Algumas vezes se ouve contestações ao Concílio, como se seus ensinamentos não fossem válidos ou obrigatórios. Alguns querem dizer que o Concílio foi um “rompimento com o passado da Igreja” ou abertura para outras coisas negativas na Igreja, como ao comunismo. Nada disso!
Por outro lado, outros querem usar os textos do Concílio para defender suas teses de uma “igreja democrática” nascida “do povo”, e não do Cristo; isso também está errado.
Na verdade, o Concílio Vaticano II foi uma grande bênção para a Igreja, como atestaram os papas João XXIII, Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI. João Paulo II se referiu a ele como sendo “uma primavera para a Igreja”.
Sobre a importância do Concílio Vaticano II, disse o Papa João Paulo II, em 15/10/1995:
“Na história dos Concílios, ele reveste uma fisionomia muito singular. Nos Concílios precedentes, com efeito, o tema e a ocasião da celebração tinham sido dados por particulares problemas doutrinais ou pastorais. O Concílio Ecumênico Vaticano II quis ser um momento de reflexão global da Igreja sobre si mesma e sobre as suas relações com o mundo. A essa reflexão impelia-a a necessidade de uma fidelidade cada vez maior ao seu Senhor. Mas o impulso vinha também das grandes mudanças do mundo contemporâneo, que, como “sinais dos tempos”, exigiam ser decifradas à luz da Palavra de Deus. Foi mérito de João XXIII não só ter convocado o Concílio, mas também ter-lhe dado o tom da esperança, tomando as distâncias dos “profetas de desventura” e confirmando a própria e indômita confiança na ação de Deus”.
O Concílio Vaticano II brotou do coração de Deus e sua importância é histórica para a Igreja
“Graças ao sopro do Espírito Santo, o Concílio lançou as bases de uma nova primavera da Igreja. Ele não marcou a ruptura com o passado, mas soube valorizar o patrimônio da inteira tradição eclesial para orientar os fiéis na resposta aos desafios da nossa época”.
“À distância de trinta anos, é mais do que nunca necessário retornar àquele momento de graça. Como pedi na Carta Apostólica Tertio milennio adveniente (n.36) entre os pontos de um irrenunciável exame de consciência, que deve envolver todas as componentes da Igreja, não pode deixar de haver a pergunta: quanto da mensagem conciliara passou para a vida, as instituições e o estilo da Igreja?”.
“Já no Sínodo dos Bispos de 1985 [sobre o Concílio] foi posto um análogo interrogativo. Ele continua válido ainda hoje, e obriga antes de mais a reler o Concílio, para dele recolher integralmente as indicações e assimilar o seu espírito… A história testemunha que os Concílios tiveram necessidade de tempo para produzir os seus frutos. Contudo, muito depende de nós, com a ajuda da graça de Deus” (L’Osservatore Romano, 15/10/95).
“Graças ao sopro do Espírito Santo, o Concílio lançou as bases de uma nova primavera da Igreja. Ele não marcou a ruptura com o passado, mas soube valorizar o patrimônio da inteira tradição eclesial, para orientar os fiéis na resposta aos desafios da nossa época”.
Alguém teria coragem de contestar essas palavras de São João Paulo II?
Na quinta-feira, 8 de dezembro de 2005, o Papa Bento XVI celebrou, no dia da Imaculada Conceição, os quarenta anos do encerramento do Concílio Vaticano II, o qual definiu como “o maior acontecimento eclesial do século XX” .
“Hoje podemos voltar nosso olhar com gratidão ao Concílio Vaticano II: se lemos e recebemos guiados por uma hermenêutica adequada, pode ser e será cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja” (Zenit.org – 22dez 2005).
No nome de Maria, João XXIII inaugurou o Concílio ecumênico em 11 de outubro de 1962; e, em nome da Virgem Imaculada, Paulo VI o encerrou em 8 de dezembro de 1965, recordou o Papa Bento XVI em uma aplaudida homilia.
Em 10 de novembro de 2007, o então Secretário do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, Dom Agostino Marchetto, disse que o Concílio Vaticano II é uma “síntese entre a tradição e a renovação”; e não está aberto às interpretações livres, como afirma a chamada Escola de Bologna iniciada pelo Giuseppe Alberigo.
“O Concílio Vaticano II foi um grande evento, síntese entre a tradição e a renovação que não é uma ruptura com o passado, na criação de uma nova Igreja”, indicou o Prelado em Ancona, durante um encontro sobre a Igreja Católica no século XX, nesta localidade.
Quando o Catecismo fala da infalibilidade que Jesus dotou a Igreja, ele diz:
- 891- “Goza desta infalibilidade o Pontífice Romano, chefe do Colégio dos Bispos, por força do seu cargo quando, na qualidade de pastor e doutor supremo de todos os fiéis, e encarregado de confirmar seus irmãos na fé proclama, por um ato definitivo, um ponto de doutrina que concerne à fé e aos costumes… A infalibilidade prometida à Igreja reside também no corpo episcopal quando este exerce seu magistério supremo em união com o sucessor de Pedro”, sobretudo em um Concílio Ecumênico (LG 25; Conc. Vat. I, DS 3074).
Ora, se a infalibilidade da Igreja reside no Corpo episcopal reunido em Concilio Ecumênico, como, então, alguns católicos ainda ousam levantar a voz contra este Santo Concílio?
Em 28 de outubro de 2008 o Papa Bento XVI disse:
“Estamos em dívida com o Concílio Vaticano II”, em sua Mensagem aos participantes do Congresso Internacional «O Vaticano II no Pontificado de João Paulo II», organizado pela Pontifícia Faculdade Teológica São Boaventura – Seraphicum – e pelo Instituto de Documentação e de Estudo sobre o Pontificado de João Paulo II. O Papa disse:
“Os documentos conciliares não perderam sua atualidade com o passar do tempo”, mas ao contrário, “revelam-se particularmente pertinentes em relação às novas instâncias da Igreja e da presente sociedade globalizada”.
Segundo o Papa, “todos nós somos verdadeiramente devedores deste extraordinário acontecimento eclesial”, do qual recorda que teve “a honra de participar como especialista”.
“Tornar acessível ao homem de hoje a salvação divina foi para o Papa o motivo fundamental da convocação do Concílio, e foi com esta perspectiva que os Padres trabalharam”, explica Bento XVI.
Neste sentido, o Papa elogiou a figura e obra do Papa João Paulo II, “que naquele Concílio ofereceu uma contribuição pessoal significativa como Padre conciliar, da qual se converteu depois, por vontade divina, em executor primário durante os anos de seu pontificado”.
João Paulo II “acolheu praticamente em todos os seus documentos, em suas decisões e em seu comportamento como pontífice, as instâncias fundamentais do Concílio Ecumênico Vaticano II, do qual se converteu em intérprete qualificado e testemunha coerente”, afirma.
O Concílio brotou do coração de Deus
O Concílio, acrescenta, “brotou do coração de João XXIII, mas é mais exato dizer que em último termo, como todos os grandes acontecimentos da história da Igreja, brotou do coração de Deus, de sua vontade salvífica”.
“A múltipla herança doutrinal que encontramos em suas constituições dogmáticas, nas declarações e nos decretos, estimula-nos ainda agora a aprofundar na Palavra do Senhor para aplicá-la ao hoje da Igreja, tendo muito presentes as necessidades dos homens e mulheres do mundo contemporâneo, extremamente necessitado de conhecer e experimentar a luz da esperança cristã”.
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O pontífice augura aos congressistas que se aproximem “dos documentos conciliares para buscar neles respostas satisfatórias aos muitos interrogantes de nosso tempo”, seguindo o exemplo de São Boaventura, padroeiro do Seraphicum, instituição que organizou esse congresso.
“A meta última de todas as nossas atividades deve ser a comunhão com o Deus vivo. Assim, também para os Padres do Concílio Vaticano II, o fim último de todos os elementos da renovação da Igreja foi guiar ao Deus vivo revelado em Jesus Cristo”, conclui o Papa.