No artigo anterior tratamos da estrutura, dos elementos, das partes, das funções e dos ministérios da Missa. Neste nosso terceiro artigo da série sobre a “Santa Missa”, abordaremos os aspectos dos objetos e espaços, por exemplo, o presbitério e o altar, assim como, o lugar dos fiéis, a Sagrada Eucaristia e sobre as imagens sagradas. Entenderemos um pouco mais sobre o sentido e o significado teológico desses pontos.
Como já compreendemos o valor e a beleza da Sagrada Liturgia, fica fácil entendermos que para a celebração da Santa Missa é necessário um lugar digno, decente e capaz de acolher tão grande mistério. Sendo assim, a Igreja é o lugar apropriado para isso. O uso das artes servem para deixar esse espaço mais belo e capaz de expressar, visivelmente, o que é invisível. Afirmo isso porque a Tradição acredita que, durante a Missa, os anjos ali estão e sabemos que acontece o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC), no n° 1185, fala a respeito da Igreja, dizendo que “deve ser um espaço que convide ao recolhimento e à oração silenciosa, que prolongue e interiorize a grande oração Eucarística”. O espaço celebrativo precisa ser acolhedor e um ambiente onde o fiel possa sentir-se a vontade, lugar de encontro com os
irmãos na fé e, acima de tudo, lugar de encontro com Deus.
O presbitério e o altar
O presbitério é o lugar onde ficam o bispo, o sacerdote presidente, os sacerdotes concelebrantes, os diáconos, os acólitos e os leitores, ou seja, é o espaço daqueles que estão diretamente ligados à celebração da Liturgia. Deve ser um lugar destacado do restante da nave da Igreja, um pouco mais elevado para que proporcione uma melhor visualização da assembleia e dependendo da situação uma melhor acústica. É no presbitério que fica localizado o altar, o ambão e a cadeira (cátedra) do bispo ou do sacerdote.
O altar é o centro da celebração Eucarística; é, também, a mesa do Senhor, onde acontece o Santo Sacrifício e todo o povo de Deus é convidado. Deve ser feito de material nobre, de preferência de pedra natural ou outros materiais dignos, sólidos e artisticamente trabalhados. Tudo isso porque, a Igreja, entende que Cristo é ao mesmo tempo sacerdote, altar e vítima.
O Ritual de Dedicação de um Altar, no n° 3, deixa claro: “Cristo Senhor, pelo memorial do sacrifício que, na ara (altar) da Cruz, iria oferecer ao Pai, instituindo-o sob a figura de banquete sacrificial, santificou a mesa, em torno da qual os fiéis se reuniriam, a fim de celebrar a sua Páscoa. Por conseguinte, o altar é a mesa do sacrifício e do banquete; nela o sacerdote, tornando presente o Cristo Senhor, realiza aquilo mesmo que o Senhor fez e entregou aos discípulos para que o fizessem em sua memória; o apóstolo claramente o indica ao dizer: O pão que partimos, não é a comunhão com o corpo de Cristo? Já que há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão”.
O lugar dos fiéis
O lugar dos fiéis, no espaço celebrativo, deve proporcionar com que eles participem bem da celebração e estejam acomodados. Esse espaço deve proporcionar silêncio e os levar à oração, pois, para a grande parte das pessoas, os dias são muito barulhentos e agitados, não possibilitando a interiorização. Ao entrar na Igreja, entra-se num espaço
sagrado, onde acontece a revelação de Deus. Por isso, é preciso silenciar para deixar que o próprio espaço e a celebração da Santa Missa fale ao silêncio do seu coração.
O escritor sagrado, no salmo 121, expressa: “que alegria quando me disseram: vamos à casa do Senhor”. Aqui encontra-se a importância de cada um respeitar o espaço sagrado e comum. Quando você chega a uma Igreja, você não se depara com qualquer lugar, mas com a “casa” do Senhor.
Aproveito para tratar sobre a vestimenta adequada para frequentarmos a Santa Missa e os lugares santos. O cardeal e teólogo Tomás Caetano, nos ajuda quando escreve os quatro fins do vestuário, são eles: um fim físico, como para nos proteger dos frio; um fim moral, como para nos cobrir a nudez; um fim estético, como para
termos uma boa aparência; e um fim social, mantendo a dignidade e decência de nosso estado, usando roupas apropriadas para isso.
Se refletirmos o segundo e o quarto fim, verificaremos que não podemos utilizar qualquer roupa para irmos à Missa. E sim, devemos conservar o nosso corpo; não o expor para quem não é devido e não o expor em lugar público. Assim como é com a nossa natureza, onde requer preservar a dignidade de filhos de Deus, imagem e semelhança d’Ele.
A Sagrada Eucaristia
O Catecismo da Igreja Católica, no número 1436, afirma que pela Eucaristia “são nutridos e fortificados aqueles que vivem da vida de Cristo: ‘ela é o antídoto que nos liberta de nossas faltas cotidianas e nos preserva dos pecados mortais’”. Nessa afirmação está a sacralidade e a importância espiritual que a Eucaristia possui. As partículas consagradas na Missa que não foram consumidas, são chamadas de “Santas Reservas ou Reservas Eucarísticas” e são depositadas em um lugar dignamente apropriado que a Igreja chama de: sacrário.
O sacrário deve estar em um lugar de honra na Igreja, que seja visível, adequado à oração e ornado. Junto com o sacrário sempre tem uma lâmpada que (grande parte das vezes) é vermelha e indica a presença de Jesus Eucarístico. Essas reservas servem para a comunidade em forma de viático ou comunhão de idosos e doentes. O sacrário deve ser construído de tal forma que destaque e manifeste a verdade da presença real de Cristo no santo sacramento.
As imagens sagradas
Falar das imagens sagradas é tratar de um tesouro da Tradição da Igreja Católica, por isso, o próprio Catecismo da Igreja Católica, no número 1160, traz o seguinte: “A iconografia cristã transcreve pela imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela palavra”. Muitas pessoas, principalmente as que têm maior dificuldade com a leitura da Bíblia, de certa forma, encontram a Doutrina da Igreja nas imagens, ícones e desenhos sacros. O Papa Gregório Magno fez esta afirmação: “A imagem é o livro daqueles que não sabem ler”.
A veneração das imagens, a começar pela Santa Cruz, assim como da da Bem-Aventurada Virgem Maria deve ser feita pelos fiéis na Igreja. Para isso, a Igreja pede que as imagens sejam belas e por sua beleza elevem as almas ao Céu. Essas mesmas imagens postas para a veneração, devem ser abençoadas e de preferência que não se repitam na mesma Igreja. O testemunho de São João Damasceno, acerca das imagens, pode servir também para o nosso tempo, ele afirma que a beleza e a cor das imagens estimulam a sua oração, tornando-se uma festa para os seus olhos,assim estimulando para que ele dê glória a Deus.
Que, com o decorrer destes artigos, possamos fazer uso do que estamos aprendendo para vivermos cada vez melhor a nossa fé e espiritualidade.
Deus abençoe!