Igreja

É impossível que existam dois Papas

Na história da Igreja, nunca existiram dois Papas. É impossível que existam dois Papas, porque, a figura do pontífice é um símbolo de unidade da Igreja, portanto, ele pode ser apenas um.

 

Nesse caso, trata-se especificamente do Papa Francisco, ele é o Papa a quem Bento XVI jurou obediência e fidelidade. Esse gesto do Papa Bento de interromper seu pontificado tornou-se verdadeiramente o gesto revolucionário do século, pois isso nunca havia acontecido, pelo menos nesta modalidade. O Papa Bento entendeu que a Igreja precisava de mais energia do que ele poderia dar. Portanto, deu o passo e, mais tarde, o conclave  nomeou seu sucessor. Sendo assim, o único Papa é o Papa Francisco.

Papa Bento, em sua vida privada, algumas vezes, se pronuncia sobre algumas questões da Igreja. Ele age como um Bispo Emérito que de sua sabedoria e experiência tiram suas observações e reflexões.

Negar o Papa é negar a intervenção do Espírito

O Papa é sempre fiel à Tradição, portanto, afirmar que o Papa Francisco seja contra a Tradição é uma Fake News. Enquanto ele prossegue com a tradição, há necessidade de um desenvolvimento, como dizia o santo cardeal Newman, sobre a Doutrina. Ele se insere nesse desenvolvimento e movimento porque a Tradição não é algo fixo, estático, fixado de uma vez por todas, mas é movimento, é dinâmico. Refere-se ao passado e também ao presente e ao futuro. Nesse sentido, efetivamente colocar em contraposição o Papa Francisco com a Tradição ou o Papa Bento com o Papa Francisco significa não haver um sentido de Igreja.

Por quê? Porque se somos verdadeiramente crentes, sabemos que o Papa não somos nós quem o escolhemos, é o Espírito Santo quem o escolhe. Portanto, negar que Papa Francisco seja legitimamente o bispo de Roma significa negar a intervenção do Espírito Santo na Igreja.

Certo, o Espírito Santo se serve do conclave, dos homens etc. Mas se queremos ser realmente coerentes com a nossa fé católica, devemos certamente pensar que o Espírito Santo é o sujeito transcendente da Tradição da Igreja. E, naturalmente, a comunidade, o Papa e o magistério são os imanentes, aqueles que, na história, tornam visível e credível a revelação.

Deus não precisa de cabeças vazias que são preenchidas com diversas notícias de jornais e telejornais, revistas, internet. Usemos nossa cabeça para fazer um sério discernimento das notícias que ouvimos. Aquela novidade de grande relevância dada pelos meios de comunicação social; toda voltada aos aspectos imaginários de problemas, não é o verdadeiro problema para a vida da Igreja.

Há futuro para o cristianismo?

Pois, o problema sério é o futuro do cristianismo no ocidente e fora dele. É com isso que a Igreja se preocupa; é com isso que o Magistério se preocupa, é com isso que os teólogos se preocupam. Há futuro para o cristianismo? O problema é aquele de Jesus: “O filho do homem quando voltar encontrará fé sobre a terra?”.

Dar ressonância a essas, talvez, diferentes prospectivas que se tornam expressões das diversas personalidades, culturas, formação que receberam os pontífices significa não compreender o sentido profundo do problema.

Um outro aspecto real é que os Papas sempre foram contestados. Papa Paulo VI, São João Paulo II, Papa Bento XVI, sobretudo na sua Alemanha, e também outros, isso qualquer um pode notar. Talvez, seja real que aqui tem uma forte oposição do lado de dentro, que quer atingir a autoridade do bispo de Roma, e isso é inaceitável, porque a divisão seria a grande chaga que a Igreja poderia viver. Em cada tempo as heresias e os cismas são os maiores pecados. Em contrapartida, temos de ir ao ponto de manter a Igreja unida ao sucessor de Pedro.

Existem filmes, séries televisivas que falam de dois Papas, paremos de falar de dois Papas. O Papa é único; e não basta mostrar apenas os acordos que se vê, os cumprimentos, pois são superficiais. O importante é que Papa Bento reconhece sempre a autoridade do Papa Francisco.

Um cardeal não pode ir contra o Papa porque a púrpura que ele porta significa que: até o derramamento de sangue, ele precisa ser fiel ao Bispo de Roma. Portanto, aquele extrato de púrpura, que representa o manto de púrpura que Jesus carregava em Sua Paixão, penso que recorde a todos nós a necessidade de unidade.

Autor: Giuseppe Lorizio | Teólogo na universidade Lateranense de Roma

Foto: Pontificia Universitas Lateranensis