nos orienta para o melhor caminho a ser exercido na catequese, sempre para a salvação dos fiéis e para o bem da Igreja. Estejamos juntos na missão evangelizadora. Que assim seja!
REFERÊNCIAS
BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.
FRANCISCO. Discurso aos Catequistas vindos a Roma em peregrinação por ocasião do Ano da Fé e do Congresso Internacional de Catequese. Vaticano, 27 set. 2013.
FRANCISCO. Mensagem de vídeo aos participantes no Simpósio Internacional sobre “O Catequista, Testemunha do Mistério” promovido pelo Pontifício Conselho para a Nova Evangelização. 2018.
FRANCISCO. Discurso aos Participantes no Encontro Promovido pelo Departamento Catequético Nacional da Conferência Episcopal Italiana. Vaticano, 30 jan. 2021.
FRANCISCO. Motu Proprio Antiquum Ministerium. Vaticano, 10 mai. 2021.